Curdos na Síria protestam contra as políticas opressivas do PYD

Líder do KNC Ibrahim Biro diz que o PYD está trabalhando ativamente contra qualquer grupo que considerava uma ameaça, durante a tentativa de afirmar seu controle sobre o norte da Síria, usando a luta contra o DAESH como um pretexto.

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Curdos na Síria protestam contra as políticas opressivas do PYD

Centenas de curdos protestaram na terça-feira contra as políticas do Partido da União Democrática (PYD) em Al-Hasakah, na Síria.

Quase uma dúzia de detenções de figuras políticas de étnia dos curdos na Síria provocaram uma polêmica interna e o pedido de protestos na cidade a nordeste de Qamishli.

Apoiantes do Partido Democrático do Curdistão da Síria (PDK) nas áreas de Qamishli, Amude, Girke Lege e Tirbespi protestaram contra a onda de detenções de militantes do PYD no Curdistão sírio contra funcionários e membros do PDK e do Conselho Nacional Curdo (KNC).

Após as manifestações, alguns manifestantes, incluindo um político e membros do Partido da União curda foram presos por militantes do PYD.

O líder do KNC, Ibrahim Biro, foi extraditado no domingo, depois de passar um dia na prisão de Asaiysh em Amude.

Biro foi preso pelo PYD, juntamente com o líder do Partido Curdo da União, Sleman Oso, mas foram ambos libertados.

A Turquia considera a PYD como a extensão síria do PKK e um grupo terrorista.

A Turquia, juntamente com a OTAN e os Estados Unidos consideram o PKK como um grupo terrorista.

Violações dos direitos humanos do PYD

Biro afirmou nesta quarta-feira o PYD está violando os direitos humanos e as nações ocidentais estão ignorando suas ações.

Em comentários exclusivos a Agência Anadolu, Biro disse que o PYD estava trabalhando ativamente contra qualquer grupo que considerava uma ameaça, durante a tentativa de afirmar seu controle sobre o norte da Síria, usando a luta contra o DAESH como um pretexto.

"Eles estão explorando a luta [internacional] contra o grupo terrorista DAESH para atacar os seus adversários", disse ele.

Nos últimos meses, o PYD já teria realizado uma "limpeza" étnica de zonas sob o seu controle, realizando detenções arbitrariamente de seus adversários políticos e forçando os residentes locais a lutarem em seu nome.

Biro passou a afirmar que os países ocidentais tendem a ignorar as violações de direitos cometidas pelo PYD no norte da Síria, uma política que ele disse "facilitar a dominação permanente do grupo da região".

Ele acrescentou que o KNC, uma coalizão de partidos curdos sírios, geralmente em desacordo com o PYD, possui evidência documentada de violações do PYD.

"Pretendemos apresentar esta prova aos diplomatas estrangeiros baseados em Erbil", disse ele, referindo-se a capital administrativa da região curda semi-autônoma do Iraque.

"Nós não vamos ficar em silêncio sobre a agressão do PYD contra o nosso povo. Os curdos da Síria não se revoltaram contra Damasco apenas para trazer outro ditador."

Ele continuou a exortar os países ocidentais, particularmente os EUA, a "reconsiderar" o seu apoio ao PYD, salientando que o último foi "não era a única força armada na região".

"Há também forças Peshmerga sírias leais ao Conselho Nacional Curdo que estão mais do que prontas para lutar."

O líder curdo afirmou que os países ocidentais "estão usando o PYD para prosseguir as suas agendas na Síria; mas não continuará assim para sempre".

"Nossos forças [Peshmerga] na região curda do Iraque em breve passarão para o Curdistão sírio no norte da Síria. Os países ocidentais vão acabar lamentando seus erros."

"Nosso povo nunca seguiu o PYD ou tomou uma postura pró-PYD", disse ele.

"O grupo pode ter armas e dinheiro, mas a maioria das pessoas não compartilham de sua ideologia.

"Nós aprendemos com a experiência. Nós lutamos contra a tirania do regime de Assad e agora nós rejeitamos a tirania de um regime curdo."

No final de 2015, a Anistia Internacional divulgou um relatório em que documentou as violações dos direitos humanos por parte do YPG que é o braço armado do PYD.

As Nações Unidas também várias vezes relataram as violações dos direitos humanos na Síria.

Fonte: TRTWorld e agências



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