Foram cumpridos os objetivos da operação Escudo do Eufrates?

Foram inativados 3 mil terroristas do DAESH, 600 combatentes do Exército Livre Sírio perderam a vida e 71 soldados turcos caíram mártires.

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Foram cumpridos os objetivos da operação Escudo do Eufrates?

O comunicado do Conselho de Segurança Nacional de 29 de março, declarou como terminada a operação Escudo do Eufrates, iniciada pela Turquia a 24 de agosto de agosto de 2 016, com o objetivo de erradicar os elementos terroristas no norte da Síria. A operação foi levada a cabo pelas forças especiais das Forças Armadas da Turquia e pelas forças do Exército Livre Sírio. Quando se tem em consideração o balanço da operação executada ao longo de uma área de 2 225 kms quadrados na linha entre Jarablus – Azez – Al Bab no norte da Síria, verifica-se que esta zona foi purgada de terroristas e que foi criada, de facto, uma zona segura. Foram inativados 3 mil terroristas do DAESH, 600 combatentes do Exército Livre Sírio perderam a vida e 71 soldados turcos caíram mártires.

Com este resultado, a operação Escudo do Eufrates alcançou os seus objetivos principais. A operação tinha os 4 objetivos principais indicados a seguir:

  1. Purgar a zona de fronteira entre a Turquia e a Síria de elementos do DAESH e garantir a segurança na fronteira da Turquia.
  2. Impedir a formação de uma estrutura política ou de um corredor do PKK/PYD na fronteira da Turquia, para cortar a linha que une Afrin e Kobane.
  3. Oferecer aos refugiados a possibilidade de regressarem e viverem no seu próprio país, com a criação de uma zona segura no norte da Síria.
  4. Reforçar a posição da Turquia na mesa das negociações, para que seja possível encontrar uma solução política para a crise síria.

No âmbito da operação Escudo do Eufrates, a Turquia concretizou 3 dos seus objetivos estratégicos. Mas a Turquia foi deixada sozinha pelos seus aliados, os Estados Unidos e a Rússia, com os quais quer estabelecer melhores relações de vizinhança para que possam participar em conjunto na operação de Al Raqqa, que está associada ao quarto objetivo. Tanto os Estados Unidos como a Rússia optaram por cooperar com o grupo terrorista YPG – uma ramificação do grupo terrorista PKK/PYD – em vez de trabalharem com a Turquia na operação de Al Raqqa, que é uma operação chave na luta contra o DAESH. Esta operação é muito importante para a política regional e global.

A principal razão é que os EUA e a Rússia, que desempenham o papel de protagonistas no controlo da crise, lutam para ampliar a sua presença e poder na Síria, em lugar de resolver a crise. As iniciativas dos Estados Unidos têm como objetivo aumentar o seu efeito estratégico na Síria e limitar o controlo da Rússia. Os Estados Unidos querem reforçar o seu poder à mesa nas negociações sobre o futuro da Síria e eliminar o perigo do DAESH com a operação de Al Raqqa, que está prestes a ser iniciada. Washington quer tirar proveito do grupo terrorista YPG, como força no terreno para alcançar o seu objetivo.

Por seu turno, a Rússia quer continuar com a sua iniciativa política e estratégica, que teve início tanto com o processo de Astana, como com o apoio militar dado ao regime de Assad na Síria. Por outro lado, tenta estreitar a margem de manobra do grupo terrorista YPG, a munição militar básica dos Estados Unidos.

Moscovo oferece apoio e coopera com o PKK/YPG, sem se preocupar com os problemas que isso cria em Ancara. Observamos que ambas as forças imperialistas têm uma abordagem que passa por manter a Turquia à distância, pensando que dessa forma irão atingir os seus objetivos. Mas a Rússia preferiu uma associação política e diplomática com Ancara, para impedir que a Turquia se dirigisse no sentido da cooperação militar com o ocidente. Este processo começou em Astana e ainda continua.

Em jeito de conclusão, o futuro da Síria será definido no contexto da luta de poderes entre as forças imperialistas. Não parece possível que a Rússia e os Estados Unidos cheguem a uma solução comum de longo prazo relativamente à crise na Síria. O facto de ambos os países darem ajuda e apoio à organização terrorista YPG na operação de Al Raqqa, constitui uma séria ameaça para a Turquia. Por tudo isto, a Turquia insiste por um lado no processo de paz em Astana, e por outro precisa de desenvolver uma nova estratégia militar.

Este programa foi escrito pelo Prof. Dr. Mustafa Sitki Bilgin



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