Análise – a tentativa de golpe de estado de 15 de julho na Turquia

Porque é que o golpe aconteceu e como é que foi suprimido?

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Análise – a tentativa de golpe de estado de 15 de julho na Turquia

Esta foi talvez a primeira vez em todo o mundo, que uma nação venceu os golpistas enfrentando-os com cada um dos seus cidadãos, fossem de que religião fossem e independentemente da sua classe social ou opinião política.

Os traidores disfarçados com uniforme militar, apontaram as suas armas e os seus tanques aos cidadãos, bombardearam as pessoas com aviões de caça do estado e foram confrontados com a resistência dos cidadãos.

No dia 15 de julho, a nação turca escreveu uma lenda e gritou: “Não podem tocar na minha pátria, na minha bandeira, no presidente a quem dei o meu voto, no meu parlamento cujos membros eu elegi, na minha união e integridade, na minha crença religiosa nem no meu estilo de vida”.

Que descansem em paz os 208 filhos da pátria que caíram por esta causa.

Ao ser decifrada a vil iniciativa planeada para a madrugada de 16 de julho, a rede traidora mudou os seus planos para a noite de 15 de julho, um desastre para a nação turca.

Ao aperceber-se do plano maldoso, o jogo planeado passou a ser visível quando o presidente Recep Tayyip Erdogan avisou o povo através dos ecrãs.

Depois dos apelos do presidente e do primeiro ministro Binali Yildirim, o povo saiu às ruas em todos os cantos da pátria e não deixou passar o golpe.

Os primeiros indícios da intentona golpista tornaram-se visíveis pelas movimentações no Chefia do Estado Maior em Ancara, no dia 15 de julho pela tarde.

Foram ouvidos sons de armas na Chefia do Estado Maior e um helicóptero abriu fogo sobre os que estavam fora do complexo.

Durante horas, caças realizaram voos a baixa altitude nos céus de Ancara.

Foi aberto fogo a partir de aviões e helicópteros militares contra edifícios muito importantes, alguns locais foram bombardeados e os tanques avançaram contra o povo.

A Grande Assembleia Nacional da Turquia, o quartel da Chefia do Estado Maior, a Organização de Inteligência Nacional (MIT), a Direção de Segurança de Ancara e o Centro de Manobras Especiais da Polícia, foram bombardeados durante horas.

O Chefe do Estado Maio, Hukusi Akar, foi sequestrado pelo grupo traidor que levou a cabo a intentona golpista.

O capitão general Hulusi Akar foi estrangulado com um cinto, depois de se recusar a assinar o suposto “artigo de resolução de lei marcial”. Este artigo foi publicado ao mesmo tempo na página oficial de internet das Forças Armadas da Turquia.

No comunicado, foi dito que o exército tinha assumido o controlo do país.

Ao mesmo tempo, as pontes do Bósforo e de Fatih Sultan Mehmet, bem como o Aeroporto de Ataturk em Istambul, foram bloqueados por um grupo de soldados.

O nosso escritório da TRT (a empresa pública de rádio e televisão da Turquia), foi ocupada por um grupo de soldados.

Os golpistas aterrorizaram a TRT, entrando à força nas instalações e ameaçando o pessoal que estava de serviço. O suposto comunicado de golpe foi apresentado à força na emissão em direto.

Mas, centenas de cidadãos de todas as partes do país, saíram às ruas com bandeiras turcas e começaram a reagir contra os que levaram a cabo o golpe.

Os reais comandantes fizeram o apelo aos traidores que faziam o golpe, para que “regressassem aos seus quartéis”.

Alguns dos golpistas na TRT foram detidos e outros fugiram do inferno com o apoio da nação. Em pouco tempo, a emissão voltou ao normal.

Os serviços de informação da Turquia (MIT), anunciaram ao fim de algum tempo que a tentativa de golpe tinha sido repelida. E o Chefe do Estado Maior, o capitão Hulusi Akar, acerca do qual não se soube nada até à manhã, foi resgatado numa operação.

Entretanto, descobriu-se a ordem de lei marcial anunciada pelos soldados golpistas às tropas partidárias, através do sistema de mensagens do Estado Maior que havia sido ocupado.

A ordem foi transmitida no dia 15 de julho às 15:22 (hora da Turquia GMT+3), em 20 artigos escritos em 3 páginas.

Segundo isto, deveria ser tomado o controlo do governo às 03:00 da Turquia, com o recolher obrigatório a ser decretado às 6 da manhã.

Este suposto documento de lei marcial, enviado através do sistema de mensagens das Forças Armadas da Turquia nas unidades da Chefia do Estado Maior, foi assinado pelo líder da “Junta Para a Paz na Pátria”, o general de brigada Mehmet Partikoç e pelo coronel do Estado Maior Cemil Turhan.

Nos anexos do documento acima referido, encontram-se as Ordens de Lei Marcial, as listas de pessoal a ser nomeadas para os Tribunais de Lei Marcial e outras decisões relativas a eventuais nomeações.

Mas por que motivo foi a vil tentativa de golpe de estado iniciada na noite de 15 de julho?

O plano maldoso e altamente clandestino, acabaria por fracassar devido à denúncia de um soldado patriota que chamou a polícia dizendo “os soldados vão sair do quartel a altas horas da madrugada e vão fazer um massacre durante o golpe militar”.

Depois do plano do golpe de estado a altas horas da madrugada ter sido descoberto, o grupo de terroristas Fetullahistas (FETO) entrou em pânico e antecipou a hora do plano de ocupação.

Os maldosos saíram dos quartéis 8 horas antes do horário inicialmente previsto e foram derrotados graças às medidas da Direção de Segurança, ao Comando do I Exército, à postura firme do presidente Recep Tayyip Erdogan e à defesa da democracia pela vontade nacional.

O general de brigada golpista Semih Terzi – que tentou ocupar o Comando das Forças Especiais – foi aqui morto pelo seu ajudante de campo.

O ajudante de campo foi então martirizado pelos maldosos que acompanhavam o general de brigada Terzi.

Alguns soldados foram detidos depois do seu testemunho depois de terem sido capturados, no momento em que tentaram ocupar o Comando das Forças Especiais. Eles admitiram que foram armados e equipados na Brigada Presidencial de Guardas.

Aqui ficam algumas das expressões dos soldados golpistas, ditas durante os seus testemunhos já em detenção:

“No dia 15 de julho os soldados foram levados para a Brigada Presidencial de Guardas, no âmbito de uma manobra militar. Aqui foram equipados com camuflagem, armas e munições”.

A intentona golpista iniciada por um grupo de oficiais membros da FETO nas Forças Armadas da Turquia, acabaria por ser controlada em 22 horas, com o apoio popular. Deste incidente surgem desde logo duas conclusões:

A primeira é de que o povo nunca permitirá o controlo da sua vontade sob a ameaça da força. E a segunda é de que não se pode dizer que foi o “soldado turco” a bombardear os seus próprios cidadãos e o seu parlamento…



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