Acordo frágil na Ucrânia gera reações contrastantes

As bolsas internacionais subiram, mas os analistas duvidam que o acordo seja implementado.

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Acordo frágil na Ucrânia gera reações contrastantes

O acordo de Minsk para travar o conflito na Ucrânia foi recebido com reações mistas.

O presidente russo Vladimir Putin disse aos jornalistas que o acordo de cessar-fogo entra em vigor à meia-noite de domingo, e que foi alcançado um estatuto especial para os separatistas pró-Rússia. Putin diz também que foram feitas provisões para acautelar os assuntos humanitários e a definição das fronteiras.

O índice Stoxx Europe 600 subiu 0,8% após o anúncio do acordo de paz. Na Alemanha – um importante parceiro comercial da Rússia – a bolsa valorizou-se 1,6%. Já no Reino Unido, a valorização do índice FTSE100 foi mais modesta, de apenas 0,36%.


Imensos desafios

Os analistas políticos e financeiros duvidam no entanto que o acordo seja implementado.

Neste momento, continuam os combates em todas as frentes do Leste da Ucrânia, com ataques de ambas as partes e a presença de tropas russas em solo ucraniano.

Um analista da Oxford Analytica - um grupo de pesquisa em ciência política – disse que o acordo era “frágil”, pois “os desafios permanecem imensos. A desconfiança e os passos mal calculados aumentam o risco de mais combates nos próximos dias. As forças separatistas podem querem conquistar ganhos territoriais antes da entrada em vigor do cessar-fogo a 15 de Fevereiro”.


Sem impacto

O analista politico Paul A. Goble do Instituto de Políticas Globais disse que “este acordo serve os interesses de Putin, ao permitir-lhe mostrar-se como um homem de paz, ao mesmo tempo que os radicais em Donbas continuam a agressão apoiada por Moscovo”.

"Não creio que este acordo seja para durar ou chegue sequer a ser implementado. Os ucranianos vão lutar mesmo se o Ocidente não os ajudar".

Goble também se mostrou preocupado pelo facto dos líderes das auto-proclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk – as regiões ocupadas no Leste da Ucrânia – terem recusado assinar o acordo de paz.

"Putin está a apresentar-se duma forma que o Ocidente gosta, ao mesmo tempo que se comporta na direção contrária”, disse o analista.

Após a assinatura do acordo, a moeda ucraniana caiu 2,7% e os títulos de dívida pública da Ucrânia desvalorizaram-se, devido aos receios de que o acordo de paz não seja implementado após o empréstimos de $40 mil milhões de dólares concedido pelo FMI.


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