A Cimeira Humanitária Mundial realiza-se em Istambul

Durante a Cimeira Humanitária Mundial, a Turquia também terá a oportunidade de falar sobre a sua própria política de ajuda humanitária.

496344
A Cimeira Humanitária Mundial realiza-se em Istambul

A Cimeira Humanitária Mundial, que se realiza pela primeira vez, vai ter lugar em Istambul. Já a seguir, apresentamos um trabalho elaborado por Selahattin Bostan, o encarregado de imprensa do Crescente Vermelho Turco.

A Turquia prepara-se para ser a anfitriã de uma cimeira muito importante entre os dias 23 e 24 de maio. Vai reunir-se em Istambul a Cimeira Humanitária Mundial pela primeira vez. O pretexto básico por detrás desta reunião da cimeira, pode-se resumir como sendo as tristezas vividas no mundo. Isto porque o mundo, ao fim de tantos desastres naturais, guerras e combates armados, vive um período em que a tristeza humana subiu ao nível máximo desde a II Guerra Mundial.

Todos os anos, 60 milhões de pessoas têm que deixar o país onde nasceram, os locais onde cresceram e as suas casas. Batem à porta de outros países enquanto imigrantes. Por vezes, perdem a vida enquanto tentam chegar a outros países por meios ilegais. Passou a ser usada a expressão “o maior cemitério do mundo”. Todos os anos, quase 218 milhões de pessoas são afetadas por desastres naturais e passam a precisar de ajuda humanitária em várias áreas.

O custo para o mundo dos desastres que nos afetam, supera os 300 mil milhões de dólares. É neste contexto, que através da iniciativa do secretário geral da ONU Ban Ki-moon, se reunirá pela primeira vez a Cimeira Humanitária Mundial. Vai assim ser possível reunir no mesmo local aqueles que precisam de ajuda e aqueles que querem ajudar. Vão ser procuradas respostas para a pergunta “como transformar o mundo num local mais habitável?”.

Nesta cimeira, vai também tentar encontrar-se uma resposta para a questão “como tornar o sistema de ajuda humanitária mais eficaz?”, numa altura em que aumenta a grande velocidade o número de pessoas que necessitam de ajuda humanitária. Ninguém coloca em dúvida de que isto seja uma obrigação. Serão discutidos por todas as partes os êxitos e os fracassos do sistema de ajuda humanitária ao nível global. Vão ser apresentadas novas propostas orientadas para o futuro. Algumas destas propostas passarão a ser linhas de rumo que irão ser seguidas pelo setor da ajuda humanitária ao longo dos próximos anos.

Na Cimeira Humanitária Mundial, a Turquia também terá a oportunidade para falar da sua própria política de ajuda humanitária. Seguindo a sua tradição de ajuda humanitária dada ao longo da sua história e cultura, a Turquia começou a dar passos nesta área em meados da década de 80. As ajudas humanitárias internacionais da Turquia – que começaram sob a forma de ajuda alimentar a alguns países – aumentaram mais com o desenvolvimento económico do país e com a estabilidade política.

As ajudas humanitárias turcas ganharam velocidade nos últimos anos e já chegam a quase todo o mundo. A ajuda humanitária da Turquia voltou a variar nos últimos anos, e começou a registar-se uma grande transformação tanto ao nível da qualidade como da quantidade. A Turquia está presente em todos os locais do mundo, ao mesmo tempo que oferece ajudas de caráter bilateral aos países que vivem catástrofes humanitárias. Aumentou também a colaboração no seio da ONU. A Turquia tornou-se numa das peças importantes do Programa Alimentar Mundial e do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários. Começou também a realizar projetos comuns com organizações da ONU como a UNICEF.

Para além destas colaborações, a Turquia dá também uma grande importância à cobertura. E por isso, todos os anos vai crescendo a importância da Turquia na liga da ajuda humanitária.

Olhar apenas para os últimos anos seria suficiente para mostrar a distância percorrida pela Turquia. Em 2 013, o montante da ajuda humanitária oficial da Turquia era de 1,6 mil milhões de dólares. Este montante aumentou 47% em 2 014. As ajudas oficiais de desenvolvimento da Turquia, aumentaram 8,6% no último ano. Nos últimos 12 anos, esta ajuda aumentou 42%.

Segundo o Relatório de Ajuda Humanitária Global, com este volume de ajuda a Turquia fica apenas atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido como o terceiro maior país dador à escala mundial. Mas se tomarmos em conta o rendimento nacional, a Turquia é o “país mais generoso”.

Foi decidido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros qual a abordagem a seguir pela Turquia na Cimeira Humanitária Mundial. De acordo com o definido, a Turquia irá sublinhar os benefícios da “luta com a ajuda humanitária tendo como foco o desenvolvimento das crises humanitárias recorrentes que se transformam em crises crónicas”. De alguma forma, será novamente transmitida a necessidade de “ensinar a pescar em vez de dar peixes”. Se as ajudas humanitárias dadas apenas em África tivessem sido dadas no âmbito das ajudas ao desenvolvimento, África já teria deixado de ser um continente à espera de ajudas humanitárias.

Na Cimeira Humanitária Mundial a Turquia dirá a todo o mundo que o volume atual de ajuda humanitária não chega para curar as feridas. O número de pessoas que precisam de ajuda, duplicou nos últimos 10 anos. Todos os anos, 250 milhões de pessoas passam a precisar de ajuda e têm influência nas crises económicas e sociais. As guerras obrigam todos os anos 60 milhões de pessoas a fugir das suas casas. Só em 2 015, 8 milhões de pessoas no Iraque precisaram de ajuda. 4,5 milhões de pessoas passaram à condição de imigrantes. 4,8 milhões de pessoas tiveram que sair das suas casas e deslocar-se para outras regiões do seu país. A Turquia diz ao líderes mundiais que vai hospedar durante a Cimeira Humanitária Mundial que “a ordem atual não funciona, este fogo também vos vai queimar”.

O programa que acabámos de transmitir, reflete as opiniões de Selahattin Bostan, o encarregado de imprensa do Crescente Vermelho Turco, sobre a abordagem da Turquia que será a anfitriã da Cimeira Humanitária Mundial.



Notícias relacionadas