ONU: “Assassinato de Khashoggi foi levado a cabo por responsáveis oficiais sauditas”

De acordo com a declaração da ONU, o assassinato do jornalista em território turco “violou tanto o direito internacional como as normas fundamentais das relações internacionais”.

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ONU: “Assassinato de Khashoggi foi levado a cabo por responsáveis oficiais sauditas”

O assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, no passado mês de outubro no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, foi “planeado e perpetrado por funcionários sauditas” – disse esta quinta feira a redatora especial da ONU, Agnes Callamard.

Agnès Callamard é a redatora da ONU para as execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrároas. Ela esteve recentemente na Turquia com uma equipa de peritos para fazerem uma investigação internacional sobre o assassinato do jornalista saudita, colaborador do Washington Post.

A equipa da ONU concluiu que “esta morte foi premeditada e constitui a violação mais grave do mais fundamental de todos os direitos, o direito à vida”.

A redatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais afirmou esta quinta-feira possuir “provas” demonstrando que a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi foi “brutal, planificada e perpetrada por representantes do Estado da Arábia Saudita”. Callamard denunciou ainda a utilização da “imunidade” diplomática para cometer um assassino com toda a “impunidade”.

A redatora especial da ONU sobre execuções arbitrárias, sumárias ou extrajudiciais pretende apresentar o relatório final em junho, perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Khashoggi, um colunista do Washington Post e crítico do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, foi morto no dia 2 de outubro no interior do Consulado saudita em Istambul.

Agnès Callamard lamentou ainda no comunicado o “tempo e acesso inadequados concedido aos investigadores turcos para promoveram um exame e pesquisa profissional e efetivo da cena do crime, que é exigido pelos padrões internacionais”.

Mais de quatro meses após a sua morte, o corpo do jornalista ainda não foi encontrado.

O seu assassinato colocou a Arábia Saudita perante uma grave crise diplomática e deteriorou consideravelmente a reputação do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, acusado por responsáveis norte-americanos e turcos de ter ordenado a morte.

Riade atribuiu este assassínio a elementos “fora de controlo”. O processo de 11 suspeitos foi aberto no início de janeiro na Arábia Saudita e o procurador-geral solicitou a pena de morte contra cinco dos indiciados.

Callamard agradeceu à Turquia pelo seu apoio durante a sua visita ao país (de 28 de janeiro a 3 de fevereiro), durante a sua investigação sobre o crime.

A Turquia pediu a extradição dos cidadãos sauditas envolvidos no assassinato, bem como um relatório mais completo de Riade sobre o assassinato.



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