Contagem decrescente para o final do prazo dado pela Turquia ao regime sírio em Idlib

A Turquia continua a tomar medidas políticas e militares para travar a crise humanitária em Idlib.

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Contagem decrescente para o final do prazo dado pela Turquia ao regime sírio em Idlib

A crise humanitária em Idlib continua a piorar. O número de pessoas deslocadas das suas casas nos últimos meses já supera um milhão. O regime de Damasco e as milícias xiitas continuam a atacar por terra e a Rússia por via aérea. Atacam não apenas os elementos militares da oposição, mas também os civis e áreas residenciais, que são deliberadamente alvejadas. Por sua vez, a Turquia continua a tomar medidas políticas e militares para parar a crise humanitária em Idlib.

O fim do prazo dado pelo presidente Erdogan ao regime de Assad já foi atingido. A Turquia está à procura de uma solução política para a crise, mantendo conversações com a Rússia e, por outro lado, está determinada em tomar as medidas militares necessárias.

Vemos que os confrontos em Idlib continuam em dois eixos principais: o primeiro deles é a frente de Al Nairab - Saraqib, que é de importância estratégica. Existem áreas residenciais importantes nesta região, onde se cruzam as estradas M4 e M5. As forças do regime conseguiram controlar essas áreas há algum tempo, graças ao intenso apoio aéreo russo. Mas agora, os elementos da oposição lançaram um contra-ataque com o apoio das Forças Armadas da Turquia e conseguiram libertar Al Nairab novamente. Em seguida, estas forças começaram a avançar para as zonas urbanas de Saraqib. Há importantes relatos no terreno de que as forças do regime e as milícias xiitas tiveram perdas muito sérias, durante este contra-ataque das forças da oposição. Esta é uma manifestação importante da estratégia da Turquia, de aumentar o custo da guerra para o regime.

O segundo eixo do conflito é travado a sul de Idlib, que inclui a região de Jabal Al-Zawiya. Vemos que aqui as forças do regime querem tomar o controlo da estrada M4, que faz a ligação da região com o norte. O exército turco também começou a mobilizar-se nessa zona, para apoiar a oposição síria. As forças do regime assumiram o controle de algumas aldeias até agora, mas não conseguiram ir mais longe.

Enquanto os confrontos prosseguem no terreno nos dois eixos acima mencionados, há várias conversações a decorrer à mesa. A Turquia, por um lado, mantém negociações com os russos e, por outro, tenta mobilizar a opinião pública internacional sobre o que se passa em Idlib. Está a ser feita uma tentativa de criar uma atmosfera de pressão contra a Rússia e o Irão, através da diplomacia com os Estados Unidos e com vários países europeus.

Parece que os interesses da Turquia coincidem com os dos Estados Unidos e dos países europeus, na questão de Idlib. Embora os países europeus sejam sensíveis à questão dos refugiados, os Estados Unidos não querem que o regime de Damasco, o Irão ou a Rússia, declarem a vitória no terreno na Síria. No entanto, a verdadeira questão que deve ser levantada neste tema, é se os Estados Unidos irão ou não apoiar a Turquia apenas no plano retórico ou através de medidas cosméticas, ou se irão oferecer um verdadeiro apoio na questão de Idlib.

Os Estados Unidos devem tomar medidas significativas e concretas, se quiserem proteger os seus interesses no contexto de Idlib.

*Este programa foi escrito pelo investigador e autor Can ACUN da Fundação SETA



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