O Ocidente tem consciência do que está a fazer?

O silêncio ou a voz frágil da UE, dos Estados Unidos e de outros países democráticos, é como dar apoio ao falhado golpe de estado antidemocrático.

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O Ocidente tem consciência do que está a fazer?

Desde o ano de 1 991, ou seja, precisamente há 25 anos, caem bombas disparadas por terra e por ar. Estão a ser destruídas cidades, morrem crianças e continuam as mortes em massa na nossa região, o Médio Oriente.

Esta batalha, que promete a democracia e a liberdade, não criou nenhuma zona de liberdade, e pelo contrário, fez com que fugissem das nossas mãos, um a um, os nossos direitos e liberdades básicas, que assegurámos ao longo de centenas de anos e que faziam parte das nossas vidas.

Da nossa liberdade de viajar até às nossas próprias vidas, estamos a ficar sem nada. Quem é que está a roubar todos os nossos direitos e quem está por detrás de todas estas situações?

A resposta não deixa qualquer dúvida: são aqueles que mataram 4,5 milhões de pessoas e que obrigaram 15 milhões de nós a fugir da nossa região. Foram aqueles que nos prometem a democracia, os valores ocidentais e as economias desenvolvidas.

A ganância pela destruição maciça contagiou-se dos membros do clube do Ocidente Democrático, até àqueles que foram forçados a viver em guetos isolados da vida social nos países ocidentais, e despojados da esperança de existir com direitos e de serem indivíduos livres.

Esta ganância apareceu com a Al Qaeda, com o DAESH, o Boko Haram, o Hezbollah e o PYD. Os efeitos da avareza letal, começaram a surgir nas capitais – o coração do Ocidente – e saíram da nossa fronteira. Sonhámos que juntamente com os nossos amigos filantropos do Ocidente – que possuem armas de destruição maciça e que prometem a democracia na nossa região – pudessem produzir soluções urgentes, como se sentissem esta dor nas suas almas.

Os membros da UE e de outros países de valores ocidentais uniram-se, condenaram o terrorismo e iniciaram uma ação coletiva face às bombas que explodiram em cidades como Londres, Paris e Bruxelas. Entretanto, começaram também a explodir bombas na Turquia, que carrega no seu seio os valores do Ocidente de forma rígida. Dezenas de pessoas morreram em cada explosão. Centenas de outras pessoas ficaram feridas. Recentemente, uma explosão num casamento em Gaziantep – uma das cidades comerciais mais importantes do Médio Oriente – ceifou a vida a mais de 50 pessoas, entre elas mulheres e crianças, e deixando centenas de pessoas feridas.

Curiosamente, a reação ocidental a este ataque foi frágil. Tal como foi relativamente a outros atentados terroristas na Turquia. Outra questão interessante, é o facto do grupo terrorista PKK / PYD – que cometeu estes atos – ter representações nas capitais europeias. Até se permite que muitos terroristas procurados pela INTERPOL, participem em conferências no Parlamento Europeu.

O silêncio europeu, que nos deixa atónitos, foi observado quando os aviões de caça bombardearam o Parlamento da Turquia, que defende a democracia ocidental e os valores do Ocidente, quando os golpistas tentaram matar o presidente e derrubar um governo eleito por mais de metade do povo. Centenas de civis foram assassinados e milhares de outros foram feridos pelas balas disparadas pelas espingardas e tanques.

O silêncio ou a voz frágil da UE, dos Estados Unidos e de outros países democráticos, é como dar apoio ao falhado golpe de estado antidemocrático.

Ao considerarmos o nível de progresso das tecnologias de comunicação, o envolvimento do Ocidente na matança dos valores democráticos, fica confirmada pelos plebeus da Baviera, pelos merceeiros escoceses que vivem sete palmos debaixo de terra, e pelos engenheiros na Argélia e na Índia. Tanto os plebeus na Europa como os engenheiros ou sociólogos orientais, assistiram ao Ocidente a matar a sua própria civilização.

Milhares de pessoas morreram e milhões de outras ficaram feridas no Iraque, na Síria, Afeganistão ou na Líbia, durante as operações do Ocidente para a proteção e defesa da democracia. Por outro lado, o Ocidente mantém-se em silêncio face aos ataques bombistas na Turquia, e para cúmulo, faz com que esses mesmos terroristas abram representações nas suas capitais.

Mantém-se em silêncio relativamente ao bombardeamento do Parlamento da vontade nacional, com aviões de caça usados por um grupo de terroristas vestidos de uniforme, entrincheirados no seio do exército turco. Noutra situação, quase se aprova o que aconteceu ao ficar em silêncio face a uma matança de mais de 50 mulheres e crianças num casamento na Turquia.

O Ocidente tem consciência do que está a fazer? Não sabe que esta ganância pelo terrorismo o vai atacar diretamente a si mesmo, se estes atos saírem da fronteira turca?

Se os povos do Ocidente não mobilizarem o mais depressa possível os seus próprios estados e governos, amanhã já poderá ser muito tarde para eles. Já os civis em Amesterdão, Munique, Paris e Roma, teriam que viver com o terrorismo.

Realmente, será assim tão difícil proteger os direitos e as liberdades do homem?

Este texto foi escrito por Erdal Simsek



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