A Perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente

Fez agora 40 anos, e no dia 30 de março mais precisamente, que o estado hebreu matou com violência durante uma manifestação dos palestinianos.

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A Perspetiva da Turquia sobre o Médio Oriente

Na quarta feira, dia 30 de março, milhares de palestinianos realizaram uma manifestação para assinalar aquela que ficou conhecida como a 40ª Jornada da Terra em Israel e nos territórios ocupados. O objetivo desta manifestação, é protestar contra o roubo sistemático de terras por parte de Israel, que já dura há décadas.

Fez agora 40 anos, e no dia 30 de março mais precisamente, que o estado hebreu matou com violência durante uma manifestação de palestinianos, matando 6 pessoas. Estas pessoas manifestavam-se contra a expropriação de 2 000 hectares de terreno pertencentes a palestinianos, decretada pelos israelitas que vivem no norte do país e que tinham como objetivo usar estas terras para construir um colonato judeu. Há 40 anos, esta resistência foi o primeiro ato de desobediência civil em massa, levado a cabo contra as políticas discriminatórias e de expropriação de terras encetadas pelo estado hebreu. A Jornada da Terra, tornou-se assim num dia de comemoração, durante o qual os palestinianos se reunem todos os anos.

A política de expropriação de terras palestinianas continua sistematicamente, desde o dia em que foi proclamada a independência de Israel. Esta política afeta os árabes, tanto os que têm o estatuto de cidadão no interior do território israelita, como aqueles que vivem nos territórios ocupados. Não há qualquer dúvida, de que esta política vai contra o direito internacional.

Os colonos judeus, são instalados em terras dos palestinianos, que primeiro são despejados e expropriados da sua terra. Uma parte importante destes colonos judeus, são homens que nasceram ou cresceram noutros países. A política de confisco de terras dos palestinianos, é parte integrante de uma política que visa despatriar os palestinianos ao longo do tempo.

A Organização para a Libertação da Palestina, emitiu uma declaração por ocasião da Jornada da Terra. Nesta declaração, Israel é condenado pelas suas políticas discriminatórias, que dão terras à população judia na sequência do confisco dessas terras que são retiradas à população palestiniana.

Apesar das tentativas da comunidade internacional, já há muitos anos que o estado hebreu se recusa a pôr em prática a propalada solução de dois estados, segundo as fronteiras de 1 967. O conflito israelo-palestiniano, que parece nunca acabar, implica quase sempre um maior confisco de terras palestinianas.

Os palestinianos, bem como os beduínos – que o governo israelita tenta exilar para o deserto do Neguev – e ainda os ativistas de paz israelitas, participam nestas manifestações. É de sublinhar que este ano, o representante do grupo dos Rabinos para os Direitos do Homem, também esteve presente na manifestação.

As manifestações deste ano desenrolaram-se após uma nova vaga de confisco de terras. Esta nova vaga representa uma situação terrível, nunca antes vista desde o começo dos anos 90, o período em que começou o processo de Oslo.

No mês de março, Israel passou à ação e expropriou um terreno de 1 200 hectares no norte e no centro da Cisjordânia. Metade deste terreno será usado para aumentar os colonatos já existentes. Na outra metade do terreno, serão instalados novos colonatos.

Segundo a Resolução 242 adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, após a guerra de 1 967, estes territórios têm o estatuto de ocupados. Por isso, esta resolução considera que a aquisição de terras com recurso à ocupação, é contra o direito internacional.

Esta mais recente iniciativa, é uma das principais razões que está na origem do eclodir da Intifada de Jerusalém que se vive atualmente.

Estas políticas dão claramente a seguinte mensagem, tanto à sociedade palestiniana como israelita: o estado hebreu não quer nem a paz nem a solução dos dois estados.

Israel é constantemente condenado pela comunidade internacional. No entanto, as condenações parecem não ter qualquer dimensão dissuasora na política israelita, que consiste em confiscar ilegalmente os territórios e as terras dos palestinianos. Pelo contrário, os Estados Unidos e a União Europeia continuam a dar a Israel apoio militar, financeiro e outras formas de apoio, a um país que é considerado desenvolvido no plano económico. Neste contexto, é impossível conseguir que as condenações sejam dissuasoras.

Não existe no horizonte nenhuma solução que possa pôr fim ao tratamento injusto a que a população palestiniana é submetida. O facto de não vislumbrarem nenhuma solução, torna ainda mais significativa esta jornada de comemoração da terra.



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