Análise da Atualidade: Possível rumo da guerra Rússia-Ucrânia em 2023

Análise elaborada pelo investigador de política externa, Can ACUN da SETA

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Análise da Atualidade: Possível rumo da guerra Rússia-Ucrânia em 2023

Análise da Atualidade: Possível rumo da guerra Rússia-Ucrânia em 2023

Em 2022, o acontecimento mais decisivo na equação geopolítica internacional foi a invasão da Ucrânia pela Rússia. Embora muitos peritos pensassem que a Rússia assumiria facilmente o controlo do país, os russos não tiveram sucesso contra a Ucrânia. A guerra tem se prolongado de uma forma devastadora para ambos os lados. Em 2023, parece que a questão internacional mais importante será a guerra em curso, e é óbvio, que neste momento, as partes estão longe de um compromisso político.

 

Nos primeiros dias do novo ano, a guerra russo-ucraniana continua a decorrer. Em particular, o ataque do exército ucraniano aos soldados russos na cidade de Makeyevka, em Donetsk, teve grandes repercussões. Enquanto fontes ucranianas anunciaram que pelo menos 400 soldados russos morreram no ataque com HIMARS, o Ministério da Defesa russo acabou por admitir que 83 soldados tinham perdido a vida.

Nos últimos meses, os russos começaram a lutar de uma forma mais organizada, afastando-se da aparência desorganizada nas fases iniciais da guerra, nomeadamente com as mudanças no "Comando das Forças Militares Unificadas". Após a nomeação de Sergey Surovikin, o comandante da Força Aérea Russa, como novo comandante das tropas em combate na Ucrânia, as perspetivas eram relativamente favoráveis. No entanto, a pesada derrota em Makeyevka levantou novamente questões. Tem sido afirmado que o complexo na região está dentro do alcance do HIMARS e que os soldados do complexo foram alvo devido ao número elevado de telemóveis. Portanto, também aqui, há uma perda da responsabilidade do controlo do comando e indisciplina.

Contudo, nos últimos meses, o exército russo, sob a liderança de Surovikin, apesar de algumas perdas conseguiu formar uma linha de defesa, minimizando as suas pesadas perdas e fortificando a sua posição, aproveitando as condições climatéricas do inverno. Além disso, os ataques de Surovikin visando as infra-estruturas ucranianas com uma estratégia de destruição semelhante à da Síria pareciam ter dado resultados e quebrado o ímpeto do exército ucraniano. No entanto, parece que o exército russo tem mais problemas estruturais que Surovikin não consegue resolver.

Espera-se que conflitos mais intensos tenham lugar na linha da frente durante os meses da primavera, em especial, o exército ucraniano deverá organizar operações terrestres para libertar as regiões ocupadas. Mais uma vez, enquanto os países ocidentais continuam a prestar ajuda no armamento, os russos estão a tentar aumentar a sua produção também, dando mais importância à sua indústria de defesa. Mais uma vez, não podemos esquecer que os russos são o lado que é demograficamente superior. Enquanto as partes agem numa lógica de guerra de atrito, considerando que é uma guerra prolongada, quem irá mostrar mais resistência e quem irá sobreviver é um ponto de interrogação. Há prós e contras de ambos os lados, claro, que a determinação e persistência dos países ocidentais que apoiam a Ucrânia será também decisiva. Mais uma vez, a intervenção da China a favor da Rússia é, a dada altura, um dos cenários possíveis. A Türkiye, por outro lado, em 2023, continuará a desempenhar o papel de mediador entre as partes com a política da 3ª Via. 



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