A operação Escudo do Eufrates levada a cabo pela Turquia e o seu impacto na região

A análise de Cemil Dogaç Ipek, investigador de relações internacionais da Universidade Ataturk.

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A operação Escudo do Eufrates levada a cabo pela Turquia e o seu impacto na região

Os dirigentes turcos, tendo à cabeça o presidente da República da Turquia, Recep Tayyip Erodgan, sublinham desde há muito tempo que não permitem a presença da organização terrorista no Iraque a na Síria. O alargamento da zona de influência da organização terrorista no Iraque, na região de Sinjar, é uma das linhas vermelhas da Turquia. Em consequência disto, a Turquia levou a cabo uma operação simultânea contra a organização terrorista no Iraque e na Síria, às 2 horas da madrugada de 25 de abril.

Durante esta operação, a Turquia neutralizou mais de 40 terroristas no Monte Sinjar no norte do Iraque, e mais 49 elementos – dos quais 4 eram dirigentes – foram neutralizados no Monte Qarachok no nordeste da Síria. Mais de 90 terroristas, incluindo alguns dirigentes, ficaram feridos em Qarachok. 112 outros terroristas foram neutralizados nessa mesma semana. Duas pistolas, 53 espingardas, duas metralhadoras, 6 lança mísseis RPG, 4 espingardas de precisão, um obus, munições para canhões antiaéreos SA-18 e 78 granadas, foram apreendidas durante a operação. No decurso dessa mesma semana, 109 explosivos de fabrico caseiro foram também destruídos. Foi ainda apreendida aos terroristas uma quantidade de 7 440 quilos de nitrato de amónio, que seriam usados para produzir explosivos.

Qarachok situa-se próximo da fronteira turca. Sinjar fica no Iraque e próximo da fronteira com a Síria. A Turquia levou a cabo uma operação militar nesta região, porque o PKK leva a cabo ações contra a Turquia graças aos seus refúgios nesta região. Esta operação permitiu por um lado eliminar os centros de ataque contra a Turquia, e por outro impedir que sejam redesenhadas as fronteiras.

A Turquia considera o reforço do PKK no Iraque e na Síria como sendo uma séria ameaça. Podemos considerar, neste contexto, que a operação aérea da Turquia foi um alargamento transfronteiriço das operações contra o terrorismo, levadas a cabo no seu próprio território. A Turquia alcançou sucesso nas operações contra o terrorismo levadas a cabo desde há muito tempo no seu interior. As forças de segurança turcas estão a executar operações muito ativas e alargadas, não apenas nas cidades mas também no campo contra o PKK, desde o outono e inverno. Estas operações deram um duro golpe na organização terrorista. A Turquia exerce uma forte pressão sobre o PKK com o uso da tecnologia. As operações transfronteiriças são necessárias para dar um golpe ainda mais duro e obter melhores resultados.

As atividades terroristas do PKK no norte do Iraque e da Síria, bem como a falta de capacidade das forças locais desta região em lutar contra o PKK, tornam necessária a presença militar da Turquia em território iraquiano, bem como as operações transfronteiriças. A Turquia demonstrou, através das suas operações simultâneas, que é capaz de atacar em todos os locais a organização terrorista PKK, que comete ataques contra a segurança da Turquia tanto no Iraque como na Síria. A grande ameaça que representa o PKK contra a Turquia, com a sua presença no Iraque e na Síria, deve merecer uma resposta para além das palavras, por parte dos Estados Unidos – um parceiro estratégico e aliado na NATO. De facto, o PKK é uma organização terrorista em todas as suas ramificações, e ataca a Turquia onde quer que seja. As últimas operações da Turquia, passam uma mensagem forte aos outros países que não têm em conta as tomadas de posição, as palavras e as preocupações da Turquia.

A República da Turquia constatou com tristeza, durante o processo que decorreu até ao início da operação Escudo do Eufrates, que não pode recorrer apenas à via diplomática para resolver as suas ameaças de segurança, nomeadamente na região de fronteira com o Iraque e com a Síria. O recurso à força na luta contra o terrorismo nesta região é inevitável, por forma a manter a força do país na equação do Iraque e da Síria. Esta operação mostra que a Turquia não vai renunciar à luta contra a ameaça colocada pelo PKK nas suas fronteiras, mesmo que fique sozinha nesta luta.

O presidente da república, Recep Tayyip Erdogan, deu destaque a este assunto durante o discurso que fez na TUMSIAD: “Aqueles que não hesitam em declarar abertamente a sua hostilidade em relação ao nosso país e que apoiam as organizações terroristas na Síria, devem saber que seja qual for o preço a pagar, a Turquia jamais permitirá a criação de uma formação terrorista ou organização terrorista junto às suas fronteiras. Aqueles que pensam que poderão fazer vergar a Turquia com os terroristas que usam como mercenários na região, verão muito em breve que estão enganados.

A operação Escudo do Eufrates não foi a nossa última, mas sim a nossa primeira operação. Nós podemos aparecer a qualquer momento” – afirmou o presidente turco.

Percebemos destas propostas de Erdogan que a luta contra o terrorismo levada a cabo pela Turquia, irá continuar com determinação. Por isso, a operação Escudo do Eufrates não representa a última palavra da Turquia na região, mas sim a primeira.



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