Dois importantes avanços no Oriente Médio: Jerusalém e as eleições no Iraque

Análise de Can ACUN, pesquisador da Fundação para Estudos em Política, Economia e Sociedade, SETA

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Dois importantes avanços no Oriente Médio: Jerusalém e as eleições no Iraque

Viveram-se dois desenvolvimentos importantes que estão intimamente relacionados com a Turquia no Oriente Médio e, de fato, com a opinião pública mundial. O primeiro; a transferência da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém e o massacre por parte de Israel dos 60 palestinos desarmados nas manifestações pacíficas, nas quais 2.770 civis foram feridos. O segundo; as eleições gerais no Iraque.

A declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, para transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém provocou reações em várias partes do mundo. Embora a maioria do Conselho de Segurança da ONU tenha aceito o projeto de lei contra a decisão mencionada, os EUA impediram a aprovação da moção usando o seu veto. Na segunda fase, o projeto apresentado na Assembleia Geral da ONU recebeu a aprovação de quase todo o mundo. Embora isso não pudesse impedir os EUA, já que as resoluções da Assembleia Geral da ONU não são vinculantes, mas como resultado o mundo se opôs a essa decisão dos EUA.

A Organização para a Cooperação Islâmica (OIC), que se reuniu com urgência a pedido da Turquia, condenou a decisão de Trump e também fez um chamado ao mundo. A inatividade da posição de quase todos ante ao veto dos EUA mostra, de fato, quão correta é a afirmação de Erdogan de que "o mundo é maior do que os cinco".

Depois de todos esses eventos, o presidente dos EUA, Donald Trump, não evitou sua decisão e mostrou a sua determinação em cumprir a profecia, segundo a qual Jerusalém se tornará a capital dos judeus, o que faz parte da crença dos evangelistas. Verdadeiramente a bancada de Trump inclui vários evangelistas. O padre enviado por Trump para a cerimônia de abertura da embaixada é conhecido com suas crenças radicais evangelistas. Enquanto a embaixada foi inaugurada pela filha e genro de Trump nos últimos dias, os palestinos organizaram manifestações pacíficas. Também os palestinos em Gaza, que é quase a maior prisão ao ar livre do mundo, realizaram manifestações pacíficas nas proximidades da fronteira com Israel. Os soldados israelenses usaram autênticas balas sem misericórdia contra os palestinos da Faixa de Gaza deixando um saldo de 60 mortos e 2.770 feridos.

Por um lado, civis palestinos foram assassinados e abriram fogo contra eles e, por outro lado, a filha e o genro de Trump tiveram o cuidado de abrir a embaixada. Se EUA acusa o Hamas, apesar de centenas de vídeos e imagens que comprovam os crimes cometidos por Israel demonstra a arrogância dos EUA sobre a questão de Israel. Uma das razões para estas posturas confortáveis da administração dos EUA é o apoio aberto de Estados árabes a Trump para proteger suas posições em vez de defender os direitos dos palestinos.

Na verdade, a Turquia promove a maior luta pelos direitos palestinos em todo o mundo, como decretou três dias de luto pela morte de palestinos e emitiram uma declaração conjunta condenando Israel no parlamento. Além disso, a Turquia convocou seus embaixadores nos EUA e em Israel e pediu o retorno do embaixador israelense na Turquia.

As eleições gerais no Iraque foram outra questão importante. Estas eleições no Iraque assumiram grande importância depois que houve uma grande luta contra o DAESH que as cidades como Mosul, Fallujah e Anbar foram destruídas no conflito e que o governo central iraquiano retomou o controle das regiões controversas como Kirkuk e Sinjar após o referendo da independência da Administração Regional do Norte do Iraque. Mas, a participação permaneceu em 44%.

As listas do primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi, o ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki, o clérigo xiita, Muqtada al-Sadr, e a lista da aliança Fatah dos grupos Hashi Shabi foram as mais destacadas. Além disso, a resolução do líder da coalizão sunita, Osama al Nujaifi, e a coalizão liderada pelo líder xiita Ammar al-Hakim também foram destaque com a sua lista de candidatos.

Enquanto a lista do ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki e a lista da aliança Fatah dos grupos Hashi Shabi foram classificados como pró-Irã, Haider al-Ibadi e Muqteda al-Sadr têm relativamente boas relações com os EUA e Arábia Saudita. De acordo com declarações do Alto Comissariado Eleitoral Independente do Iraque, a lista de Muqteda al-Sadr segue líder, seguida pela aliança Fatah dos grupos Hashi Shabi, o premiê iraquiano, Haider al-Ibadi e ex-primeiro-ministro iraquiano Nuri al Maliki.

Espera-se que a força do Irã e seu campo de influência sejam enfraquecidos na política interna do Iraque. Na verdade, não se espera que apareça na lista do governo iraquiano o ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki e da Aliança Fatah dos grupos Hashi Shabi. Embora a área de influência do Irã no Iraque enfraqueça politicamente, continuará sendo um importante ator. Prevê-se que se os grupos Hashi Shabi, segunda força armada, além do exército iraquiano,se controlem diretamente pelo Irã seja um dos grandes desafios para o futuro governo iraquiano.

Quando os resultados das eleições iraquianas são analisadas na direção da política de limitação dos EUA e Arábia Saudita ao Irã no Oriente Médio, é possível falar de alguns sucessos. De fato, o líder xiita al-Sadr Muqteda liderou um grupo de resistência armada contra os EUA há anos, agora tem relativamente melhores relações com os EUA e a Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Ibadi, assumiu o gabinete presidencial com o apoio dos EUA depois que o DAESH assumiu o controle de Mosul. Al-Ibadi, que fez visitas de alto nível na Arábia Saudita, no período recente, está disposto a trabalhar em conjunto com a Arábia Saudita e os EUA para limitar o âmbito da influência do Irã no Iraque.

Embora as eleições no Iraque sejam importantes pelo aspecto da Turquia, tem uma importância separada no contexto da luta contra o terrorismo. Espera-se que as operações militares conduzidas pelas Forças Armadas Turcas (FAS) contra a organização terrorista PKK no norte do Iraque se transformem em uma extensa operação após as eleições. Uma operação abrangente contra a presença do PKK organização terrorista dentro das fronteiras do Iraque com o apoio do governo central do Iraque será um grande passo para as relações Iraque-Turquia. Os soldados turcos, que reduziram ao nível mais baixo os atos da organização terrorista PKK dentro das fronteiras da Turquia, ao mesmo tempo possuem planos para continuar o conceito de combate contra os elementos terroristas transfronteiriços com as operações Escudo de Eufrates e Ramo de Oliveira.

Esta foi a análise de Can ACUN, pesquisador da Fundação para Estudos em Política, Economia e Sociedade, SETA



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