Merkel diz que não vão indemnizar a Grécia

A chanceler alemã disse ao primeiro-ministro grego que as indemnizações para as reparações da segunda guerra mundial são assuntos resolvidos em acordos do passado.

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Merkel diz que não vão indemnizar a Grécia

Merkel afirmou, depois da reunião com Tsipras em Berlim, que a Alemanha está ciente da sua responsabilidade histórica pelos crimes cometidos pelo regime nazi durante a segunda guerra mundial e pela ocupação da Grécia, mas responde dizendo que o caso das reparações já terá sido resolvido e sugeriu a expansão de projetos culturais e académicos para fomentar a reconciliação entre os dois países.

Merkel, na conferência de imprensa conjunta, disse: “Do ponto de vista do governo federal da Alemanha, o assunto das reparações é político e está legalmente fechado”. Propôs o fortalecimento do, já existente, fundo do futuro Greco-alemão para promover o intercâmbio entre as jovens gerações de ambos os países.

Sistemas totalitários

O primeiro-ministro grego, por seu lado, insiste que a Alemanha deve uma compensação à Grécia devido aos empréstimos forçados, apreensões e crimes cometidos durante o período em que os nazis ocupavam o seu país.

“Temos que clarificar as sombras da história”, afirmou Tsipras, referindo-se à segunda guerra mundial.

O governo Grego exige 162 mil milhões de euros de indemnização à Alemanha.

Tsipras argumenta que a exigência da Grécia é predominantemente um problema ético e moral, em vez de económico.

“Antes de tudo, é importante para o nosso objetivo, assegurar que estes sistemas totalitarista nunca mais possam chegar ao poder”, disse.

Eliminar estereótipos

As relações entre a Grécia, em crise, e o seu maior credor, a Alemanha, sofreram recentemente com as exigências da Grécia de indemnizações e desacordos entre Atenas e Berlim sobre o programa de ajuda financeira.

Ambos, Tsipras e Merkel, reconhecem as suas diferenças quanto à indemnização e às condições do programa de resgate, mas também têm tentado amenizar as tensões.

“Temos que eliminar os estereótipos que foram criados nos últimos anos”, disse Tsipras, referindo-se aos sentimentos anti alemães na Grécia e anti gregos na Alemanha.

“Nem os Gregos são pessoas preguiçosas, nem os alemães são culpados pelos problemas na Grécia”, acrescentou.

Tsipras desmentiu as especulações que a Grécia poderia confiscar propriedades alemãs no país para compensar as alegadas reparações da segunda guerra mundial.

Culpou anteriores governos, políticos corruptos e burocratas pela crise na Grécia e pediu ajuda à Alemanha na resolução de vário caso de corrupção envolvendo empresas alemãs.

Consenso

Tsipras disse que a sua intensão nesta primeira visita oficial à Alemanha, não é a de pedir financiamento mas para discutir as diferenças e tentar criar consenso.
Disse que o governo grego irá cumprir com as suas prometidas reformas económicas mas também tentar promover uma agenda de desenvolvimento, que asseguraria coesão social.

Tsipras, que tem sido um dos mais fortes críticos da exigência alemã para reformas económicas e medidas de austeridade, está atualmente a negociar com os credores europeus reformas económicas que possam ajudar o seu país a pagar a dívida pública.

O governo grego, que está totalmente dependente dos empréstimos de emergência do BCE, entrará em bancarrota se a próxima tranche do programa de ajuda não for entregue este mês.

Depois de uma maratona negocial, em Bruxelas, na semana passada, a Grécia concordou em entregar uma lista mais detalhada das reformas económicas para cumprir as suas responsabilidades de acordo com o plano dos credores europeus.


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