Turquia receberá 3 mil milhões de euros para os refugiados

Ministro da Turquia diz que "parceria privilegiada" ao invés de adesão plena à UE não está mais na agenda

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Turquia receberá 3 mil milhões de euros para os refugiados

A Turquia receberá 3 bilhões de euros (US$ 3,27 bilhões) da União Européia no próximo ano para serem gastos com os refugiados sírios, disse o ministro da Turquia para UE, nesta quarta-feira.

Volkan Bozkir disse que a Turquia está a negociar com a UE sobre a forma de gastar o dinheiro. "Nós queremos decidir por conta própria onde gastá-lo. Negociações estão em andamento sobre isso", disse ele em Ancara.

A Turquia é o país que mais hospeda refugiados do mundo e abriga 2,3 milhões de sírios.

Desde o início da guerra síria em 2011, a Turquia gastou em torno de 8 bilhões de euros (US$ 8,73 bilhões) com a população de refugiados, disse Bozkir. Cerca de 60.000 crianças sírias teriam nascido na Turquia e 450 mil estão sendo educadas.

Bozkir, que também atua como negociador-chefe da Turquia com a UE, advertiu que os refugiados sírios que haviam viajado para a Europa são da responsabilidade dos Estados membros da UE.

Sob um acordo fechado no mês passado, a Turquia concordou em reprimir o tráfico de refugiados do seu território para a Grécia e trazer de volta os refugiados que cruzaram suas fronteiras em troca de financiamento.

O acordo também viu sobre a questão da isenção de visto para os nacionais da Turquia entrarem na Europa. Bozkir disse que é esperado que a Turquia cumpra 72 "ajustes" antes que esta questão seja implementada.

O ministro disse que o acordo, bem como o papel chave da Turquia na economia da UE e na luta contra o terrorismo, havia regenerado as relações com a UE e a proposta da Turquia de se juntar ao bloco de 28 nações.

"Não há mudança na posição da Turquia", disse ele. "Para nós, a adesão à UE é uma questão estratégica."

Na segunda-feiria, a UE abriu um novo capítulo no processo de adesão. O Capítulo 17, que pretende trazer a Turquia em consonância com a política econômica e monetária da União Europeia, é o primeiro a ser aberto em dois anos.

Para aderir à UE, a Turquia, que solicitou a adesão em 1987, deve cumprir com 35 capítulos da reforma política. A evolução mais recente, é o 15º capítulo a ser aberto para discussão. Bozkir disse anteriormente que espera que cinco ou seis capítulos sejam abertos até o final de 2016 e que a sugestão do estatuto de "parceria privilegiada" para a Turquia, já não era uma opção. A Alemanha tinha sugerido anteriormente que a Turquia poderia adotar esse modelo em vez de adesão plena à UE.

A Turquia e a UE pretendem dobrar seu comércio para US$ 300 bilhões nos próximos dois anos, Bozkir acrescentou.

Bozkir enviou uma carta que inclui 10 acordos oficiais sobre os 72 "ajustes" para comissários da UE na terça-feira e agora está aguardando a resposta da UE.

Ele também disse que uma vez que a questão de Chipre seja resolvida, mais 13 capítulos suspensos nas negociações de adesão da Turquia podem ser abertos. A questão de Chipre continua a ser um grande obstáculo para os planos de adesão da Turquia à UE, pois vários capítulos, incluindo o capítulo sobre energia e direitos judiciais continuam bloqueados pela administração cipriota grega.
"Eu definitivamente acredito que a questão de Chipre pode ser resolvida", acrescentou Bozkir.

O ministro da UE finalizou dizendo que uma reunião será realizada com alguns países da UE sobre os refugiados sírios. "A Turquia não pode garantir o fim do afluxo de refugiados na Europa. Aqui, o tema central será se a crise na Síria vai acabar ou não", disse ele.


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