Israel explora crianças palestinianas

Quintas nos colonatos israelitas “lucram com abusos dos direitos humanos contra crianças palestinianas” – de acordo com a Human Rights Watch.

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Israel explora crianças palestinianas

A Human Rights Watch disse esta segunda-feira, que os colonos israelitas nos territórios ocupados estão a explorar crianças palestinianas, usando-as como trabalhadores mal pagos e impedindo-as de ir à escola.

No relatório de 74 páginas, a organização sediada em Nova Iorque disse que crianças desde os 11 anos de idade, trabalhamna Cisjordânia ocupada por Israel, em condições perigosas e em violação das normas internacionais.

“Os colonos israelitas estão a lucrar com o abuso dos direitos humanos contra as crianças palestinianas” – afirmou Sarah Leah Whitson, que dirige a secção da Human Rights Watch para o Médio Oriente e Norte de África.

“As crianças de comunidades empobrecidas sofrem com discriminação e política de colonatos imposta por Israel. As crianças abandonam a escola, e são conduzidas para trabalhos perigosos porque acham que não têm alternativas. Israel faz de conta que não vê” – acrescentou Whitson.

As crianças recebem baixos salários e trabalham nas colheitas sob altas temperaturas ou embalam produtos agrícolas - na sua maioria para exportação.

A Human Rights Watch, apelou por isso ao boicote internacional contra os produtos agrícolas oriundos dos colonatos israelitas na Cisjordânia.

“Os colonatos são um palco diário de abusos, incluindo sobre as crianças” – afirmou Sarah Leah Whitson, que salientou também que “outros países e empresas não devem beneficiar da situação de exploração que ali se vive”.

A lei internacional considera a Cisjordânia e Jerusalém Leste como territórios palestinianos ocupados por Israel, e como tal a construção de colonatos israelitas na zona é ilegal.

No mês passado, o enviado especial das Nações Unidas para o Médio Oriente, Robert Serry, disse que a construção recorrente de colonatos na Cisjordânia é ilegal, e pode matar a possibilidade de se alcançar um acordo de paz com a solução de dois estados proposta pelas Nações Unidas.

O plano da ONU prevê a criação de um estado palestiniano, a viver lado a lado e em paz com Israel, de acordo com as fronteiras definidas antes de 1967.

Israel limitou o acesso dos palestinianos às terras férteis e à água na Cisjordânia, o que de acordo com o Banco Mundial, custa aos palestinianos cerca de 700 milhões de dólares por ano.

No relatório da Human Rights Watch, onde figuram entrevistas com 38 crianças que trabalham nas quintas dos colonatos israelitas, pode ler-se que as crianças carregam cargas pesadas, estão expostas a pesticidas perigosos, e nalguns casos, são elas próprias a ter que pagar os tratamentos médicos para tratar ferimentos resultantes de acidentes de trabalho.

Quase todas as crianças entrevistadas disseram que não tinham alternativa, senão trabalhar nas quintas dos colonatos para ajudar as suas famílias.

O relatório refere ainda que algumas crianças sentem náuseas, tonturas e algumas até desmaiam, quando trabalham sob altas temperaturas, por vezes superiores a 40 graus centígrados.

 


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