A nova visão da Turquia

(Transcrição do programa de rádio)

Olá caros ouvintes da Rádio TRT Voz da Turquia, sejam bem vindos a mais uma edição do programa “A Nova Visão da Turquia”. No programa de hoje, vamos abordar a questão do desemprego.

Nos nossos dias, o desemprego é um dos maiores problemas que afeta o mundo moderno. O desemprego é uma situação presente em quase todos os países e constitui um grave problema social nos países subdesenvolvidos, nos países em desenvolvimento e também nos desenvolvidos.

A taxa de desemprego situa-se nos 5% nos países desenvolvidos, sobe em média para os 10% nos países em vias de desenvolvimento, e está entre 10-30% nos países subdesenvolvidos. Apesar da Turquia ter uma importante demografia e recursos muito limitados, a sua taxa de desemprego é baixa. A Turquia figura na lista de países “raros”, que conseguem lutar contra o desemprego graças aos seus próprios métodos e técnicas.

Podemos falar de dois projetos ao nível macro para encontrar uma solução para o desemprego. O primeiro diz respeito aos esforços das autoridades locais no sentido de formar pessoas qualificadas. O segundo, tem por base o apoio social ao emprego, dado pela Agência Nacional para o Emprego. Podemos também incluir os apoios destinados aos produtores, nas regiões onde os investimentos estão a ser encorajados. Neste contexto, podemos dizer que o desemprego – que é um problema global – está a um nível gerível na Turquia.

Os municípios, e em particular os municípios de Istambul e Ancara, estão a oferecer cursos de aquisição de competências, que são outra forma importante de se obter mão de obra qualificada nos setores em que ela é precisa.

Os programas de formação oferecidos abarcam diversos domínios, para que os participantes nestes programas possam adquirir as competências necessárias e aumentar as suas hipóteses de encontrar um emprego.

Na realidade, é absolutamente essencial ter competências. Esta questão é de extrema importância na Anatólia. A história recente da Anatólia, mostra que este tema é de grande importância.

Segundo reza a lenda, o filho do rei apaixonou-se pela filha de um homem comum. Ele queria-se casar com ela, mas o seu pai – o rei – opunha-se a esta união. O rei queria que o seu filho encontrasse uma rapariga que lhe conviesse. Contudo, o seu filho insistiu e disse que não renunciaria ao seu amor. O rei deu-se então conta de que o seu filho estava mesmo determinado a não abandonar esta jovem, e falou desta situação com o seu vizir.

O vizir sugeriu-lhe que pedisse a mão desta jovem em casamento, uma vez que o príncipe insistia nesse sentido. E assim foi, decidiram então finalmente pedir a mão desta jovem em casamento.

Esta notícia foi dada a conhecer em casa da rapariga, para que o seu pai soubesse que o rei e a corte chegariam nessa noite.

O homem começou então a tratar dos preparativos. O rei entretanto chegou. O homem, tentou acolher o rei da melhor forma possível na sua modesta casa. Ele estava receoso mas ao mesmo tempo curioso. Porque é que o rei lhe ia aparecer em casa?

O vizir tomou então a palavra: “Nós estamos aqui para pedir a mão da sua filha em casamento”. O pai da jovem disse sentir-se honrado, mas primeiro quis saber se o jovem que queria casar com a sua filha tinha uma profissão ou alguma competência.

O rei ficou enraivecido. Como se atrevia este homem a fazer tal pergunta ao herdeiro de um trono de um imenso país?

O rei respondeu ao homem que apenas estava à procura de desculpas e que se ia embora. O pai da jovem disse então com uma voz fraca e titubiante:

“Se quiser, poderá tomar a minha filha pela força, mas se quiser obter o meu consentimento, eu não quero que a minha filha se case com ninguém que não tenha competências nem qualidades”.

A noite terminou com amargura.

O rei disse ao seu filho o que se tinha passado, mas ainda assim o príncipe insistiu.

Finalmente, o rei e a sua equipa decidiram ajudar o príncipe a adquirir competências o mais rapidamente possível, e ensinaram-no a tecer tapetes.

O pai da jovem deu então finalmente o seu consentimento e o casamento avançou. Algum tempo mais tarde, o rei morreu e o seu filho sucedeu-lhe no trono. Mas um dia, um bando de criminosos efetuou um ataque ao palácio. Eles pilharam tudo o que puderam e sequestraram o rei, que passou a ser refém dos criminosos.

Todos os dias, os bandidos iam apreendendo mais tesouros escondidos. Depois do rei ter sido expropriado de todas as suas riquezas, os criminosos decidiram matar o rei. Ele respondeu-lhes que sabia tecer belos tapetes, e que eles poderiam vender os seus tapetes e ganhar mais do que com o seus tesouros.

Os bandidos aceitaram a proposta do rei e deram-lhe as ferramentas para que ele pudesse então fazer os tapetes.

No mercado, o rei encontrou um comprador para o seu tapete, a um preço mais alto do que o valor do tesouro. Os bandidos ficaram contentes, e por isso ordenaram ao seu refém que fizesse tapetes noite e dia.

Cada tapete feito pelo rei, conseguia fazer mais dinheiro que o tapete anterior.

Um dia, o rei teceu secretamente num dos seus tapetes o código dando a conhecer o local onde se encontrava, e passando também a informação de que estava refém e indicou o número de pessoas que o estavam a sequestrar.

Os homens do rei descobriram o código e encontraram o local onde o rei estava a ser mantido em cativeiro. De imediato se preparam e partiram para salvar o rei.

O rei conseguiu finalmente reocupar o seu lugar no trono. Uma simples competência, permitiu ao rei salvar o seu reinado.

É com esta mesma lógica que várias administrações locais na Anatólia oferecem cursos de formação para dar competências às pessoas.

Este tipo de dinâmicas culturais - invisíveis nos dados macro-económicos – são uma forte influência que faz equilibrar a taxa de desemprego na Turquia e que reforça a economia.

O programa de hoje fica por aqui, contamos consigo na próxima edição de “A Nova Visão da Turquia”, da Rádio TRT Voz da Turquia. Até à próxima.