Porque reaparece o terrorismo no momento em que a Turquia procura cooperar com países terceiros?

A hesitação do Ocidente acerca das intenções da Turquia em cooperar com outros países.

555413
Porque reaparece o terrorismo no momento em que a Turquia procura cooperar com países terceiros?

Texto escrito por Erdal Simsek

Todos os sabem que o objetivo básico das Nações Unidas (ONU) é desenvolver o diálogo internacional e assegurar e proteger a paz. O texto fundador da ONU disto isto mesmo de forma clara.

À medida que melhoram e se desenvolvem as relações entre as nações, aparece um sorriso na face da elite dirigente de outros estados. No entanto, à medida que se reforçam as relações de vizinhança entre a Turquia e a Rússia, de imediato vemos caras feias que na realidade deviam era estar a sorrir.

A aproximação entre a Turquia e a Rússia depois da I Guerra Mundial, fez com os nossos aliados ocidentais, e em particular os nossos vizinhos europeus, ficassem de mau humor.

Esta mesma reação foi observada aquando da aproximação de Mustafa Kemal à Rússia. Como não lhes pareceu bem o desenvolvimento das relações com as repúblicas soviéticas e turcas, tentaram impedir esta aproximação sob uma série de pretextos.

O mesmo aconteceu logo após a criação dos pactos de Varsóvia e da NATO. A República da Turquia, depois do presidente fundador Mustafa Kemal, tem vindo a pagar graves custos políticos e económicos sempre que se tenta aproximar da ex União Soviética.

A primeira aproximação de registo aconteceu durante o mandato do primeiro ministro Adnan Menderes, no final da década de 1 950. O nosso país pagou um preço muito alto por causa desta aproximação. Esta aproximação fez com que fossem enforcados 3 importantes políticos desse período, nomeadamente o primeiro ministro, o ministro dos negócios estrangeiros e o ministro das finanças.

O exército turco, que se envolveu totalmente com o Pacto da NATO após a integração da Turquia nesta aliança, levou a cabo um golpe de estado porque não foi capaz de tolerar a aproximação da vontade civil à União Soviética.

Outra aproximação entre a Turquia e a Rússia foi impedida pelos soldados turcos, que alegaram ser um exército da NATO e deram outras desculpas. O governo foi então destituído.

Depois assistimos à desintegração da União Soviética, e com ela veio o colapso do Pacto de Varsóvia. A Rússia deixou de ser uma ameaça militar. Mas não se sabe porquê, os nossos amigos do Ocidente mostraram-se frios perante a aproximação entre a Rússia e a Turquia.

Apesar da Turquia ter sido deixada à espera durante mais de meio século, a UE não permite que o país estabeleça relações com países terceiros. É sem dúvida uma reação bastante curiosa. Apesar de ter uma mentalidade ocidental, reage como um oriental ciumento.

 

A Turquia está sob ameaça de vários grupos terroristas internacionais como o PKK desde 2 010, por causa da guerra civil na Síria. A Turquia foi prejudicada diretamente. E não se sabe porquê, foi deixada sozinha pelos seus aliados durante os ataques terroristas, controlados sobretudo por parte dos serviços de informação sírios. Enquanto a Turquia está debaixo da ameaça dos mísseis S300 e S300A do ditador lunático Al Assad por um lado, e dos mísseis sofisticados do DAESH, da Al Qaeda e de outros terroristas de ramificações destes grupos por outro, os Estados Unidos e a Alemanha retiraram da Turquia os seus sistemas de baterias antiaéreas. Deixaram a Turquia sozinha face à ameaça terrorista-

Uma vintena de foguetes e mísseis atingiram o nosso território, depois dos nossos amigos ocidentais terem deixado a Turquia sozinha. Quando o nosso país foi à procura de vias de colaboração na área da defesa com países terceiros – exceto com os países militarmente desenvolvidos da NATO para superar esta solidão – os Estados Unidos, a Alemanha e outros países do Ocidente deram injustamente o seu parecer negativo. Criticaram esta aproximação com um tom ameaçador. Literalmente, viraram as costas à Turquia, que queria comprar mísseis à China.

Quando a Turquia insistiu neste assunto, muito estranhamente o grupo terrorista PKK – que estava adormecido desde há anos – começou a matar polícias, civis e soldados turcos. De seguida, tentaram criar revoltas internas, e mais recentemente os militares da Organização Gulenista – que um grupo terrorista internacional – tentou levar a cabo um golpe de estado.

O líder da Turquia Recep Tayyip Erdogan, bem como o povo turco, resistiram aos golpistas e triunfaram na noite de 15 de julho. Enquanto a Turquia está a purgar do aparelho de estado os membros da Organização Terrorista FETO / PDY, ao mesmo tempo restaurou as suas relações desavindas com a Rússia. Erdogan reuniu-se com o presidente Putin da Rússia em S. Petersburgo no passado dia 9 de agosto, depois do golpe ter sido esmagado. Durante esse encontro, foi decidido aumentar o volume de negócios entre os dois países dos atuai 35 mil milhões de dólares anuais, para 100 mil milhões de dólares. E mais: foi decido pôr em marcha a construção de uma central nuclear e o projeto de transporte seguro do gás russo em direção ao mercado europeu.

Mas Erdogan quis ainda mais, e por isso solicitou a realização dos meios de cooperação estratégica com a sua vizinha Rússia, em matéria de terrorismo e segurança. Por seu lado, Putin aceitou este pedido como se já estivesse ele próprio a pensar nisso.

Apesar de terem surgido fortes expetativas para a paz na Síria, saídas da negociação entre os dois líderes, o mundo ocidental e sobretudo a União Europeia, expressaram as suas reticências num momento em que deviam regozijar. Não obstante, a Europa e o Ocidente estão debaixo da ameaça terrorista, tal como a Turquia e a Rússia. Esta ameaça não pode ser eliminada sem a paz na Síria. Todos sabem que o recurso do terrorismo que ameaça o mundo, é o caos que se vive na Síria.

O encontro da Rússia e da Turquia numa política comum para a Síria, iria debilitar a ameaça representada pelo DAESH, pelo PYD e por outros grupos terroristas. Assim que for minimizada a ameaça terrorista, a Europa poderá ter acesso a energia mais barata. Isso irá contribuir positivamente para os orçamentos dos países, e ajudar em particular os consumidores europeus.



Notícias relacionadas