A decisão dos Estados Unidos de se retirarem da Síria irá dar origem a muitas mudanças no país

Depois do anúncio por parte do presidente Recep Tayyip Erdogan da operação militar das Forças Armadas da Turquia na margem leste do Rio Eufrates, na Síria, o Exército Nacional da Síria acelerou os seus preparativos. A análise de Can Acun.

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A decisão dos Estados Unidos de se retirarem da Síria irá dar origem a muitas mudanças no país

No dia 19 de dezembro, começaram a mudar as estratégias para a Síria depois do anúncio do presidente Donald Trump acerca da retirada das tropas americanas nesse país. No processo que levou a essa tomada de decisão por parte de Trump, destacamos a determinação da Turquia.

Depois da declaração do presidente Recep Tayyip Erdogan sobre uma operação militar na margem oriental do Rio Eufrates, que será levada a cabo pelas Forças Armadas da Turquia e pelo Exército Nacional da Síria – com qual a Turquia trabalha em conjunto – foram acelerados os preparativos para esta operação. As Forças Armadas da Turquia organizaram uma operação aérea contra os elementos do grupo terrorista PKK no Iraque, atacando alvos no Monte Sinjar – na zona de fronteira entre o Iraque e a Síria. Foram também visados alvos terroristas nas regiões de Mahmur e no Monte Karakacak. Todas estas operações demonstram a determinação da Turquia.

Já a seguir, apresentamos a análise sobre este tema de Can Acun – investigador da Fundação de Estudos Políticos, Económicos e Sociais (SETA).

Durante a conversa telefónica que teve lugar no dia 14 de dezembro, entre o presidente Recep Tayyip Erdogan e o seu homólogo americano Donald Trump, o presidente americano tomou a decisão de retirar os soldados americanos na Síria. Durante essa conversa, o presidente Trump pediu a Erdogan que tomasse a liderança na luta contra o DAESH e o presidente turco aceitou o pedido.

A decisão americana de retirar as suas tropas da Síria teve uma ampla repercussão nas instituições americanas, na Síria e também à escala global. Depois do anúncio do presidente americano, demitiram-se o secretário de estado da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, e o enviado especial da Casa Branca para a Coligação Contra o DAESH, Brett McGurk. A decisão americana de retirar as suas tropas da Síria foi também criticada pelos membros da organização terrorista YPG/PKK, que disseram sentir-se “apunhalados nas costas” com esta decisão.

O anúncio da retirada das tropas americanas na Síria por parte do presidente Donald Trump, vai mudar em grande medida os equilíbrios na Síria. É bastante importante para esse país determinar quem irá preencher o vazio deixado pelas tropas americanas após a sua retirada. A saída dos soldados americanos abre caminho para uma operação militar por parte da Turquia, contra a organização terrorista YPG/PKK. Mas também pode permitir que o regime de Assad – apoiado pela Rússia e pelo Irão – avance para a região com o acordo da organização terrorista YPG, para ocupar as posições deixadas vagas pelos soldados americanos.

A organização terrorista PKK, desde a sua criação, mantém relações com o regime de Assad. Quando começou a guerra na Síria, o regime de Assad entregou 3 zonas na fronteira com a Turquia ao grupo terrorista YPG. Por outro lado, nas negociações realizadas entre as duas partes sobre os ganhos territoriais do YPG, este grupo fez também exigências sobre a criação de estruturas autónomas, que o regime de Assad recusou.

Depois do anúncio da retirada das tropas americanas, aumentaram as exigências do regime de Assad sobre a organização terrorista YPG. Esta situação dificulta a obtenção de um acordo entre estas duas fações e a Turquia. Além disso, importa também saber o que pensam a Rússia e o Irão sobre o acordo entre o regime de Assad e a organização terrorista YPG.

Para impedir um possível acordo entre o regime de Damasco e o YPG, os Estados Unidos devem coordenar com a Turquia a retirada dos seus soldados na Síria. Nas declarações que fez através da sua conta nas redes sociais, o presidente Trump dos Estados Unidos disse que a retirada dos soldados americanos será lenta, e acrescentou que a saída das tropas americanas será coordenada com a Turquia ao mais alto nível. Esta questão é importante, para impedir que a região abandonada pelas tropas americanas seja ocupada por outras forças.

Esta foi a opinião sobre este assunto de Can Acun – investigador da Fundação de Estudos Políticos, Económicos e Sociais (SETA)



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