Negociações nucleares com o Irão seguem com "otimismo prudente"

Um otimismo marcado pela prudência marcou, quinta-feira, a negociação para garantir que o Irão não desenvolva armas atómicas, numa jornada na qual seis dos sete ministros dos negócios estrangeiros envolvidos estiveram em Viena para tentar avançar rumo a um acordo que esperam fechar antes de domingo.

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Negociações nucleares com o Irão seguem com "otimismo prudente"

Após a dura roda de contatos bilaterais de hoje e antes de partir de Viena, o ministro negócios estrangeiros francês, Laurent Fabius, disse que se reincorporará à negociação no domingo e que espera que nesse dia se esteja em condições de "avançar em direção a uma solução definitiva que permita um acordo robusto".

O mais positivo foi o responsável chinês dos negócios estrangeiros, Wang Yi, que afirmou que há "uma elevada possibilidade" que se alcance um acordo nos próximos dias, após 20 meses de negociações entre o Irão e as seis grandes potências (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).

No outro extremo da escala de otimismo, o ministro alemão, Frank-Walter Steinmaier, opinou que todos têm "a séria intenção de chegar a um acordo", mas duvidou que no final haja "suficiente vontade e coragem".

As grandes potências e o Irão marcaram como prazo o próximo dia 7 para chegar a um acordo que limite o programa atómico iraniano de modo que não possa desenvolver armas atómicas, mas permitindo o uso civil.

Em troca de reduzir seu programa nuclear, o Irão veria suspensas as sanções internacionais que há anos estrangulam a sua economia.

Numa tentativa de acelerar as negociações deslocaram-se também a Viena, além de Fabius, os ministros dos negócios estrangeiros do Reino Unido, Philip Hammond, assim como a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini.

Na capital austríaca eram esperados pelos seus colegas do Irão, Mohamad Javad Zarif, e dos EUA, John Kerry.

"Estamos a avançar, mas ainda não chegamos lá. Estamos a avançar bastante bem", disse Mogherini, que atua como coordenadora das grandes potências na negociação com o Irão.

A maioria dos ministros, com exceção de Kerry e Zarif, deixou Viena com planos de voltar nos próximos dias.

Apesar de quase não haver informação oficial a respeito, nos últimos dias aumentaram os comentários sobre avanços em dois grandes assuntos por resolver: o ritmo de suspensão das sanções económicas contra o Irão e o regime das inspeções às quais seriam submetidas as instalações nucleares e militares iranianas.

Por um lado, o Irão estaria agora disposto a ceder e aceitar que as sanções que lastram sua economia sejam retiradas progressivamente, conforme se verifique que cumpre o acordo, e não de forma imediata como reivindicava.

Por outro, os EUA aceitariam que o regime de inspeções às instalações nucleares iranianas não inclua automaticamente bases militares, algo no que insistiam as grandes potências e ao que Teerão se negava argumentando questões de segurança nacional.


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