Primeira 'Olimpíadas Indígenas começa no Brasil

Mais de 2.000 atletas de todo mundo se encontram no Brasil para participar da primeira "Olimpíadas Indígenas"

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Primeira 'Olimpíadas Indígenas começa no Brasil

O que é anunciado como o primeiro "Jogos Olímpicos indígenas" começaram na quinta-feira com uma mistura cultural de guerreiros Maori, filipinos carregando tambores e índios com cocar de tribos do Brasil em uma cerimônia tradicional com fogo.

Os Jogos Mundiais Indígenas abriram oficialmente sexta-feira, com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff sendo aguardada para participar de uma cerimônia de abertura, na cidade-sede dos jogos, Palmas, um posto remoto no coração do Brasil.

Mas o ritual do fogo de quinta-feira, que viu centenas de povos indígenas de todo o mundo convergirem para a praça central de Palmas 'vestidos em suas roupas tradicionais, deu o tom para o evento, que vai até 31 de outubro.

Representantes tribais espontaneamente caíram no canto e dança tradicional enquanto a mídia e outros povos indígenas de lugares distantes como a Etiópia e a Mongólia formavam um círculo apertado em torno deles.

Um falange de Maoris da Nova Zelândia, com um olhar feroz e de olhos arregalados e com gestos de cortar a garganta ameaçadores, apareceu para ficar de guarda do grupo de homens Manoti do centro de Mato Grosso no Brasil, enquanto eles faziam o ritual com fogo.

Elvis Balabal Julius do povo de Igorot nas Filipinas saudou o evento como "incrível". "É a minha primeira vez fora das Filipinas e eu peguei cinco aviões para chegar até aqui", disse Julius, de 23 anos. "Eu nunca pensei que iria ver tantos povos indígenas juntos. Somos muito semelhantes e muito diferentes ao mesmo tempo."

O clima de otimismo da cerimônia do fogo contrastou com a raiva palpável em um protesto no início do dia por um pequeno grupo de indígenas brasileiros denunciando o que eles disseram ser má organização e gastos desnecessários com os jogos.

Cerca de uma dúzia de manifestantes criticaram o gasto de mais de $ 14 milhões com o evento, dizendo que o dinheiro fornecido por várias fontes governamentais, bem como as Nações Unidas, teria sido mais bem gasto melhorando as condições dos povos indígenas pobres do Brasil.

Narube Werreria disse que viu o evento como uma tentativa de encobrir a real situação das populações indígenas sitiadas do Brasil.

"O governo está usando o evento para cobrir nossos olhos e dizer que está tudo bem aqui", disse Werreria, um funcionário do governo estadual da tribo Karajá, cujas terras estão perto de Palmas. "Mas nem tudo está bem."

Os povos indígenas do Brasil, estimados entre 3 á 5 milhões nos tempos pré-coloniais agora representam apenas 0,5% dos 200 milhões da população do país.

Eles enfrentam pobreza galopante e discriminação, colidindo com frequência com os agricultores, fazendeiros e garimpeiros ilegais ansiosos para desalojá-los de suas terras ancestrais.

"No Brasil, as plantações de soja são mais bem tratadas do que os índios," gritou no protesto o Cacique Doran, um líder do povo Tupi Guarani.


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