Ministro turco: Educação, outro alvo do "crime organizado"

Ministro da Educação da Turquia diz que fraude organizada em concurso público em 2010, comprova que ministério foi alvo de conspiração.

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Ministro turco: Educação, outro alvo do "crime organizado"

Há fortes indícios de que o Ministério da Educação da Turquia foi alvo de uma conspiração, que levou a fraude no concurso público em 2010, disse na quinta-feira o ministro da Educação, Nabi Avci.

"Estamos conscientes de que o Ministério da Educação Nacional foi um dos alvos de uma conspiração", disse à Agência Anadolu, referindo-se, sem dar nomes para o chamado "estado paralelo" - uma rede de burocratas e funcionários superiores incorporado em instituições do país, incluindo o poder judiciário e da polícia que, segundo o governo turco está tentando miná-lo.

Após uma investigação de 15 meses, a polícia turca realizou na última sexta-feira a detenção de dezenas, como parte da prova de fraude no exame KPSS em 2010, e supostamente envolvimento dos membros do "estado paralelo".

"O ministério iniciou uma ação administrativa contra 14 funcionários do ministério que estão entre os detidos", disse Avci, acrescentando que seriam tomadas todas as medidas necessárias contra todos os empregados que, comprovadamente, tenham sido contratados e colocados em posições de serviço público no âmbito do ministério por meio da fraude realizada.

75 pessoas foram detidas até o momento - 40 dos quais são funcionários públicos - em operações simultâneas em 19 províncias, incluindo Istambul, Bursa, Isparta, Samsun, Sakarya, Sivas, Eskisehir, Corum, Batman e Izmir.

Os suspeitos são acusados de participação em organização criminosa, fraude de documentos, atividade ilegal e lesiva a instituições públicas, destruição de provas criminais e abuso de poder.

Os suspeitos detidos negam as acusações contra eles. Quando questionado sobre como eles alcançaram a pontuação perfeita no exame, a maioria deles disse: "Nós trabalhamos duro e conseguimos."

Enquanto isso, quatro suspeitos confessaram os crimes. A partir de seus depoimentos, a polícia concluiu que todos os suspeitos estavam em contato uns com os outros, através de uma associação em Ancara. A investigação descobriu que as questões do exame KPSS foram levadas para esta associação e distribuídas.

A procuradoria de justiça de Ancara emitiu uma declaração de duas páginas, dizendo que o estado paralelo apresentou uma "grande ameaça" para a República da Turquia, trabalhando para se infiltrar em instituições governamentais, obtendo e utilizando o conteúdo do concurso público e usurpando assim os direitos de milhões de pessoas.

A declaração disse que, apesar de nenhum candidato receber a pontuação máxima - 120 de 120 - ou até mesmo 119 respostas corretas, o exame KPSS de 2010 exaltou os 350 examinandos que responderam a todas as 120 perguntas corretamente. Destes, 70 eram cônjuges, 23 com algum nível de parentesco, e 52 que viviam no mesmo prédio, local ou bairro.

Outra declaração do gabinete do procurador em Ancara indica que dos 3.227 candidatos que tiveram 100 pontos ou mais, 616 deles já estavam atuando como servidores públicos.


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