A Perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente

Os golpes de estado inimigos da vontade nacional no Médio Oriente: as experiências no Egito e na Turquia.

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A Perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente

A tensão não diminuiu no Médio Oriente após a Primavera Árabe. A instabilidade assume uma dimensão cada vez mais inquietante e tornou-se numa “realidade” dos países da região. Há neste momento guerras em curso na Síria, na Líbia e no Iémen. Houve também um golpe de estado no Egito em julho de 2 013, e mais recentemente uma tentativa de golpe de estado no dia 15 de julho na Turquia.

Podemos resumir os desenvolvimentos registados no Egito e na Turquia da seguinte forma:

1. Em janeiro de 2 011, o chefe de estado do Egito à época, Hosni Mubarak, foi deposto e a democratização do país passou a ser tutelada pelos militares. Esta tutela militar foi também reforçada pela tutela jurídica.

A influência do regime militar na política da Turquia, diminuiu a partir de 2 002, quando o Partido AK chegou ao poder. Podemos mesmo dizer que a tutela militar foi inteiramente suprimida. Foram também lançadas iniciativas semelhantes para tentar travar a tutela jurídica. Mas a prioridade foi dada à supressão da tutela militar, pois esta era mais importante. Foi também registado um retrocesso do ponto de vista da restruturação do poder judicial.

2. O governo egípcio de Morsi não foi tão forte quanto o antigo regime, pois apenas dirigiu o país durante um ano. Morsi teve contra si não apenas o exército, mas também a polícia, o mundo dos negócios e a imprensa. A única vantagem de Morsi era representar a vontade do povo. A primeira coisa que os golpistas fizeram foi fazer desaparecer este âmbito da sua legitimidade. Por isso, estava garantida uma mobilização política contra a administração de Morsi, por parte de um importante segmento da sociedade egípcia.

Aqueles que tentaram levar a cabo um golpe de estado na Turquia, não tinham o apoio do povo. Esta tentativa não significou um ato com o apoio dos cidadãos. Os golpistas tinham contra eles um líder carismático de um movimento político que, com apenas uma exceção, saiu de todas as eleições sempre com mais votos. O povo respondeu favoravelmente ao apelo do presidente da república, Recep Tayyip Erdogan e dos restantes membros do governo. Milhões de cidadãos da República da Turquia saíram às ruas, tendo como objetivo a proteção da vontade nacional.

3. Todos os membros do exército reagiram contra as forças eleitas no Egito. O homem número 1 do exército egípcio, Abdelfattah al-Sissi, era simultaneamente o “ministro da defesa” do governo de Morsi. Adicionalmente, a polícia do Egito que era extremamente forte, apoiava plenamente o exército. Já o golpe de estado levado a cabo no dia 15 de julho, não respeitava a ordem hierárquica.

Eles não tiveram o apoio de nenhum comandante das Forças Armadas, nem tinham com eles nenhum comandante do exército ou general do exército. Os golpistas eram membros da organização terrorista gulenista (FETO), que se apresenta como sendo um movimento religioso, mas que se infiltra no Estado e em locais externos. Apesar de se terem aninhado em posições chave do exército, eles nunca conseguiram domina-lo. E mais ainda, eles tiveram pela sua frente a polícia, que é outro elemento fundamental da segurança.

Qual foi então a avaliação do mundo exterior relativamente às experiências vividas no Egito e na Turquia?

Imediatamente após o abortamento da tentativa de golpe de estado, os Estados Unidos e a UE começaram de imediato a avisar a Turquia sobre os temas da pena de morte e do tratamento dos prisioneiros entretanto feitos. Estes dois blocos, não tiveram por isso uma nota brilhante após o golpe de estado no Egito. Eles tiveram uma tendência para apoiar o golpe de estado. Esta situação é um exemplo de total irresponsabilidade da parte destas duas estruturas, que fizeram avisos sobre a forma segundo a qual o governo turco se deve comportar após a tentativa de golpe de estado. O que eles não compreenderam, é que o sentimento histórico de desconfiança face ao ocidente, vai a partir de agora agravar-se ainda mais por este comportamento irresponsável.

Além disso, a quase totalidade do povo turco está certa de que a organização terrorista gulenista FETO foi o autor da tentativa de golpe de estado.

Os responsáveis afirmam que a tentativa de golpe de estado foi abortada, mas deixam também o aviso de que o perigo não desapareceu completamente.



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