O desenvolvimento das relações do Turquemenistão com a NATO

As relações do Turquemenistão, um dos países chave da Eurásia para a NATO, começaram em março de 1 992 depois da dissolução da União Soviética. A análise do Dr. Cemil Dogaç Ipek, catedrático do Dep. de Relações Internacionais da Universidade de Karatekin

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O desenvolvimento das relações do Turquemenistão com a NATO

Continua o desenvolvimento das relações entre a NATO e o Turquemenistão, um dos países com importância estratégica na região da Eurásia. No programa desta semana, vamos analisar as relações entre o Turquemenistão e a NATO e o impacto desta relação na política externa da Turquia, de acordo com a perspetiva do Dr. Cemil Dogaç Ipek.

As relações do Turquemenistão, um dos países chave da Eurásia para a NATO, começaram em março de 1 992 depois da dissolução da União Soviética, uma união de repúblicas socialistas soviéticas. O Turquemenistão, tal como os outros estados que saíram da União Soviética, participou no Conselho do Atlântico Norte, que mais tarde daria origem a uma organização com o mesmo nome.

Em julho de 1 992, na Cimeira de Helsínquia da Conferência da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, o primeiro presidente do Turquemenistão, Saparmurat Turkmenbasi, disse que a base da política externa do seu país ficaria vinculada ao princípio da neutralidade positiva. Mas isto não impediu o Turquemenistão de ser o primeiro país da Ásia Central que participou na Associação para a Paz da NATO, em maio de 1 994.

O estatuto de neutralidade do Turquemenistão, que evoluiu para o conceito de neutralidade positiva permanente, foi reconhecido oficialmente por parte do Conselho Geral da ONU em dezembro de 1995. Apesar desta situação, no mesmo ano e no âmbito da Associação para a Paz, o Turquemenistão aceitou o primeiro programa de associação individual e continuou a trabalhar com a NATO.

Mas houve outro acontecimento em que podemos observar o aumento do interesse da NATO pelo Turquemenistão. Em agosto de 2 003, os países observadores da NATO participaram numa manobra militar contra o terrorismo chamada “Asuda Watan”, que teve lugar nas proximidades da cidade de Turkmenbasi, com a participação de 2 500 soldados turcomenos. Mas ao contrário do que se passou com os países vizinhos da Ásia Central, o Turquemenistão nunca participou nas manobras militares organizadas sob a liderança da NATO e apenas de vez em quando enviou observadores. Este comportamento é coerente com o estatuto de neutralidade e com a política externa de isolamento seguida pelo presidente Saparmurat Nyyazow, que recusa participar em qualquer tipo de organizações de cooperação regional, económica, política ou de segurança. Comparando com outros países da Ásia Central, o Turquemenistão teve uma cooperação mútua muito mais limitada com a NATO.

Depois da morte de Turkmenbasi após as eleições realizadas a 11 de fevereiro de 2 007, Gurbanguly Berdimuhammedov conquistou 89,23% dos votos e foi eleito presidente do Turquemenistão.

Berdimuhammedov deu passos para animar novamente as relações do Turquemenistão com o mundo exterior e também com a NATO. Em novembro de 2 007, Berdimuhammedov visitou o quartel geral da NATO em Bruxelas e reuniu-se com o secretário geral da NATO da época, Jaap de  Hoop Scheffer. Durante as negociações, ambas as partes abordaram a situação de segurança regional na Ásia Central. Além disso, ambos os lados no âmbito do programa da Associação para a Paz e no contexto da missão da ISAF da aliança no Afeganistão, aceitaram desenvolver uma colaboração prática entre o Turquemenistão e a NATO.

Em abril de 2 008, o presidente Berdimuhammedov participou na reunião da Cimeira da NATO em Bucareste. Esta situação pode ser avaliada como um desenvolvimento da imagem internacional do Turquemenistão, ao diminuir o isolamento do país e ao aumentar as alternativas do Turquemenistão em termos de política externa.

Atualmente, o Turquemenistão continua a sua interação com a NATO nas áreas de interesse comum das duas partes. Os responsáveis turcomenos participaram em algumas atividades organizadas pela NATO nos estados membros. O Turquemenistão, no âmbito do programa da Ciência para a Paz e a Segurança da Aliança, tem uma colaboração ativa com a NATO. Os desenvolvimentos ocorridos no final deste programa, garantiram um grande apoio à infraestrutura de comunicação de internet no Turquemenistão. Além disso, apresentou aos jovens académicos e cientistas turcomenos a oportunidade de participar em parcerias de investigação e em organizações científicas internacionais.

O Turquemenistão, sendo um país neutro, não está no entanto oficialmente impedido de colaborar com a NATO. Mas no futuro próximo, não espero que o Turquemenistão reveja de novo a sua política de participação limitada, nem que intesifique mais as suas relações com a aliança. Isto porque o estatuto de neutralidade permanente ajuda o Turquemenistão a obter um equilíbrio nas suas relações com a Rússia, a China e o Ocidente, e se abstenha de aderir a qualquer bloco regional. No entanto, não devem ser ignoradas as tentativas do país para se integrar na economia global e orientadas a acelerar a colaboração e o diálogo com os países vizinhos, bem como com as organizações internacionais. Neste sentido, o desejo do presidente Berdimuhammedov de completar a sua reforma e modernização das forças militares, pode representar oportunidades para uma maior colaboração com a NATO.

A Turquia, o segundo maior exército da NATO, considera positivo e apoia o desenvolvimento das relações do Turquemenistão com a NATO. A Turquia e o Turquemenistão são dois dos estados que descendem da tribo Oghuz do mundo turco. Estas estratégias têm que ser postas em prática com uma política estatal e numa perseptiva de longo prazo. No desenvolvimento das políticas económicas regionais, terá que ser assegurada uma colaboração e uma coordenação eficaz entre as organizações não governamentais, institutos públicos, universidades e gabinetes de pensamento estratégico.

A República da Turquia deve controlar e apoiar as empresas do setor privado turco que estão envolvidas em projetos importantes e que mantêm atividades no Turquemenistão. Têm que ser apoiados aqueles que têm êxito e abandonar ou impedir aqueles que representam maus exemplos.

A Turquia, no âmbito dos seus objetivos de diplomacia pública, tem que beneficiar dos dirigentes máximos destas empresas e do seu pessoal técnico, e usar estas entidades em atividades de lobi.

Por conseguinte, as repúblicas turcas – entre as quais se inclui também o Turquemenistão – sem dúvida estão num ponto importante na sua procura por equilíbrio da política externa turca. Neste sentido, para além dos vínculos históricos que orientam a política externa racional da Turquia, o Turquemenistão tem uma importância fora do comum.

Esta foi a opinião sobre este tema do Dr. Cemil Dogaç Ipek, catedrático do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de



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