Alparslan Turkes foi celebrado no 21º aniversário da sua morte

As opiniões de Alparslan Turkes sobre a política externa da Turquia e os seus reflexos até aos nossos dias, continuam ainda a ser alvo de estudo. A análise do Dr Cemil Dogaç Ipek, catedrático do Dep. Relações Internacionais da Universidade de Ancara.

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Alparslan Turkes foi celebrado no 21º aniversário da sua morte

Uma das figuras mais importantes da vida política turca, Alparslan Turkes, foi relembrada no 21º aniversário do seu falecimento com várias atividades, nas quais participaram o presidente da República da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. No programa desta semana, vamos analisar as opiniões de Alparslan Turkes sobre a política externa da Turquia e os seus reflexos até aos nossos dias, num estudo do Dr Cemil Dogaç Ipek.

É importante investigar os exemplos passados da política externa turca, para poder perceber a política externa atual que a República da Turquia segue no momento presente. Neste sentido, e para podermos perceber a situação atual, será benéfico investigar as opiniões de Alparslan Turkes sobre a política externa turca, tanto para orientar a política externa atual do país, como para orientar a sua política interna. Alparslan Turkes estudou as mudanças e as influências na região da Eurásia.

Turkes nasceu em 1 917 em Nicósia, no Chipre. Em 1 933 emigrou para a Turquia juntamente com a sua família. A discussão sobre as opiniões vividas durante o processo de transição do império para a República, ou seja, a passagem para o atual estado turco, bem como as suas opiniões sobre o nacionalismo discutidas neste contexto, foram importantes para definir as opiniões do fundador da República da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk, e estiveram na base da criação do Partido da Ação Nacionalista, fundado por Alparslan Turkes.

Neste contexto, foi significativo o discurso de Turkes por ocasião do 50º aniversário do falecimento de Ziya Gokalp, conhecido como o “pai das opiniões” por parte de Ataturk, o fundador da Turquia. Turkes, disse nesse seu discurso que “o nosso caminho é um caminho que leva a força de Ziya Gokalp. É claro que os dias que vivemos nos trouxeram novas condições. E segundo estas novas condições haverá algumas mudanças de princípios. Mas não se mudou a base principal: os princípios de “ser turco, ser muçulmano e modernizar”, são as bases que continuam a suportar a nossa ideologia”.

Turkes definiu a política externa como a organização e a manutenção das relações de um estado com os outros estados, por forma a garantir vantagens para o país. Segundo Turkes, a geopolítica é um fator importante na determinação da política externa. Ele colocou em primeiro plano os estados que estão na mesma região e geografia.

Segundo Turkes, o primeiro elemento que determina a política externa, são os objetivos nacionais. E à cabeça destes objetivos nacionais, estão a liberdade do estado e a integridade territorial. Ao longo da história, as nações sempre trabalharam para criar uma estrutura política mais forte, uma ordem militar mais bem equipada e mais bem estar. Por este motivo, o segundo objetivo da política externa será contribuir para alcançar estes objetivos.

A política externa e a política interna dão força e influenciam-se uma à outra. Segundo Turkes, se um estado não for coeso, consciente e não houver bem estar, a sua política externa será fraca. Da mesma forma, se a situação interna for boa e forte, a política externa será eficaz.

Turkes dava grande importância à ONU, na questão da libertação das nações oprimidas e no seu papel sobre o bem estar das sociedades que vivem depressões económicas, para além do papel da ONU para garantir a paz no mundo. Mas segundo Turkes, a ONU não pode cumprir a sua missão, pelo facto de alguns dos países que a compõem terem um estatuto privilegiado em relação aos outros. E é aqui que vemos que tanto Alparslan Turkes como o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, têm o mesmo ponto de vista sobre a ONU, e ambos orientam as suas críticas contra a estrutura injusta do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Erdogan resume esta situação através de um postulado que leva à agenda internacional, dizendo que “o mundo é maior que cinco”.

Em 1 991 concretizaram-se as previsões que Ataturk tinham feito em 1 933, e que Alparslan também repetiu em 1 944, sobre a dissolução da União Soviética. A história deu razão a estes dois líderes. Foi desta forma que Turkes explicou as relações da Turquia com as repúblicas turcas, que se tornaram independentes após a desintegração da União Soviética: “A abordagem entre as sociedades turcas nunca terá como objetivo prejudicar ou atacar os outros. O objetivo da solidariedade e da colaboração que se pretende implementar, é garantir o bem estar e a felicidade em paz no mundo. Não importa onde estejam os turcos, apenas queremos estar em colaboração próxima de amizade, boas intenções e paz com as outras sociedades junto às quais vivemos, e viver juntamente com os nossos vizinhos de outras nacionalidades”.

O ponto a que chegámos atualmente na política externa, é um dos meios de interação mais importantes dos estados. Um estado com nações que vivem na mesma região e com sociedades que têm uma cultura comum, une-se através dos meios da política externa. Se resumirmos este assunto no contexto das opiniões de Alparslan Turkes, quando o estado define as suas políticas, deve antes de mais usar todas as oportunidades existentes para não colocar em perigo a sua independência e a sua integridade territorial. Neste sentido, o governo da República da Turquia deve, ao formular a sua política externa, definir primeiro quais os interesses nacionais e mover-se nessa direção. Quando se desenvolve a política externa, é preciso analisar bem o estado em que se encontra a Turquia, e agir de acordo com esta análise.

Alparslan Turkes serviu sempre a nação turca e o mundo turco até à sua morte. A luta determinada de Turkes, é um bom e importante exemplo de dedicação de vida ao seu país e à sua nação. Hoje, a República da Turquia, sob a liderança de Recep Tayyip Erdogan, protege a herança deixada por Ataturk e por Turkes, servindo a nação turca, o mundo turco e a humanidade.

Esta foi a opinião sobre este assunto do Dr Cemil Dogaç Ipek, catedrático do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Ancara



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