A impressão digital do assassino

A Análise da Atualidade por Erdal Simsek.

793841
A impressão digital do assassino

Uma muito interessante crise política e militar aconteceu no norte da Europa e nos Balcãs Ocidentais, quando Barack Obama – o ex-presidente americano – estava apenas a alguns meses de abandonar o seu cargo. Já a seguir, ficaremos a conhecer a opinião acerca deste assunto de Erdal Simsek – um membro académico do Departamento de História da Universidade Yildirim Beyzazit.

Subitamente, surgiram notícias sobre um avião de guerra ou de reconhecimento russo que violou o espaço aéreo de países membros da NATO no norte da Europa. Após este acontecimento, os Estados Unidos e a NATO emitiram fortes mensagens diplomáticas. Pouco tempo depois, os Estados Unidos começaram a enviar armas para a Europa.

Enquanto se falava sobre este incidente, um outro avião russo violou o espaço aéreo da NATO e dos países do Leste da Europa, nos Balcãs. A notícia foi reportada pelas agências noticiosas internacionais. No entanto, algumas agências de notícias receberam estas informações com algumas dúvidas, porque outras agências tinham manipulado demasiado este tipo de informações no passado. Mas uma das agências de informação mais fiáveis do mundo e a agência oficial de notícias da Turquia – a Agência Anatólia – deram a conhecer os factos pormenorizados acerca da situação.

Depois das notícias avançadas pela Agência Anatólia, nós os jornalistas que estavam a trabalhar nas questões da guerra e das relações internacionais, dissemos que os Balcãs se tornariam novamente num depósito de armas, e tivemos sérias discussões acerca desta questão tanto nos media como em grupos privados de discussão. E em resultado destas discussões, surgiu a ideia de que os Balcãs e a Europa de Leste se tornariam novamente numa zona de conflito.

Infelizmente, todos nós que temos uma média de 25 anos de experiência de jornalismo de guerra e de relações internacionais, estávamos certos. Os Estados Unidos armazenaram milhares de toneladas de armas, munições e veículos de guerra na Europa de Leste.

O anúncio deste armazenamento de armas, foi imediatamente seguido de notícias acerca de aviões russos a violar o espaço aéreo tanto da França como do Reino Unido.

Os ingleses expressaram uma forte reação relativamente a este incidente e ordenaram a tomada imediata de “Medidas Preventivas” às suas forças navais e aéreas. Desde há meses que as forças navais e aéreas do Reino Unido estão em estado de alerta, para proteger o território marítimo e o espaço aéreo britânico.

À medida que o mundo ia lidando com esta questão, surgiram informações de que barcos de guerra dos Estados Unidos estavam a violar o espaço marítimo da China, ao mesmo tempo que barcos de guerra chineses violavam o espaço marítimo do Japão, que por sua vez violava o espaço marítimo da China e da Rússia. Todos estes países enviaram barcos de guerra sofisticados com as armas mais avançadas para o Mar da China, para o Mar do Japão e o para o Pacífico. Os russos tomaram uma série de medidas para proteger a fronteira terrestre adjacente a estas águas, que unem a China e o Japão.

Durante a mesma altura, aviões russos tentaram violar o espaço aéreo de países com fronteiras com o Mar Negro, e o espaço aéreo da Turquia em particular. É de notar que todos os países cujo espaço aéreo foi violado, são membros da NATO e aliados dos Estados Unidos.

Contra estes ataques dos russos, os Estados Unidos tomaram precauções no Mar Negro. A NATO propôs a criação de uma base contra a Rússia em território da Turquia. Felizmente, o líder turco Recep Tayyip Erdogan recusou esta louca recomendação. Se não o tivesse feito, a Turquia passaria a fazer parte deste jogo de loucura.

Depois destas situações, surgiram os ensaios de mísseis da Coreia do Norte que tiveram como consequência o aglomerar de tropas americanas no Mar da Coreia.

Os incidentes multiplicaram-se depois na Filipinas, no Estreito de Arakan, na batalha entre a Índia e o Paquistão e as coisas aqueceram no Oceano Índico. Os militares dos países da região passaram a estar em “alerta vermelho”.

O custo de todas estas situações de alarme é tremendamente elevado. Os contínuos custos com o alerta têm um grande peso nos orçamentos dos países. Enquanto vivemos todas estas situações, não posso deixar de me recordar do colapso do Bloco de Leste, que testemunhei enquanto jornalista. E lembrei-me também do ex-presidente russo Leonid Brejnev e do presidente americano da época, Ronald Reagan, e do seu absurdo projeto da “Guerra das Estrelas”.

Nessa altura, havia pleno emprego na economia. Quando novas tecnologias eram desenvolvidas, a redução na procura de mão de obra era como uma gota no oceano. O capital estava constantemente a ser criado.

Mas os sindicatos e outras organizações resistiram a estas mudanças e à transformação. Mas eles não conseguiram encontrar uma solução para esta conversão forçada.

Naquela época, nos dois estados mais poderosos do Ocidente, os Estados Unidos e o Reino Unido, e também na Polónia – um país crítico para o Bloco Comunista – começaram as greves. A greve lançada na Polónia por Lech Walesa - que mais tarde seria o presidente polaco – e a derrota russa no Afeganistão, fizeram com que o regime comunista entrasse em colapso na Rússia.

Margareth Thatcher, a primeiro ministro do Reino Unido – e que tinha a alcunha de Dama de Ferro – bem como o presidente Reagan dos Estados Unidos, usaram a força dos seus exércitos para furar as greves. E tiveram sucesso na sua decisão. E foi assim, que o modelo de produção de 1 947 foi abandonado e o modo de produção passou a ser dominado pela tecnologia.

Atualmente, a acumulação de capital em todo o mundo atingiu dimensões incríveis. Contra o capital japonês, americano e europeu, surgem agora a China, a Rússia, a Coreia, e para além das suas fronteiras também a Turquia surge agora com uma grande acumulação de capital. As condições atuais de mercado e as leis não são suficientes para produzir tanto capital.

O capital que renova o entendimento da produção e da partilha, parece que nos tornou em atores de uma ficção para o redesenho do mundo. As economias estatais dos Estados Unidos e dos países da União Europeia em particular, estão na bancarrota. Só a dívida pública dos Estados Unidos ronda os 20 triliões. A maior parte dos países membros da UE, com a exceção da Alemanha, estão falidos ou à beira da bancarrota. No entanto, o capital tornou-se mais poderoso do que os estados.

Eu espero que a transição para um novo método de produção e consumo se possa fazer sem prejuízos para ninguém. Se assim não for, as impressões digitais do assassino vão aparecer antes do crime ser cometido.

Esta é a opinião acerca deste assunto de Erdal Simsek, um membro académico do Departamento de História da Universidade Yildirim Beyzazit.



Notícias relacionadas