Primeiro-Ministro húngaro: A UE tratou injustamente a Turquia

Peter Szijjarto diz que a UE deve respeitar a luta da Turquia contra o terrorismo após a fracassada tentativa de golpe de julho.

762717
Primeiro-Ministro húngaro: A UE tratou injustamente a Turquia

Enquanto a Hungria entende o impacto da tentativa de golpe fracassada do ano passado na Turquia, vê as críticas da UE da luta da Turquia contra o terrorismo como injustas e infundadas, de acordo com o ministro das Relações Exteriores.

"A Hungria não aceita as críticas que a UE dirigiu para a Turquia", disse Peter Szijjarto, ministro das Relações Exteriores e do Comércio da Hungria, à Agência Anadolu em entrevista exclusiva na sua visita a um Fórum de Negócios turco-húngaro em Ancara na sexta-feira.

"A Hungria entende o terrível ataque do ano passado contra a democracia da Turquia. Temos de ficar ao lado da Turquia na luta contra o terrorismo, a fim de proteger a sua estabilidade. Devemos respeitar a luta da Turquia contra o terrorismo para proteger sua segurança nacional", acrescentou.

O país culpa a Organização Terrorista Fetullahista (FETO), liderada por Fetullah Gulen, com sede nos Estados Unidos, pela tentativa de golpe de Estado de julho passado, que deixou 250 mortos e cerca de 2.200 feridos.

Szijjarto sublinhou que a Hungria está com a Turquia e que Budapeste está pronta para ajudar a Turquia em assuntos internacionais.

"No Parlamento Europeu ou no Conselho Europeu, sempre sublinhamos o papel que a Turquia desempenha na proteção da Europa. Se a Turquia não tivesse interrompido a onda de migração visando a Europa, os húngaros teríamos que fazê-lo", afirmou.

"A Turquia não está apenas se protegendo, interrompendo a onda de migração, mas também a Europa e a União Europeia", acrescentou.

Szijjarto também criticou a atitude da UE em relação à luta da Turquia contra o terrorismo após a tentativa fracassada de golpe de julho de 2016.

"Ficamos desapontados com a forma como a UE estava "preocupada" com os direitos daqueles que tentaram matar seu presidente e aqueles que atacaram sua democracia, seu presidente, seu primeiro-ministro e seus altos funcionários que passaram por uma eleição democrática" ele disse.

"Um ataque maciço foi feito contra sua democracia e sua estabilidade. A Europa deve estar preocupada com isso e não com aqueles que tentaram matar seu presidente e remover sua democracia e seu sistema", acrescentou.

Szijjarto também disse que seu governo apoia viagens sem vistos entre a Turquia e a UE.

"Apoiamos as negociações de viagens sem visto entre a Turquia e a UE, porque acreditamos que a Turquia merece uma atitude mais justa", afirmou.

"Durante o acordo de refugiados [de março de 2016] entre a Turquia e a UE, a Comissão da UE introduziu um conteúdo que sugeria que o acordo de refugiados e o processo de viagem sem visto avançarão juntos. Não é culpa da Turquia, é culpa da Comissão da UE, não é justo, e desde o início das negociações, deveria ter sido enfatizado que essas duas questões são separadas uma da outra", acrescentou.

Szijjarto disse que há uma necessidade de respeito mútuo nesse processo e que deve ser levado a sério.

De acordo com um relatório da Comissão Europeia, para obter viagens isentas de vistos na zona Schengen da UE, Ancara deve cumprir sete critérios pendentes de um total de 72, incluindo "a revisão da legislação e práticas sobre o terrorismo de acordo com as normas europeias".

Ancara descartou qualquer revisão, levando a um impasse nas negociações.

Cooperação turco-húngara

Szijjarto disse que durante a reunião de Ancara na sexta-feira, com o primeiro-ministro húngaro Orban e sua delegação se dirigiram à cooperação na área da educação.

Ele disse que os dois países concordaram com o estabelecimento de uma universidade conjunta e uma escola secundária bilíngüe.

"Entendemos que o pilar mais importante da nossa parceria estratégica é a comunicação e a cooperação entre os jovens", afirmou.

Szijjarto também disse que também foram discutidos os possíveis passos bilaterais no campo da energia nuclear.

Ele disse que a Hungria usou energia nuclear desde a década de 1970 e, por isso, pode compartilhar sua capacidade com a Turquia na formação de especialistas e engenheiros.


Etiquetas: #Hungria

Notícias relacionadas