“O mundo é maior que 5”: soluções para a ONU

A ONU transformou quase todos os dias do ano no “dia de alguma coisa”, para que a população se sinta mais descansada, se sinta melhor.

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“O mundo é maior que 5”: soluções para a ONU

“O mundo é maior que 5”: soluções para a ONU

Já se realizaram dezenas de conferências em muitos países sobre o Dia Mundial do Refugiado. Qual é a situação dos refugiados no mundo? O mundo luta contra os mosquitos ou está a secar o pântano?

O porta-voz do Crescente Vermelho Turco, Selahattin Bostan, faz as seguintes considerações acerca deste tema:

A ONU é alvo de críticas oriundas de muitas esferas desde há muito tempo. Há dois fundamentos. O primeiro tem que ver com a estrutura orgânica da ONU. 5 países têm o direito de veto. Estes são precisamente os 5 países que não conseguem chegar a acordo sobre nenhum assunto. O bloco ocidental liderado pelos Estados Unidos, tem uma visão diferente visão do mundo e uma estratégia de soberania aparte de todos os outros; a Rússia quer um mundo aparte; a China procura outros desafios completamente diferentes. Estes 5 países só renunciam ao seu direito de veto, nos temas que não são problemáticos para nenhum dos seus interesses estratégicos.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, tomando como ponto de partida esta realidade, repete nas conferências internacionais mais recentes que “o mundo é maior que 5”. Esta ideia ganha cada vez mais seguidores a cada dia que passa.

A segunda base das críticas tem que ver com a insuficiência das organizações de ajuda humanitária no seio da ONU. A intervenção destes organismos debaixo das asas das Nações Unidas, tem apenas efeitos “paliativos” e não estão a ser feitos os trabalhos suficientes para “secar o pântano”.

Devido a isto, a ONU cumpre uma função de gerar “consensos globais”. As Nações Unidas desempenham um papel que dá a sensação de que “se está a fazer alguma coisa” que sufoca a reação mundial. Não se pode dizer que seja uma crítica forte dizer que “apenas tem uma função sufocante para a consciência”. A ONU transformou quase todos os dias do ano no “dia de alguma coisa”, para que a população se sinta mais descansada, se sinta melhor.

No passado dia 20 de junho toda a humanidade celebrou o “Dia do Refugiado”. Foram realizadas muitas atividades. Houve reuniões cujo tema básico era “ser refugiado é muito mau, todos devem fazer aquilo que possam”. Mas não se fez nenhuma sugestão radical acerca do que está por detrás do problema, nem como este poderá ser eliminado. Como diz o presidente turco, “a organização das Nações Unidas transformou-se numa agência mundial de estatísticas”. Uma agência que divulga tabelas estatísticas com números de refugiados, de mortos e feridos, ou seja, de um desastre humano.

Foram tornadas públicas novas estatísticas por ocasião do Dia Mundial do Refugiado. Estes números foram dados a conhecer em muitas conferências, que no entanto esqueceram que por detrás dos números estão pessoas. Esqueceram-se que a vida destas pessoas se transformou num inferno por causa dos jogos de interesse dos dirigentes do mundo.

Segundo os dados da ONU, 5 800 000 pessoas tiveram que abandonar as suas casas em 2 015. Metade destes refugiados são menores. Há cerca de 65 milhões de refugiados em todo o mundo. Não será necessário dizer que este número apenas inclui aqueles que foram oficialmente recenseados. Se a estes juntarmos os outros milhões de refugiados que partiram por vias ilegais, este valor começa a multiplicar-se. Somos então confrontados com uma situação horrenda, mesmo se considerarmos apenas os refugiados registados. E ainda por cima, a tendência é para que este número aumente.

Segundo o Relatório de Tendências Globais, o número de deslocados à força devido a guerras, conflitos, crueldade, violência e violações dos direitos humanos, atinge neste momento um máximo histórico.

Ainda segundo este relatório, 24 pessoas por minuto são obrigadas a abandonar as suas casas. Há um movimento contínuo dos habitantes destes países em direção aos “países desenvolvidos”. Neste sentido, são tentadas todas as vias ilegais. Os traficantes de pessoas não param de ganhar fortunas com esta situação. Em 2 015, 3 milhões e 200 mil pessoas pediram asilo nestes países. A Turquia é o país que acolhe mais refugiados em todo o mundo.

Se a população mundial de deslocados fosse um país, estaríamos a falar do 21º países mais populoso do mundo.

Desde 2 011, ficaram na condição de refugiados 4,9 milhões de sírios, 2,7 milhões de afegãos e 1,1 milhões de somalis.

Uma das secções do relatório que mais chama a atenção, é o facto do maior peso com os refugiados ser carregado nos ombros de países em vias de desenvolvimento, e não por países desenvolvidos. Os países em vias de desenvolvimento acolhem 86% dos refugiados de todo o mundo. 4,2 milhões de refugiados vive em países subdesenvolvidos. A Turquia bate um recorde, acolhendo 2,5 milhões de sírios, sendo seguida pelo Paquistão com 1,6 milhões de pessoas e o Líbano com 1,1 milhões de refugiados.

Não tenho mais nada a dizer. A história falará sobre estes tempos.

Este programa foi escrito por Selahattin Bostan, o porta-voz do Crescente Vermelho Turco.



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