Triplicaram as mortes por COVID-19 em pessoas entre 18 e 45 anos nas UTIs do Brasil

O pior momento da pandemia de COVID-19, que vive o Brasil, mostra que a nova variante do vírus encontrada em Manaus é mais contagiosa e agressiva que as anteriores, enquanto nas unidades de terapia intensiva (UTI) triplicaram o número de óbitos de pessoas entre 18 e 45 anos.

Os dados foram compilados pela Associação Brasileira de Medicina Intensiva (Amib), que analisou os números de óbitos e recuperações em 1.593 UTIs públicas e privadas do país, entre 1º de janeiro e 26 de março deste ano.

Os números coletados revelaram que o percentual de pessoas entre 18 e 45 anos que morreram após internação em UTI por COVID-19 passou de 13,1% entre setembro e novembro de 2020 para 38,5% no primeiro trimestre de 2021.

O número de pacientes com essas idades admitidos em UTIs aumentou 11%, enquanto os maiores de 80 anos caíram 27,6%.

“É uma nova pandemia, diferente da que vimos no ano passado. A nova variante não ataca um grupo específico (de idade), é mais fácil de transmitir e tem uma carga viral mais forte, causando um aumento muito grande de casos graves entre os jovens”, disse a infectologista Rosana Richtmann ao jornal El País.

Os dados corroboram que a cepa brasileira do coronavírus não tem preferência por idade, ao contrário do que acontecia no início da pandemia, quando o vírus atacava com mais força os idosos. Tanto é que no Brasil se fala em "rejuvenescimento" do vírus.

“O jovem tende a resistir mais ao isolamento, se expõe mais. Eles também demoram mais para ir ao hospital quando são afetados, porque acreditam que são mais resistentes, por isso costumam chegar com um quadro mais grave, que exige uma recuperação mais lenta ", explica Richtmann.

Isso implica que demoram mais para sair da UTI do que os idosos, pois não morrem precocemente na terapia intensiva, mas seu corpo aguenta o tratamento por mais dias à medida que encontra mais condições de melhorar.

Em geral, o aumento das infecções no país sul-americano atinge igualmente todas as faixas etárias. Porém, “como o contágio é generalizado e atinge todas as faixas etárias, o aumento do (contágio em) algumas idades em que era mais jovem acaba atraindo mais atenção”, disse Rafael Lopes, diretor do Observatório COVID-19, aos meios de comunicação.