Um perigo no horizonte para o Ocidente: os combatentes terroristas estrangeiros do PYD/YPG

A análise de Cemil Dogaç Ipek, investigador de Relações Internacionais na Universidade Ataturk.

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Um perigo no horizonte para o Ocidente: os combatentes terroristas estrangeiros do PYD/YPG

Existe um número muito sério de combatentes terroristas estrangeiros originários de países ocidentais, no seio do PYD/YPG – o braço sírio da organização terrorista PKK. Esta semana, iremos analisar a questão dos combatentes terroristas estrangeiros (CTE), que fazem parte da estrutura da organização terrorista PYD/YPG.

O conceito de combatente terrorista estrangeiro tornou-se um tema da agenda da atualidade, depois da rápida expansão do DAESH na Síria e no Iraque em 2 014. O convite do DAESH apelando a todos os seus simpatizantes em todo o mundo, para virem combater na região, levou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a adotar a resolução 2178, com o nome de CTE, a 24 de setembro de 2 014.

“Ao declarar-se gravemente preocupada pela terrível e crescente ameaça que representam os combatentes estrangeiros, ou seja, os indivíduos que se deslocam para um estado que não o seu país de residência ou de nacionalidade, com o objetivo de cometer, organizar ou preparar atos de terrorismo, ou com o objetivo de participar, fornecer ou receber em ações de treino para o terrorismo, nomeadamente no contexto de um conflito armado, o Conselho de Segurança da ONU decidiu confrontar esta ameaça” – pode ler-se na resolução sobre os Combatentes Terroristas Estrangeiros tomada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Centenas de CTE originários de vários países começaram a juntar-se à organização terrorista PYD/YPG a partir de 2 014, na sequência da expansão do DAESH na Síria. No entanto, os países ocidentais parecem não se interessar por este assunto. Esta questão foi ignorada e optou-se por falar em combatentes benevolentes e em legionários. Os países ocidentais só se preocupam com os combatentes estrangeiros que se juntam às organizações terroristas que levam a cabo ataques com base em crenças radicais. Nada foi feito contra os membros ocidentais e europeus que participam na organização terrorista PYD. Em 2 014, a organização terrorista PKK/PYD começou a enviar convites a combatentes estrangeiros para combaterem o DAESH, através das redes sociais e da internet. Cerca de 500 combatentes terroristas vindos da Inglaterra, dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, da Alemanha, da Dinamarca, Grécia, Finlândia, de França e até da China, juntaram-se à estrutura da organização terrorista PKK/YPG.

Atualmente, a fundação de um estado curdo tornou-se num instrumento para a organização terrorista PKK, com o objetivo de expandir o socialismo internacional. Verificamos que os projetos como o da “autonomia democrática”, que foi trazido à agenda com propostas ostentatórias semqualquer ligação com as práticas do PKK, inspiram os movimentos de esquerda para além do Médio Oriente. Nos dias de hoje, existem centenas de militantes da esquerda radical a combater entre as fileiras do PKK/PYD, que com o seu treino militar, a sua experiência em termos ofensivos, as suas ligações ao mundo do crime e a sua ideologia radical, em breve regressarão ao Ocidente. Nós conhecemos as ligações e os vínculos históricos do PKK com os grupos de extrema esquerda na Europa. Por isso, os combatentes terroristas estrangeiros irão um dia regressar. Estas pessoas não são menos perigosas que os outros combatentes estrangeiros, do ponto de vista da segurança do Ocidente e da ordem internacional.

O principal motivo por detrás do apoio do Ocidente ao PYD, é o facto do PYD ser “secular”. No entanto, há aqui um erro de perceção, pois a secularidade do PYD não tem nada a ver com a abordagem secular e democrática do Ocidente moderno. O PYD adota a secularidade do Politburo soviético e do partido comunista chinês. Por este motivo, a secularidade do PYD não se poderá transformar em liberalismo económico e político, para a reconstrução da Síria. Atualmente, a estrutura sociopolítica e os modelos de produção económica aplicados pelo PYD nas zonas por si controladas, assenta em “coletividades territoriais” no contexto do paradigma maoista. Será um enorme erro esperar que possa surgir na Síria uma região sob o controlo do PYD, que siga a abordagem ocidental. As práticas como a economia livre de mercado, o individualismo e a livre iniciativa, não poderão nunca vir a ser implementadas nestas regiões, pois o PYD sonha com uma utopia “comunal” e define-se como neo-maoista e neo-estalinista.

Os países ocidentais consideram que a organização terrorista DAESH é uma grande ameaça, para a Síria, Iraque e também para todo o mundo. Esta é uma constatação correta. No entanto, eles não consideram as pessoas que se alistaram nas fileiras do PKK/PYD para combater o DAESH, como sendo combatentes terroristas estrangeiros. E isto é um grande erro.

Será que existe uma garantia, que nos diga que os terroristas estrangeiros que se encontram no seio do PKK/PYD não irão levar a cabo atentados terroristas com os terroristas do PYD, contra a Turquia ou qualquer outro país, depois da luta contra o DAESH terminar? O que será destes combatentes terroristas estrangeiros, depois da Síria e do Iraque serem limpos de elementos do DAESH? E na mesma linha, quem é que poderá garantir que estes combatentes, conhecidos pelas suas ideias marxistas-leninistas, não irão representar uma ameaça terrorista contra os grupos que não pensam como eles, depois de regressarem ao seus países no Ocidente?

Em conclusão, o facto de ter sido permitido aos movimentos anarquistas de combatentes terroristas estrangeiros um tamanho campo de ação no norte da Síria, e de lhes terem sido dados meios para reforçarem a sua capacidade de ação, irá criar no médio e longo prazo um grande risco do ponto de vista da segurança da Europa e do Ocidente. O Ocidente deve por isso tomar medidas sobre esta questão, e pôr fim ao seu apoio ao PYD/YPG. Os países ocidentais devem refletir de forma exaustiva, sobre o risco que os seus cidadãos que atualmente combatem nas fileiras do PYD/YPG, podem vir um dia a representar no seu território, como um potencial José Vissarionovitch Estaline.



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