Cimeira dos Brics prova que Putin não está isolado
O grupo de países emergentes, Brics, vai lançar um banco de desenvolvimento na cimeira desta semana em que o presidente russo, Vladimir Putin, espera diminuir o predomínio das instituições financeiras ocidentais e mostrar que a Rússia não está isolada.
No encontro a ser realizado na distante cidade russa de Ufá – originalmente uma fortaleza erguida por ordem do czar Ivan, o Terrível –, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul pretendem dar os toques finais num fundo de emergência de 100 mil milhões de dólares em reservas.
Os Brics representam um quinto da produção económica do mundo e 40 por cento da sua população. O fundo e o Novo Banco de Desenvolvimento, que tem um capital inicial de 50 mil milhões de dólares, é essencial para os esforços do grupo para reformular o sistema financeiro liderado pelas potências ocidentais.
“Nesta reunião, colocaremos em funcionamento as nossas duas maiores instituições, o que é crucial para avançarmos como grupo e aprender mais uns com os outros”, disse um representante brasileiro envolvido nos preparativos da cimeira. “Ninguém achava que isto seria possível, há um ano atrás, quando ratificamos as propostas”, acrescentou o funcionário, que pediu para não ser identificado por não ter permissão de falar publicamente sobre o encontro de dois dias que começa na quarta-feira.
Para Putin, cujo foco se voltou às economias emergentes, especialmente a Ásia, depois que o Ocidente impôs sanções a Moscovo devido ao seu papel na crise da Ucrânia, a cimeira também é uma forma de mostrar ao Ocidente que a Rússia pode viver sem as potências ocidentais.
“Os Brics, além do seu poder económico e pragmatismo, tornaram-se um fator influente na política global”, disse o ministro russo dos negócios estrangeiros, Sergei Lavrov, na semana passada. Lavrov negou que as iniciativas dos cinco países para unir forças, se dirijam contra quaisquer outros e louvou o seu “importante papel estabilizador” em questões internacionais.
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