Economia Mundial

EFEITO DA CONDUÇÃO DE GÁS NATURAL NAS RELAÇÕES TURQUIA-RÚSSIA

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O projeto do gasoduto turco, que surgiu após o cancelamento da South Stream, planeja transferir o gás natural russo do Mar Negro para a Europa, sendo primeiro expresso pelo presidente russo, Vladimir Putin, em dezembro de 2014, quando o mesmo visitou a Turquia. Em 2016, os dois países chegaram a um acordo sobre o primeiro gasoduto para transferir o gás russo para a Turquia, após atrasos por causa da longa crise envolvendo o caça russo que foi derrubado no espaço aéreo turco. Ainda não se chegou a um acordo sobre a segunda linha, que chegará até os países europeus.

A linha ocidental, que fornece um fluxo anual de 14 bilhões de metros cúbicos de gás natural para a Turquia, será fechada em 2019, dando à Rússia a oportunidade de disponibilizar o fluxo de gás natural através do projeto Turkish Stream. Prevê-se que a construção da parte Rússia-Turquia que é a primeira linha do projeto, começará em 2018, no âmbito do acordo alcançado pelos dois países. Com este projeto, a Rússia pretende exportar 15,75 bilhões de metros cúbicos de gás natural para a Turquia e a mesma quantidade para os países do Sudeste da Europa, se for alcançado um acordo.

Espera-se que o atual projeto turco ofereça vantagens significativas tanto para a Turquia, quanto para Rússia, Europa e outros países da região. Do ponto de vista europeu, vemos que estamos diante de uma situação complexa. Os países da UE têm procurado fontes alternativas de energia face ao aumento do consumo de energia, ao mesmo tempo em que tentam reduzir a sua dependência da Rússia em relação às importações de gás natural. Contudo, sabe-se que os atuais investimentos para fontes alternativas a curto e médio prazo não conseguem responder ao aumento do consumo de gás natural.

Como é sabido, a Rússia têm levado a cabo a transferência de gás natural para a Europa através da linha oeste e corrente norte linha 1. Quando se pensa que o fluxo de gás da linha oeste será cortado em 2019 e tendo em conta a situação atual, é óbvio que a Europa vai precisar do gasoduto turco e de gás natural. Embora tenham aumentado os investimentos em GNL (gás natural liquefeito), que levam à importação de energias renováveis e gás natural á diferentes países, conforme observado anteriormente, nas projeções das instituições energéticas internacionais, o consumo de gás natural na Europa continua a aumentar.

Por outro lado, a economia continua ruim na Rússia, que está enfrentando o embargo da UE e dos EUA. A fim de não perder a Europa, que é o maior mercado para o comércio de gás natural, o governo russo quer chegar a um acordo sobre a parte européia do projeto da corrente turca. Neste contexto, podemos dizer que o projeto Turkish Stream, que é de importância crítica no mercado global de energia, será capaz de reduzir a tensão entre a Rússia e a Europa. Será visto mais uma vez como o campo da energia tem o poder de moldar as políticas externas dos países.

A Turquia, um dos maiores beneficiários do projeto Turkish Stream, quer aproveitar sua localização geográfica. Os países ocidentais possuem forte demanda de energia e como uma ponte natural entre os dois continentes, a Turquia têm uma oportunidade importante em mãos de ser um país confiável e um centro para o comércio de energia.

Vista como um país confiável no comércio de energia, a Turquia com o projeto Turkish Stream, têm a oportunidade de garantir a oferta e a demanda de seu país e de outros da região. Ao contrário da Ucrânia, a Turquia desenvolveu políticas para se tornar um país onde o gás natural é recolhido e exportado em vez de apenas ser uma ponte sobre a rota da energia. Esta vantagem  fez o país se tornar um centro de atração para muitos investidores de energia.

Portanto, fica claro que o campo da energia, cuja demanda  continua a aumentar, afeta as decisões de política externa e tem o poder de tornar a Turquia um centro importante na região. Neste contexto, juntamente com o projeto Turkish Stream, a Turquia abriu espaço para novos projetos que farão a diferença no mercado global de energia.

 

Programa escrito pelo Prof. Dr. Erdal Tanas KARAGÖL



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