Refugiados sírios trazem esperança para cidade alemã

Sem nenhum treinamento formal ou habilidades transferíveis, os refugiados têm encontrado dificuldades de integração em Siegsdorf.

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Refugiados sírios trazem esperança para cidade alemã

"É difícil colocar em palavras, o que foi necessário para chegar até aqui e como agora nos sentimos agora", disse a síria Medya. Ela estava lutando para explicar a sua viagem da Síria para a pequena cidade de Siegsdorf, na região bávara da Alemanha.

Medya estava segurando Rima, de dois anos - que tinha um ano de idade quando a família deixou Aleppo. Eles tinham viajado por toda a Turquia e em seguida atravessaram o mar Egeu para a Grécia. Em seguida, a Bulgária e, finalmente chegaram na Alemanha. "Está dada para minha filha uma chance para um futuro", disse Medya com lágrimas nos olhos.

A região da Baviera - no sul da Alemanha - tem recebido em milhares de refugiados desde 2014, alguns dos milhões de pessoas que desembarcaram na Alemanha na época. Eles mudaram a composição de cidades como Siegsdorf, onde o assentamento de quatro centenas de pessoas de fora tornou-se uma fonte de preocupação para os moradores.

"Oitenta e cinco por cento dos refugiados que temos reassentado são do sexo masculino e são mais simples", disse Thomas Kamm, o prefeito de Siegsdorf. O ex-engenheiro mecânico tinha sido prefeito de Siegsdorf por alguns anos quando recebeu um telefonema no meio da noite. "Foi-me dito para preparar urgentemente para 200 refugiados, principalmente da Síria, que estariam chegando em poucos dias", disse ele. "Convertemos um campo de futebol em um campo de refugiados quase da noite pro dia", disse ele.

"Foi uma viagem difícil de fazer. Mais difícil ainda foi deixar minha esposa e mãe para trás", disse Alaa al Madni, um dos refugiados em Siegsdorf.

Aos 43 anos de idade tornou-se um mentor de dezenas de refugiados mais jovens e os aconselha a chegar a um acordo com a vida na Alemanha. "A maioria dos homens aqui sentem falta de suas famílias. Isso os distrai para aprender a língua alemã e para ter uma melhor integração na sociedade", disse Alaa para TRT World. Ele disse que diz aos outros para permanecerem positivos e dá a sua própria vida como um exemplo anedótico. "Eles precisam manter o foco e aprender a língua alemã", disse Alaa.

"Aprender a língua é a chave para uma integração bem sucedida", disse Thomas Kamm. O prefeito explicou como a maioria das diferenças entre os refugiados e os moradores surge devido a baixa incapacidade de comunicação. "As diferenças religiosas têm muito pouco a ver com isso do que eu já vi", Kamm disse-nos.

"Há uma lacuna nas expectativas", disse Kamm, explicando como problemas com o reassentamento teve mais a ver com uma lacuna na educação e habilidades formais que poderiam ser aplicadas em postos de trabalho na Alemanha. "Quando eu perguntei pela primeira vez aos refugiados o que eles faziam na Síria, todos tinham uma resposta similar. Eles diziam que eram carpinteiros, mecânicos e empreiteiros. Quando perguntei se eles tinham treinamento formal para estes trabalhos, eles diziam que não," explicou Kamm. "Na Alemanha, você não conseguiria fazer esses trabalhos sem um treinamento formal", disse ele.

Sem nenhum treinamento formal ou habilidades transferíveis, os refugiados têm encontrado dificuldades para integração em Siegsdorf. A maioria dos moradores vieram para ajudar, formando o que eles chamam de um "círculo de ajuda" para os refugiados interagirem e praticarem a língua alemã.

No entanto, alguns ainda demonstram certo receio. Uma local que não quis ser identificado nos disse que ela estava com medo dos recém-chegados e suas crenças religiosas. "O Islã é uma religião estranha à Baviera, que não tem nada em comum com os nossos costumes", disse ela. "Temo que a presença desses refugiados irá afectar a forma como vivemos", disse ela.

"Os moradores têm geralmente aceitado, mas há uma cultura ingênua de medo de estranhos em lugares como Seigsdorf", disse Kamm, o prefeito. Kamm disse que apoiou a iniciativa do governo para receber mais refugiados, mas que "precisa ser feito de forma adequada, com um planejamento melhor do que antes."

Medya carinhosamente olhando para Rima, sua filha. "Levou muitos sacrifícios para chegar à Alemanha e esperamos tirar o melhor proveito dessa oportunidade", disse ela.

Fonte: TRTWorld



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