Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia
O vice-presidente Álvaro García Linera disse que "o golpe de estado foi consumado. As forças das trevas destruíram a democracia".
AA - Depois da crise na Bolívia, espoletada por alegações de fraude nas eleições gerais de 20 de outubro passado, o presidente do país, Evo Morales, anunciou sua renúncia ao vice-presidente Álvaro García Linera.
“Vamos deixar a Bolívia com dignidade. Continuaremos com o processo de construção do país. Omeu pecado é ser sindicalista, cocalero e líder indígena, e por isso estão a condenar-me ” - afirmou Morales, que deixa o poder após 13 anos e nove meses na presidência.
“Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho (líderes da oposição) podem ficar satisfeitos, agora podem parar de dar golpes porque atingiram o seu objetivo. Não queremos confrontos” - acrescentou Morales.
O agora ex-presidente disse, disse numa conferência de imprensa em Cochabamba, que renunciou ao cargo para preservar a paz num país em revolta social há 21 dias.
O vice-presidente cessante, Álvaro García Linera, alegou que uma parte da Polícia se tornou numa força de choque que actua fora da ordem constitucional, e que saiu às ruas para esmagar os protestos dos apoiantes de Morales.
García Linera acrescentou ainda que "o golpe de estado foi consumado. As forças das trevas destruíram a democracia".
Ambos os líderes enviaram as suas cartas de demissão à Assembleia Legislativa. Para já, quem deverá assumir o controle do país é a presidente do Senado, Adriana Salvatierra.
Minutos antes do anúncio de Morales, o comandante das Forças Armadas bolivianas (FFAA), Williams Kaliman, sugeriu que o presidente devia demitir-se.
Na manhã deste domingo, Morales convocou novas eleições, depois de conhecer o resultado da missão de auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA), que anunciou que várias "irregularidades" foram detectadas nas últimas eleições de 20 de outubro.