O referendo da Administração Regional Curda do Iraque é uma decisão perigosa com sérias consequência

A liderança curda em Erbil está a pôr em perigo os interesses políticos e económicos do seu povo, ao tentar dividir o Iraque e ao afastar-se da Turquia, o seu aliado mais próximo.

814830
O referendo da Administração Regional Curda do Iraque é uma decisão perigosa com sérias consequência

A decisão da Administração Regional Curda do Iraque (IKBY na sua sigla em turco), de celebrar um referendo de independência no dia 25 de setembro, causou uma grande crise tanto ao nível regional como global. Ao longo dos próximos dias, deverão aumentar as repercussões desta decisão.

Os curdos iraquianos correm o risco de ficarem isolados e de perderem os ganhos que conquistaram ao longo de anos. Erbil, ao decidir convocar um referendo para a sua independência com o objetivo de reforçar a sua posição contra Bagdade, não avaliou bem a sua decisão nesta fase. Esta decisão terá sérias consequências e os seus resultados serão sentidos a vários níveis.

A reunião do Conselho de Segurança Nacional da Turquia, que se realizou no dia 22 de setembro, terminou com uma declaração dizendo que o referendo é “ilegal e inaceitável”. O governo de Trump também classificou o referendo como sendo “provocatório e desestabilizador”. O Conselho de Segurança das Nações Unidas também avisos semelhantes, e pediu a Erbil que cancelasse ou adiasse o referendo. A Europa e os países do Golfo Pérsico também fizeram declarações no mesmo sentido.

Nenhum país apoio a desintegração do Iraque. A única exceção é Israel, cujo primeiro ministro Benjamin Netanyahu apoia abertamente a criação de um Curdistão independente. Tomando em consideração as realidades da região, este é um apoio que deveria preocupar os curdos, mais do que deixa-los satisfeitos.

Bagdade deu vários passos em resposta ao referendo pela independência. E o Irão fechou o seu espaço aéreo aos voos de e para Erbil e Al Suleymaniya. E é muito provável que outros países adotem uma atitude semelhante.

Apesar dos numerosos avisos, os líderes da Administração Regional Curda do Iraque insistiram em avançar com o referendo. As consequências negativas desta decisão já são evidentes. O único passo a dar é considerar este referendo como sendo “nulo” e voltar à mesa das negociações com Bagdade, para discutir a soberania política e a integridade territorial de Bagdade. Esta pode ser uma decisão difícil para Erbil, mas é melhor do que insistir numa política que tornará a Administração Regional Curda do Iraque ainda mais isolada, mais fraca e mais vulnerável.

Este artigo foi escrito por Ibrahim Kalin – porta voz da Presidência da Turquia – no jornal Daily Sabah, uma publicação turca em inglês.



Notícias relacionadas