“Há que terminar com a tristeza sofrida pelos seres humanos”

A Cimeira Humanitária Mundial teve lugar em Istambul entre os dias 23 e 25 de maio.

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“Há que terminar com a tristeza sofrida pelos seres humanos”

Terminou a Cimeira Humanitária Mundial. A Turquia foi o país que se apresentou mais confortável na cimeira. Já a seguir, apresentamos os resultados alcançados na cimeira, numa emissão preparada por Selahattin Bostan - o encarregado de imprensa do Crescente Vermelho Turco.

A Cimeira Humanitária Mundial teve lugar em Istambul entre os dias 23 e 25 de maio. Esta foi a primeira vez que esta cimeira foi organizada, tendo a Turquia sido o país escolhido como anfitrião para este evento. Esta escolha teve grande importância, apesar do seu caráter simbólico. Isto porque a Turquia foi para esta cimeira na posição do país mais honesto sobre a ajuda humanitária. A Turquia hospedou os seus convidados nesta posição e em grande bem estar.

Em quase todos os lugares do mundo foram feitas inúmeras notícias sobre esta cimeira. Um dos melhores e inesquecíveis títulos foi publicado pelo jornal Independent: “Será a Cimeira Humanitária Mundial a reunião dos hipócritas?”.

Na Cimeira Humanitária Mundial participaram os chefes de estado e de governo de dezenas de países, o secretário geral do ONU, os líderes de centenas de organizações de ajuda humanitária, políticos, homens de estado, artistas e jornalistas. Quase 8 mil pessoas discutiram em Istambul durante 3 dias, o futuro das ajudas humanitárias. O título do Independent fez sentido durante as discussões. Isto porque enquanto se faziam declarações contundentes sobre sobre a solução para os problemas, durante as discussões nos bastidores o diálogo sobre os motivos dos problemas as conclusões revelaram-se mais tímidas. O maior problema é o sistema atual de soberania no mundo. Os preparativos da Cimeira Humanitária Global começaram há 4 anos, e desde esse dia começaram a ser feitas muitas reuniões de preparação.

Foram recolhidas as opiniões de quase 23 mil pessoas. Mas o apelo mais concreto que surgiu foi “é preciso terminar com a tristeza sentida pelos seres humanos”. Mas qual é o motivo por detrás desta tristeza?

O presidente da República da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, era porventura o líder mais relaxado da cimeira. O seu país acolhe 3 milhões de imigrantes e cuida de todas as suas necessidades são cobertas por recursos da Turquia. O presidente disse que só as ajudas registadas já superam os 10 mil milhões de dólares. Quando se consideram as ajudas dadas pelas organizações não governamentais e pelas pequenas organizações de caráter local, a cifra alcança os 20 mil milhões de dólares. O presidente turco criticou os países que se comprometeram a dar apoio financeiro mas que nunca o chegaram a fazer. E por isso disse “nós não vamos usar este dinheiro para nós próprios mas sim para os sírios”. O presidente disse que no caso dos países da União Europeia não ajudarem a partilhar a carga financeira incorrida pela Turquia, não será possível avançar com o Acordo de Readmissão assinado entre a Turquia e a União Europeia, que assim não será posto em prática pela Turquia.

O presidente Recep Tayyip Erdogan também se queixou pelo facto de não haver sanções na estrutura jurídica da ONU e criticou novamente o mecanismo de tomada de decisões nas Nações Unidas.

Existe no mundo a opinião geral de que o setor da ajuda humanitária se transformou num “grande setor”. Estamos a falar de uma área que mobiliza anualmente 155 mil milhões de dólares. Se apenas uma fração deste dinheiro seria ou não suficiente para acabar com as tristezas humanas, ou saber se este dinheiro é usado junto de quem mais precisa no terreno, é outra discussão. O jornal britânico recordou situações do passado, ao anunciar que o dinheiro recolhido após o terramoto no Haiti foi alvo de corrução que envolveu também responsáveis da ONU. Segundo o Independent, as Nações Unidas ainda não pediram desculpa sobre este assunto: “Passaram 6 anos sobre estes acontecimentos e ainda não foi dada uma declaração satisfatória à opinião pública mundial”. Em África, os nomes dos soldados das forças de paz são associados com abusos de crianças. Os países mais poderosos que por um lado falam da tristeza dos seres humanos e dizem que é preciso resolver a situação, por outro lado fazem acordos para a venda de armas com os ditadores que são o motivo por detrás das tristezas.

E apesar de toda esta hipocrisia, o setor da ajuda humanitária continua a crescer a toda a velocidade. A maior fatia deste setor é dominada pelas organizações de ajuda humanitária vinculadas à ONU. A ONU recebe comissões de até 7%, sem que seja dado nenhum apoio na utilização das ajudas recolhidas. Só o Programa Alimentar Mundial emprega 14 mil pessoas.

Durante a Cimeira Humanitária Mundial, o secretário geral da ONU Ban Ki-moon passeou pelos stands das organizações de ajuda. O stand onde passou mais tempo foi o de uma conhecida organização chamada “Save the Children”, que traduzido significa “Salvem as Crianças”. O presidente desta associação recebe um salário anual de quase 350 mil dólares.

No programa anterior dissemos que “A Turquia prepara-se para dar uma lição ao mundo sobre a ajuda humanitária”. A Turquia deu esta lição. Tendo em conta que o salário anual do presidente de uma organização humanitária estrangeira é de quase 350 mil dólares, o presidente do Crescente Vermelho Turco – uma organização que chega a milhões de pobres em dezenas de países do mundo – faz o seu trabalho a título voluntário. Os que ocupam cargos de liderança nestas organizações humanitárias recebendo salário de um 1 milhão de liras, podiam renunciar a este seu direito para dar alegrias a mais crianças.

Termina aqui o programa de hoje escrito por Selahattin Bostan - o encarregado de imprensa do Crescente Vermelho Turco – com as suas opiniões sobre os resultados da Cimeira Humanitária Mundial realizada em Istambul, entre os dias 23 e 25 de maio. O programa “A Mão Amiga da Turquia” da Rádio TRT Voz da Turquia regressa na próxima semana. Até lá, fique bem.



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