Rutura de barragem no Brasil deixou rio com níveis de cobre 600 vezes acima do permitido

Devido à libertação de 14 toneladas de resíduos após a tragédia, 112 hectares de floresta virgem foram devastados.

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Rutura de barragem no Brasil deixou rio com níveis de cobre 600 vezes acima do permitido

O nível de cobre nas águas do Rio Paraopeba, no estado brasileiro de Minas Gerais, é 600 vezes superior ao permitido nos rios que abastecem de água as populações ou cuja água é usada para irrigação agrícola, atividades de pesca ou recreativas.

De acordo com um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica, que recolheu amostras em 22 locais ao longo de 305 kms dos mais de 500 kms de extensão deste afluente, foram registados níveis de cobre de 2,5 a 5,4 mg/litro, quando o limite aceitável é de apenas 0,009 mg/litro: “Estes níveis são a consequência da rutura da barragem no passado dia 25 de Janeiro, que matou 142 pessoas e deixou outras 194 desaparecidas”

112 hectares de floresta virgem foram devastados devido ao arrastamento de detritos após a tragédia.

A análise concluiu que o Rio Paraopeba perdeu o seu estatuto de “importante manancial de abastecimento público e de múltiplos usos de água, devido às 14 toneladas de resíduos minerais arrastados e depositados no fundo do rio, depois do desastre”.

A bióloga Marta Marcondes, professora e coordenadora do Laboratório de Análise Ambiental do Projeto Índice de Contaminantes Hídricos (IPH), da Universidade Municipal de S. Caetano do Sul (USCS), explicou a gravidade da situação:

“Os metais que encontrámos são ferro, cobre e manganésio. Em pequenas quantidades, não representam um perigo para a saúde. A diferença que separa serem um veneno ou um remédio, é a dose. Eles tornaram-se tóxicos pela quantidade presente na água”.

O consumo de quantidades relativamente pequenas de cobre pode causar náuseas e vómitos, mas em grandes quantidades pode afetar os rins, inibir a produção de urina e causar anemia devido à destruição dos glóbulos vermelhos. O excesso de cobre dá também origem a dores musculares, fadiga, transtornos de aprendizagem e até dar origem a depressões.

Para além de altos níveis de ferro, cobre e manganésio, também se encontraram níveis de crómio até 42 vezes acima do limite legal. Este metal pode causar mutações e a morte.



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