A perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente

A Tunísia, o berço da Primavera Árabe, passa por um período difícil.

549634
A perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente

(Transcrição do programa de rádio)

Olá caros ouvintes da Rádio TRT Voz da Turquia, sejam bem vindos a mais uma edição do programa “A Perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente”.

A Tunísia, o berço da Primavera Árabe, passa por um período difícil. O país tem importantes problemas. Desde 2 011 - o ano em que Zine el-Abidine Ben Ali foi deposto – a Tunísia já teve 6 primeiros ministros. A segurança, a estabilidade, a taxa de inflação demasiado elevada e o desemprego, figuram entre os principais problemas do país.

O crescimento económico está atualmente a um nível mais baixo que o registado antes da Primavera Árabe. A taxa de crescimento durante o primeiro trimestre de 2 015, não foi além de 1%. O dinar tunisino perdeu muito valor face ao dólar americano e a taxa de desemprego subiu acima de 15%.

O turismo, a força motriz da economia tunisina, nunca conseguiu recuperar depois dos atentados de 2 015. A corrupção é outro dos grandes problemas da Tunísia depois de 2 011. É também importante poder resolver estes problemas, respeitando o regime democrático da Tunísia, um país modelo no mundo árabe e uma das mais jovens democracias do mundo. A sucesso da Tunísia, é também importante do ponto de vista do futuro do Médio Oriente.

Por causa das dificuldades vividas na Turquia, o governo do primeiro ministro Habib Essid, enfrenta várias pressões desde há 2 meses. O primeiro ministro Essid está a ser pressionado para apresentar a sua demissão.

Membro do mesmo partido político do primeiro ministro, o presidente da república Béji Caid Essebi criticou duramente o governo no passado mês de junho, e desde então começou a contagem decrescente para a formação de um governo de unidade nacional. 118 membros do governo de Essid, não votaram a favor do governo durante o voto de confiança que teve lugar no dia 31 de julho, no parlamento da Tunísia.

Alguns dias mais tarde, o presidente Essebi encarregou Yussef Chahed – um dos ministros do governo de Essid – de formar um novo governo.

O Partido Nidaa Tunes, perdeu a sua maioria no parlamento depois da demissão de 22 dos seus deputados. Agora, é o Movimento Ennahdha de Rashid Ghannuchi – um dos políticos mais conhecidos do mundo muçulmano – quem tem mais deputados no parlamento. Mas para o Movimento Ennahdha, o facto do novo primeiro ministro não ter sido eleito pelo seu partido, não representa um problema tendo em conta as condições sensíveis do país. Ghannuchi dá prioridade à consolidação da democracia e à formação de um governo Ennahdha que possa atuar com base na sua larga experiência, pois ele sabe que se a democracia for suspensa, será ele o mais atingido.

Ao não exigir que o novo primeiro ministro seja do seu partido, o Movimento Ennahdha está portanto a favor de um governo de unidade nacional. É verdade que as coisas não serão fáceis para um governo composto por vários partidos, mas esta situação também poderá apresentar algumas vantagens. Neste contexto, o apoio relativamente às decisões sobre reformas radicais tem uma importância especial.

A jovem democracia tunisina tenta viver numa atmosfera composta por instituições do antigo regime autoritário. Mas não é fácil ultrapassar a resistência dos meios que têm interesses nestas instituições.

Só o governo de unidade nacional poderá ser capaz de ultrapassar os problemas mais importantes do país, nomeadamente a estabilidade, a segurança, a alta taxa de inflação e o desemprego crónico. Será também possível com a formação de um governo de unidade nacional, aplicar as reformas necessárias e ultrapassar a resistência daqueles que têm interesse na manutenção da situação atual.

Adicionalmente, o facto deste governo contar com a participação de vários partidos, será um entrave aos conflitos entre o partido do presidente da república e o partido Nidaa Tunes. A razão pela qual um importante grupo do Nidaa Tunes deixou o seu partido, tem que ver com a influência do filho do presidente da república, segundo o qual o partido não é mais do que um bem pertencente à sua família. O facto do presidente da república ter um laço parental com Yussef Chahed, traz à memória as lembranças do nepotismo. Mas esta tendência no seio do partido, pode facilmente ser descartada por um governo de unidade nacional. Pois o sucesso do governo depende da resistência à influência negativa colocada pelo principal partido da coligação.

O futuro do Médio Oriente e do Norte de África, depende da instauração de um regime baseado na supremacia do direito e na estabilidade política da democracia tunisina. Deste ponto de vista, a Tunísia carrega uma importante carga às suas costas. É necessário que os políticos tunisinos ajam de acordo com a carga que carregam. Do seu sucesso, depende diretamente o futuro da Tunisia e do Médio Oriente, bem como a segurança da Europa.

Obrigado pela sua companhia desse lado, o programa “A Perpetiva da Turquia sobre o Médio Oriente” da Rádio TRT Voz da Turquia, regressa na próxima semana. Até lá, fique bem.



Notícias relacionadas