A par do crescimento da Turquia, está também a ser fortalecida a diplomacia cultural

A diplomacia cultural é a correta expressão de nós próprios, e conhecer bem o nosso interlocutor através da partilha de opiniões, pensamentos, visões do mundo, considerações estéticas, gostos e sabores. A opinião do Dr. Cemil Dogaç Ipek.

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A par do crescimento da Turquia, está também a ser fortalecida a diplomacia cultural

A diplomacia cultural, além de ser uma forma de interação mútua, é também uma catalisadora da mudança e das transformações sociais. No programa desta semana, vamos analisar as atividades da diplomacia cultural da Turquia, orientadas para a Ásia Central.

A diplomacia cultural é a correta expressão de nós próprios, e conhecer bem o nosso interlocutor através da partilha de opiniões, pensamentos, visões do mundo, considerações estéticas, gostos e sabores. A diplomacia através da cultura, que começou no início dos anos 2 000, foi importante tanto para as mudanças na Turquia, como para a mudança da perceção da Turquia no mundo.

No período da Guerra Fria, a diplomacia cultural passou a ser uma arma usada pelos blocos opostos um ao outro, e foi usada com objetivos de propaganda. Durante a Guerra Fria, marcado pela política de equilíbrios, o risco de guerra nuclear fez com que se tivesse aberto uma nova frente no campo cultural, a par com a luta ideológica. Podemos dizer que funcionou a diplomacia cultural do Ocidente, pela importância que teve na dissolução do Bloco de Leste e na desintegração da União Soviética.

A globalização, que ganhou força depois do fim da Guerra Fria, foi também importante para o crescimento da diplomacia cultural. Atualmente, quando se fala de diplomacia, aceita-se melhor a diplomacia cultural para conquistar os corações e os pensamentos.

A independência das repúblicas da Ásia Central, acrescentou uma nova dimensão à política externa da Turquia. As relações da Turquia com estes países desenvolveram-se a grande velocidade, numa base de benefícios mútuos, e assentes nos vínculos linguísticos, históricos e culturais comuns.

É possível resumir a política da Turquia para esta região, como sendo de apoio aos países independentes da Ásia Central, contribuindo para a sua estabilidade política e económica, numa base de colaboração entre si e com os seus vizinhos, e alinhada com a comunidade internacional na adoção dos valores democráticos. Com esta política, a Turquia tornou-se um parceiro importante dos países da região.

A partir de 1 992, e com o objetivo de aumentar a colaboração plena com os países que falam o idioma turco, um dos resultados mais importantes da Cimeira dos Chefes de Estados dos Países de Idioma Turco, foi a criação em 2 009 do Conselho Turco, formado pela Turquia, Azerbaijão, Cazaquistão e Quirguistão.

As atividades da diplomacia da Turquia orientadas para esta região, estão a ser intensificadas com base em ajudas culturais e educativas, e também ao nível da imprensa e do desenvolvimento. Neste sentido, um dos primeiros passos foi a criação da Organização Internacional da Cultura Turca (TURKSOY), em 1 993, para a proteção da cultura e da arte turcas, da sua religião e património histórico, bem como para apresentar ao mundo e às gerações futuras este património. Para além da Turquia, a TURKSOY é também integrada pelo Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Turquemenistão. Da organização fazem também parte a República Turca do Chipre do Norte, seis repúblicas autónomas da Federação Russa e ainda a República Autónoma de Gaguaz da Moldávia, com o estatuto de membro observador. A TURKSOY é uma instituição importante, pelo papel que tem na colaboração multidimensional na diplomacia cultural mútua.

A Turquia dá uma importância especial às atividades de educação nas suas relações com a região, e por isso criou em 1 992 o “Grande Projeto de Estudantes”, ao abrigo do qual foram alojados na Turquia centenas de estudantes das repúblicas turcas da Ásia Central. Atualmente, existe um vasto número programas de bolsas de estudo, designado no geral como “Bolsas da Turquia”. Este programa é gerido pela Presidência dos Turcos no Estrangeiro e Comunidades Relacionadas (YTB, na sua sigla em turco).

No âmbito do Programa de Bolsas dos Países que Falam Turco, que faz parte deste programa, todos os anos dezenas de estudantes são aceites nas universidades da Turquia. Para além das bolsas, a Turquia mantém também atividades educativas em Astana através do Instituto Yunus Emre, um dos elementos mais importantes da diplomacia cultural da Turquia. Este instituto desenvolve atividades para a divulgação da língua turca, e está sob a alçada do Ministério da Educação Nacional da Turquia. O Instituto Yunus Emre tem 4 centros de educação no Quirguistão e no Turquemenistão, e um no Cazaquistão e no Uzbequistão.

Outro exemplo da ajuda educativa da Turquia é a Universidade de Manas Quirguistão-Turquia, em Bisqueque, que começou a funcionar no ano letivo de 1 997 – 1 998. A Universidade Ahmet Yesevi, foi a primeira universidade comum do mundo turco, e mantém atividades de educação e ensino no seu campus no Cazaquistão. Nesta universidade, os idiomas de ensino são o turco e o cazaque. Para além destes dois idiomas, também há aulas em inglês e em russo. Nesta universidade trabalham 880 académicos, e há faculdades de Economia, História, Educação, Turcologia, Filologia de Idiomas Estrangeiros, Direito, Medicina, Ciência, Desporto, Arte, Informática e Engenharia.

Uma das atividades mais importantes orientadas à região da Ásia Central, na área da imprensa, é a Plataforma de Imprensa dos Países e Sociedades que Falam o Idioma Turco, e cuja liderança é assegurada pela Direção Geral de Imprensa e Informação da TRT. A TRT Avaz continua também a fazer emissões para a região desde 2 009, e tem como objetivo ser a voz comum do mundo turco. Este é um dos investimentos da Turquia orientados àquela região. Neste canal de televisão, para além dos idiomas cazaque, quirguiz, uzbeque e turcomano, também há emissões em idioma turco do Azerbaijão e em bósnio. As emissões em russo da Agência de Notícias Anatólia, são outros dos meios de que a Turquia dispõe para que a voz do país chegue àquela região.

A Turquia liderou a iniciativa da Aliança de Civilizações da ONU, em 2 005, e continua a liderar o projeto desde essa data. A Turquia faz também diplomacia cultural a nível global. Por outro lado, na Turquia, e para além das instituições estatais como a TIKA, o Crescente Vermelho Turco e a YTB, existem também as organizações não governamentais como o Instituto Yunus Emre e a Fundação de Investigações do Mundo Turco, que também fazem parte do quadro de instrumentos de diplomacia cultural.

Os municípios e as universidades turcas também servem de ponte entre as diversas sociedades do mundo turcófono, com as suas atividades de apoio às pessoas, no contexto da política externa turca.

No começo dos anos 2 000, a Turquia viveu uma transformação social de cima abaixo. O aumento do nível de educação, a subida do bem estar e a intensificação dos contactos com o mundo exterior, foram importantes nesta transformação. Comparando com o passado, ter passaporte turco é agora uma questão de prestígio e de honra. Aumentou o respeito, a crença e a confiança dos cidadãos turcos em si próprios e no seu estado. A par com o fortalecimento da Turquia, também se fortaleceu a diplomacia cultural.

Esta foi a opinião sobre este assunto do Dr. Cemil Dogaç Ipek, catedrático do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Ataturk



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