As relações Turquia-União Europeia estão passando por um momento crucial

A tensão entre a Turquia e a União Europeia nas últimas semanas levantou sérias dúvidas sobre o futuro das relações.

Muitos desenvolvimentos causam tensão. Entre eles, chefia o ativismo de política externa que a Turquia segue há muito tempo. Especialmente na Líbia, Síria e no Mediterrâneo Oriental, a postura da política externa da Turquia perturbou muitos atores na Europa. A tensão entre a Turquia e a Europa, especialmente em relação à Líbia e ao Mediterrâneo Oriental, atingiu dimensões graves. Por último, o fato de uma operação de incursão no âmbito da Operação Irini, de forma contrária ao direito internacional, a um navio comercial privado turco, mostra em termos concretos o último ponto das relações. Atendendo a uma irregularidade e ilegalidade das operações, a atitude da União Europeia em relação à Turquia é muito pior. Segundo a União Europeia, a Turquia é um ator que sempre causa problemas na região. O fato deste tipo de ações ter ocorrido no período em que a Turquia declara que se considera uma parte da Europa suscita também muitas questões para a Turquia. Agora todos os olhos estão voltados para a Cúpula dos Líderes da União Europeia.

Embora exista uma associação parcial do ponto de vista da Turquia, não existe qualquer compromisso prático sobre a forma como a União Europeia deve desenvolver uma política em relação a Ancara. Atores como França, Grécia e a administração cipriota grega estão entre os primeiros a se opor à Turquia. O Governo de Atenas pede à União Europeia que imponha sanções contra a Turquia para equilibrar a política turca no Mediterrâneo. É muito claro que a França não é amiga da Turquia na União Europeia. 

A Turquia é identificada como um problema sério para o presidente francês Emmanuel Macron. Em todos os assuntos de política externa da Líbia à Síria, Macron vê Ancara como sua rival. A frente anti-Turquia tem a oportunidade de determinar plenamente a abordagem da União Europeia em relação à Turquia. Já que atores como Espanha, Portugal, Itália e Malta, especialmente a Alemanha, não são a favor de perder completamente a Turquia. 

A Turquia não é apenas um parceiro econômico, mas também uma forte potência regional para a segurança da Europa. A Turquia tem um lugar muito importante, especialmente na posição da Alemanha sobre a migração ilegal. A Alemanha não quer arcar com os custos de uma possível decisão de sanções contra a Turquia, entre outros problemas graves para a União Europeia. Portanto, não é possível tomar uma decisão de sanções severas que significariam a perda da Turquia. No entanto, uma decisão de advertência sobre a Turquia poderia ser feita durante a cúpula. Parece que este aviso se concentrará principalmente na questão do Mediterrâneo Oriental. Apesar de tudo isto, a Turquia apelou ao diálogo com a União Europeia. 

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou que é a favor de falar sobre as questões por meio da diplomacia e da negociação. O apelo de Erdogan para olhar para os problemas em uma abordagem "ganha-ganha" em vez de um jogo de "soma zero" oferece à União Europeia um roteiro que prioriza a diplomacia. Para isso, propõe a realização de uma conferência regional para a União Europeia. No entanto, a União Europeia ainda não deu uma resposta positiva. É improvável que uma Europa sem a Turquia participe de relações internacionais sólidas. Mais importante ainda, é impossível para a União Europeia desenvolver uma política regional num ambiente em que a Turquia se declara inimiga. Por conseguinte, a União Europeia deve reconsiderar a leitura da Turquia e deve construir um novo estilo de relacionamento. Não parece possível que uma estratégia da União Europeia, condenada à Grécia e à Administração cipriota grega, compreenda a Turquia.

Esta foi a avaliação do Prof. Dr. Murat Yeşiltaş, Diretor de Estudos de Segurança da SETA.