A Europa a caminho do desastre

Depois da desintegração do Bloco de Leste o mundo tornou-se unipolar. O mundo definido na Conferência de Ialta em 1 945, enfrenta neste momento um sério impasse.

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A Europa a caminho do desastre

A guerra civil na Jugoslávia começou depois da declaração de independência da Eslovénia a 2 de julho. Este acontecimento marcou o começou do fim da Ordem de Ialta.

O fim desta ordem foi sangrento. Na Bósnia Herzegovina foi cometido o maior genocídio da história contra os muçulmanos. Este genocídio aconteceu perante os olhos da Europa. Podemos até dizer que alguns dos massacres tiveram lugar sob a supervisão de exércitos europeus.

Um tribunal holandês decidiu em 2 014 que o seu exército teve responsabilidade no massacre de cerca de 10 mil bósnios muçulmanos em Srebrenitsa, executados pelos sérvios.

Autoproclamando-se como sendo o berço da democracia e da santidade da vida humana, a Europa ironicamente fechou as suas fronteiras a mais de 500 mil bósnios que tentavam fugir do massacre sérvio, refugiando-se na Europa. Pela primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial, a Áustria, a Alemanha e a Itália reintroduziram patrulhas nas fronteiras durante 24 horas por dia e criaram zonas de segurança. Sem poder escapar, os civis bósnios foram massacrados pelos sérvios.

O envolvimento da NATO na guerra civil da Jugoslávia ainda trouxe alguma esperança. No entanto, a invasão americana do Iraque em 1 991 – sob a alegação da existência de armas de destruição maciça e depois a invasão do Afeganistão, conduziram o mundo para uma espiral de terrorismo.

O efeito de causa e consequência dos atuais atos de terrorismo, está a ser seriamente discutido não apenas no mundo muçulmano e no oriente, mas também no ocidente. Independentemente da relação entre a causa e os seus efeitos, nenhum grupo terrorista ou ação pode ser vista como inocente, ou ser mostrada como algo inocente. Os atos terroristas têm sido um grande problema que afeta todo o mundo há quase um século.

Desde há muitos anos, Recep Tayyip Erdogan – o presidente da República da Turquia – tenta fazer compreender aos seus aliados ocidentais que o terrorismo não reconhece as fronteiras nacionais. Ele salienta que aqueles que cooperam com o terror, um dia serão certamente confrontados com problemas à sua porta.

Dezenas de milhares de cidadãos turcos foram vítimas dos atos terroristas cometidos pela organização terrorista PKK e pelas suas versões sírias, o PYD e o YPG. Tem de haver uma resposta para o facto da grande maioria das armas, rockets e mísseis capturados pelas forças de segurança turcas nas operações contra o PKK e suas extensões, serem de origem ocidental.

Há quase meio século que a Turquia está sozinha na luta contra o terrorismo, e foi deixada sozinha nesta luta por muitos dos seus aliados ocidentais. Além disso, muitos países europeus estão atualmente a acolher terroristas, apesar de serem aliados da Turquia na NATO e de serem também aliados políticos e económicos da Turquia.

Há alguns meses, oficiais gulenistas terroristas no exército turco tentaram executar um golpe de estado na Turquia, tendo massacrado centenas de pessoas e ferido milhares. Os países europeus e a Alemanha em particular, deram um caloroso acolhimento a estes oficiais terroristas que massacraram tantos civis.

O estado turco exigiu repetidamente a extradição de cerca de 4 500 terroristas e suspeitos de prática de terror, que têm abrigo na Alemanha. O governo alemão ignorou todas essas exigências.

Fehriye Erdal, apesar de ser mundialmente conhecido por ter assassinado um homem de negócios na Turquia, vive na Bélgica há quase 20 anos. Tem que haver uma resposta para o porquê de todos os terroristas que matam soldados, polícias, crianças, mulheres e homens na Turquia, poderem encontrar refúgio na Europa mas não nos países orientais.

E como excelente exemplo de hipocrisia, o ocidente e a Europa em particular, acusa o oriente de ser uma fonte de terrorismo. Estou muito curioso sobre se os nossos aliados ocidentais poderão alguma vez explicar estas contradições às suas próprias crianças.

Ontem, o terror mostrou a sua cara feia e violenta contra a Grã-Bretanha, um dos aliados da Turquia. Antes deste ataque, outros atos terroristas violentos e vis também foram cometidos nas cidades de países como a Suécia, a Alemanha, a Bélgica e a França, resultando na morte de centenas de civis inocentes.

Até há pouco tempo, as bombas explodiam nas cidades e capitais do oriente, matando civis inocentes. Mas hoje em dia, as capitais ocidentais estão sujeitas a ataques terroristas, tal como as cidades do oriente.

O terror deixou de ser um crime que se espalha por todo o mundo a partir de um lugar ou de uma certa região. Agora existem ataques individuais, para além de ataques locais e regionais. Temo que esta doença se vá espalhar por todo o mundo.

Para as nações mais poderosas do mundo, os seus interesses nacionais e políticos são colocados à frente das operações dos mecanismos de justiça adequados. Isto por seu turno faz com que certos grupos de pessoas e indivíduos recorram à violência.

Os ataques terroristas sangrentos cometidos com o objetivo de dissolver o regime soviético, foram julgados para serem mascarados e legitimados sob o nome de “violência revolucionária”. Hoje em dia, no entanto, os atos terroristas nem sequer sentem a necessidade de se mascararem sob outros nomes.

Num momento em que o terrorismo envolveu o mundo nas suas garras, os membros da União Europeia, infelizmente, passaram a ser a casa de muitas organizações terroristas. Terroristas que mataram centenas de civis, turcos, iraquianos, iranianos e sírios, encontram abrigo nestes países.

Na realidade, os nossos aliados europeus são tão displicentes na forma como lidam com o terrorismo, que abriram as suas portas aos oficiais e generais turcos que a 15 de julho de 2 016, executaram uma intentona de golpe de estado e mataram centenas de civis.

Eles recusam entregar os terroristas à justiça, que com teorias da conspiração causaram a morte a muitas mais pessoas, com desculpas de que os juízes e procuradores não o permitem. Mas é uma realidade sociológica, que qualquer resistência contra a exigência de justiça será certamente motivo de instabilidade social.

“Marginalização” não é a explicação suficiente para que uma pessoa que vive em prosperidade, possa cometer um ato terrorista individual ou se junte ao DAESH. As pessoas também podem recorrer à violência se as suas necessidades por justiça não forem satisfeitas. E por causa da sua atitude, muitos membros da União Europeia estão hoje em dia, infelizmente, a preparar o seu próprio desastre.



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