Presidente haitiano deixa o cargo sem sucessor eleito

O Presidente do Haiti Michel Martelly, deixou o cargo com uma cerimônia na Assembleia Nacional no domingo, escoltado por tropas da ONU e da polícia de choque, dada a crise política do país caribenho.

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Presidente haitiano deixa o cargo sem sucessor eleito

Michel Martelly terminou seu mandato presidencial, sem entregar o poder a um sucessor, em uma crise eleitoral destacando a longa luta do Haiti para manter a democracia nos 30 anos desde que a ditadura Duvalier terminou.

Martelly foi capaz de deixar o cargo, graças a um acordo de última hora antes de instalar um governo de transição após protestos prolongados que vem se tornando violentos.

"A história vai lembrar o meu fracasso, que eu, e somente eu, sou o responsável por estas eleições canceladas", disse o presidente haitiano, Michel Martelly.

O processo eleitoral foi interrompido após desafios da oposição, que condenaram um "golpe de Estado eleitoral" idealizado pelo poder executivo.

No primeiro turno das presidenciais em outubro, Moise ganhou oficialmente com 32,76 por cento dos votos, contra 25,29 por cento para Celestin, que denunciou esses resultados como uma "farsa ridícula".

Um segundo turno das eleições legislativas e presidenciais parciais, inicialmente previsto para 27 de dezembro foi adiado, impedindo Martelly de entregar o poder a um sucessor eleito em 7 de fevereiro, conforme previsto na Constituição.

A votação, que seria um segundo turno entre o candidato favorito de Martelly, Jovenel Moise e o candidato da oposição, Jude Celestin, foi cancelada após a escalada dos protestos por manifestantes que alegam que o jogo sujo tinha ajudado o candidato do governo a ganhar o primeiro turno.

O Presidente da Assembleia Jocelerme Privert, pediu uma "trégua" para permitir a estabilidade suficiente para organizar as eleições, já adiadas três vezes, a mais recente em janeiro.

O atual chefe de um governo interino disputado, o primeiro-ministro Evans Paul, realizou uma conferência de imprensa em Port-au-Prince e promoveu o "diálogo", na esperança de alcançar o "milagre político do Haiti".

Paul falou em uma coletiva de imprensa que o país não precisa cair no caos.

"As armas de mobilização não são necessárias hoje, porque o diálogo tem prioridade, o diálogo que se deu diante deste acordo. Um diálogo maior com todos os setores, com quem está no poder, os da oposição, os das ruas, a sociedade civil, para que possamos trazer o milagre da política haitiana ", disse ele.

As eleições foram marcadas para 24 de Abril e o vencedor assumiria o cargo em maio.



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