A nova visão da Turquia

A sociologia é também apelidada de “ciência da mudança”, pois as dinâmicas da mudança social são diferentes em cada sociedade. Esta mudança é vivida de formas diferentes em cada era e em cada período. No entanto, esta mudança é sempre uma inevitabilidade em todas as sociedades. Por outro lado, os sociólogos têm diferentes pontos de vista em relação às dinâmicas da mudança. Mas apesar dessas diferenças, observamos todos da mesma forma a mudança em si mesmo e como essa mudança se desenrola.

A família também é influenciada pelas mudanças dos nossos dias. A mudança que teve lugar na estrutura e no funcionamento da família, inclui também outros elementos e tem um efeito considerável. Por exemplo, a mudança ocorrida na estrutura e no funcionamento da família, causa ela própria mudanças na estrutura do alojamento, devido ao aumento da procura por casas.

O homem sempre quis ter um espaço que fosse capaz de responder às suas necessidades. Eu penso que nos nossos dias, as pessoas desejam ter uma casa onde possam viver, mas para isso precisam de importantes recursos financeiros para concretizar a compra de casa.

Comparando a situação da Turquia com a de muitos outros países, o desejo de possuir uma casa é muito mais forte na Turquia. Neste contexto, a casa assume vários sentidos.

Há um ditado muito usado na Anatólia: “o espaço neste mundo é como a fé na vida após a morte”. A mensagem que esta expressão pretende passar, é de que possuir uma casa neste mundo é algo que gera tanta felicidade como a entrada no paraíso após a morte.

Sob o impulso desta procura por habitação, a Turquia conheceu e continua a conhecer uma rápida urbanização. Esta procura por habitação causa ao mesmo tempo o aumento da produção de casas sem as devidas proteções contra os tremores de terra e riscos semelhantes.

Por tudo isto, as políticas de urbanização devem necessariamente ser formatadas neste âmbito. O objetivo deve ser o de responder à necessidade de alojamentos por parte das pessoas, ou de reforçar o património imobiliário já existente contra os riscos geológicos.

Existe na Turquia uma instituição pública que foi criada com o objetivo de resolver, de forma razoável, a questão da procura de casas por parte da população. É a Agência de Alojamentos Coletivos (TOKI, nas suas siglas em turco).

A TOKI é uma entidade que leva a cabo trabalhos em dois aspetos: por um lado, tenta oferecer soluções razoáveis para os cidadãos que desejam ser proprietários de uma casa, e por outro tenta melhorar as habitações que apresentam riscos.

Antes do governo do Partido AK, os cidadãos corriam o risco de trabalhar durante toda a sua vida antes de poderem ser donos de uma casa, e na maior parte dos casos era isso mesmo que acontecia. Os alugueres eram equivalentes à metade do salário de um trabalhador de rendimento médio.

Antes, os alugueres representavam a maior fatia do orçamento familiar. Na prática, a grande maioria das pessoas trabalhava arduamente para pagar aos donos da casa. Esta não era verdadeiramente uma situação desejável.

O Partido AK rompeu este ciclo com a TOKI.

Casas de construção sólida e a preços razoáveis foram construídas como parte de projetos gigantes. Estes projetos responderam em grande medida às necessidades de alojamento por parte dos cidadãos. Desde então, os cidadãos passaram a ter grandes expetativas em relação à TOKI.

Atualmente, é necessário construir edifícios novos capazes de responder às necessidades dos nossos dias, bem como desenvolver políticas de alojamento de acordo com os valores comunitários e com os conceitos da civilização.

Eu gostaria de sublinhar, em jeito de conclusão, que todas as civilizações, todas as crenças e todas as religiões e todas as regiões culturais, têm uma arquitetura e um plano de urbanização que lhes são característicos.

Os debates acerca do planeamento, focam-se na questão da crença, da cultura e da civilização turca.

Eu sou simultaneamente um perito que se interessa de perto e ao nível académico, pela sociologia urbana e pelo planeamento urbano e arquitetural.

Eu tenho que reconhecer que admiro as cidades europeias construídas em formas geométricas perfeitas nos séculos 15 e 16, mas também os invejo ao mesmo tempo. Nós podemos também criar as nossas próprias cidades. Devemos perguntar a nós próprios como devem ser construídas as cidades muçulmanas, e encontrar respostas nestas cidades.

Este programa foi escrito pelo Prof. Dr. Mazhar Bagli, um membro do corpo académico do departamento de sociologia da Universidade Karatay, em Konya.