Análise da Atualidade: Operação aérea Pençe Kiliç (Garra Espada)

Análise elaborada pelo investigador de política externa, Can ACUN da SETA

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Análise da Atualidade: Operação aérea Pençe Kiliç (Garra Espada)

Após o ataque terrorista em Istambul, utilizando o YPG, uma sub-organização do PKK na Síria, surgiu a esperada medida de retaliação da Türkiye. De acordo com a declaração feita pelo Ministério da Defesa Nacional, as Forças Armadas turcas lançaram a Operação Aérea Pençe Kiliç (Garra Espada) e bombardearam alvos pertencentes ao PKK/YPG, na Síria e no Iraque. Tendo sido atingidos, até à data, quase quinhentos alvos, foi anunciado que foram neutralizados cerca de 250 membros da organização. Uma vez que a operação cobre uma área muito grande, com uma profundidade de 150 km numa linha de fronteira de 1200 km, verifica-se que o PKK/YPG está em estado de pânico. 

A organização terrorista PKK estava cada vez mais encurralada, numa equação em que as operações do exército turco no Iraque e na Síria e o MIT visavam diretamente os seus líderes, tendo perdido uma região estratégica para si, especialmente na região de Zap no Norte do Iraque, onde sofreu perdas importantes. Incapaz de digerir esta situação, a organização terrorista procurava vingança e procurava ações especialmente nas metrópoles da Türkiye. Embora muitas tentativas de ataques terroristas tenham sido frustradas, acabaram por realizar um ataque terrorista à bomba em Taksim, Istambul, causando a morte de muitos civis.

A Türkiye reagiu muito duramente a este ataque e lançou uma operação de retaliação chamada Operação Aérea Pençe Kiliç (Garra Espada). No contexto desta operação, que abrangeu simultaneamente o Iraque e a Síria, foi atingida do ar uma vasta área que se estende até uma profundidade de 150 km numa linha de fronteira de 1200 km. De acordo com a declaração feita pelo Ministério da Defesa Nacional, um total de quinhentos alvos foram atingidos nos primeiros três dias e cerca de 250 terroristas do PKK foram neutralizados. Os alvos foram desde Tel Rıfat, Manbij, Ayn al Arab, Ayn Isa, Qamishli e Malikiye na Síria até Hakurk, Qandil e Asos no Iraque. Sabe-se que o PKK/YPG não esperava uma operação de retaliação tão abrangente e entraram em pânico devido às pesadas perdas que estão a sofrer.

 Enquanto dezenas de aeronaves e UCAV visaram centros de comando e controlo, bases militares, áreas de treino, depósitos de munições e redes de túneis, as Forças Armadas turcas também começaram a atacar pela primeira vez as infra-estruturas energéticas do PKK/YPG e instalações relacionadas na Síria. Em particular, os poços de petróleo, refinarias e campos de gás na linha Malikiye-Kamışlı foram destruídos. A região de Deir ez Zor, que tem 75 km de profundidade, também foi atingida, e o denominado YAT do PKK/YPG, onde soldados dos EUA treinaram elementos, também foi alvo de UCAV.

A Türkiye continua a sua abrangente operação de retaliação contra o PKK/YPG a partir do ar e em terra, e a organização terrorista tem escolhido civis como alvos, na sua resposta. Da região de Ayn al-Arab, realizaram ataques contra civis em Karkamis, e também testemunhámos a cidade de Azaz ser alvo de ataques. A organização, que não tem uma presença militar contra as Forças Armadas turcas, está a tentar mostrar-se, visando os civis. No entanto, estes ataques contra civis aumentam ainda mais a determinação da Türkiye na luta contra o terrorismo. O Presidente Erdogan, numa declaração recente, mencionou uma nova operação terrestre. Erdogan tinha prestado declarações sobre uma operação terrestre, há algum tempo atrás, mas tinha congelado a operação ao aceitar a oferta de Putin para se encontrar com o regime de Assad. Entretanto, e durante o período de intervenção, não se registaram quaisquer progressos com o regime. Do mesmo modo, nos últimos ataques aéreos, muitos soldados do regime que estavam do lado do PKK foram mortos. Em última análise, a Türkiye precisa de eliminar completamente o PKK das suas linhas fronteiriças através de extensas operações terrestres, a fim de consolidar a sua segurança nacional e parar completamente os ataques.

Neste período em que a conjuntura internacional favorece a Türkiye, parece provável que as Forças Armadas turcas iniciem operações terrestres. As primeiras áreas alvo serão Tel Rifar, Manbij e Ain al Arab.  

 



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