A Mão Amiga da Turquia

Os serviços prestados aos sírios recém-chegados a Kilis. As forças do regime sírio e a força aérea russa – apoiada pelas milícias do Hezbollah – iniciaram um ataque contra o norte de Alepo.

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A Mão Amiga da Turquia

(Transcrição do programa de rádio)

Olá caros ouvintes da Rádio TRT Voz da Turquia, sejam bem-vindos a mais uma edição do programa A Mão Amiga da Turquia.

Foi levado a cabo um ataque contra Alepo, com o apoio das forças do regime sírio, da Rússia, do Irão e do Hezbollah. Dezenas de pessoas, que fugiam do conflito, chegaram até à fronteira de Kilis. Já a seguir, vamos explicar os serviços que a Turquia presta aos seus hóspedes sírios recém-chegados, através da avaliação feita por Selahattin Bostan, o conselheiro de imprensa do Crescente Vermelho Turco (Kizilay).

Alimentar todos os dias 3 países

Já passaram 5 anos desde o início da guerra na Síria, que começou em março de 2 011. Milhões de pessoas vivem agora longe das suas casas, terras e memórias, desde há 5 anos. Só na Turquia, vivem mais de 2,5 milhões de hóspedes sírios. Se considermos os sírios que também estão no Líbano, na Jordânia, no Egito e no Iraque, constatamos que cerca de 5 milhões de pessoas se viram obrigadas a fugir da sua pátria. Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas tenham sido obrigadas a deixar as suas casas mas estejam ainda a viver na Síria.

Pondo de lado os números, a situação é muito grave se considerarmos tudo como se de uma só vida se tratasse. A Turquia tem sido criticada ultimamente, por não ter lutado ativamente contra os imigrantes que tentam chegar à Europa. Mas pensa-se que seja de cerca de um milhão, o número de imigrantes que chegaram à União Europeia numa população total de 500 milhões de habitantes.

Todas as disputas têm por base este número de 1 milhão de pessoas. Ou seja, a União Europeia admite que não é capaz de acolher um milhão de pessoas no total. Agora perguntamos: A Alemanha pode responder todos os dias, às necessidades da Eslovénia que tem 2 milhões de habitantes, do Luxemburgo que tem meio milhão de habitantes e de Malta, que tem 400 mil habitantes? Ou seja, a Alemanha irá dar todos os dias comida às crianças, mulheres, homens e velhos nestes três países, e responderá a todas as suas necessidades de educação. E vai continuar a fazê-lo durante 5 anos. Será isto possível?

Se fizessem esta pergunta a um alemão, diria imediatamente que não, que este custo não poderia ser assumido. Se perguntarem aos líderes da Alemanha, dirão também que não, que tal não seria possível e que a Alemanha não poderia assumir sozinha este peso, e que teriam que partilhar o esforço com os países da União Europeia.

A Turquia há 5 anos que faz isto. Ou seja, a Turquia dá todos os dias comida a cerca de 3 milhões de pessoas, o que equivale à população total da Eslovénia, do Luxemburgo e de Malta. E dá também abrigo a estas pessoas. Algumas pessoas estão refugiadas em acampamentos, outras em cidades. A Turquia oferece-lhes roupa e assegura oportunidades de educação às crianças, e cursos profissionais às mulheres. Apresenta oportunidades de emprego a muitas pessoas.

Estas pessoas, cujo número total equivale às populações dos 3 países antes mencionados, são alimentados de acordo com a tradição de caridade da Turquia. Se perguntarmos a um turco: “Poderá a Turquia oferecer ajuda a uma população de número igual à sua?”, a resposta será que tudo será possível para eles. Isto porque o povo turco sabe muito bem que ao fazer coisas boas, coisas boas nos vão acontecer a nós.

As forças do regime sírio e a força aérea russa – apoiada pelas milícias do Hezbollah – iniciaram um ataque contra o norte de Alepo.

Depois destes ataques, que ocorreram mesmo ao lado da fronteira turco-síria, milhares de pessoas vieram refugiar-se na Turquia enquanto porto seguro. E dezenas de sírios fizeram-se à estrada a caminho de Kilis. Cerca de 50 mil novos hóspedes sírios chegaram ao acampamento mesmo em frente de Kilis.

A Turquia continua a atuar como se eles fossem hóspedes nas suas casas. O mundo nunca diz que sim, nem partilha esta responsabilidade. Eles não vão fazer nada. Na Turquia nunca ninguém se interroga acerca da etnia ou da fé das pessoas, como fazem alguns países europeus. Nunca atuamos como se eles não estivessem ali, colocando arame farpado na fronteira.

A AFAD – Administração para os Desastres e Situações de Emergência do Gabinete do Primeiro Ministro, o Crescente Vermelho Turco e outras organizações não governamentais, organizaram-se para ajudar. O Crescente Vermelho Turco instalou duas mil tendas na primeira etapa. Começou-se imediatamente a distribuir mantas, água e comida. Os doentes receberam tratamento em Kilis.

Foi dada uma importância especial às crianças e aos velhos. Foram distribuídas roupas de inverno e foi também oferecida comida quente. Atualmente, são distribuídas todos os dias refeições quentes a 50 mil pessoas. Todos os dias, são feitos 100 mil pães para os nossos hóspedes.

A Turquia pode também acolher estes hóspedes recém-chegados até ao final. Se os países europeus tirarem lições desta situação, o povo turco pode continuar a ajudar. O fogo queima onde cai e não há nada como o nosso vizinho para curar as feridas. Desejamos que todos os países tenham um vizinho como a Turquia.

Este programa foi escrito por Selahattin Bostan, conselheiro de imprensa do Crescente Vermelho Turco.



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