A última contagem decrescente

Enquanto a UE ostenta a sua multiculturalidade, depois de fechar furiosamente as suas portas à Turquia, enfrentou um rápido declínio político.

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A última contagem decrescente

É uma das frases que deixou uma profunda marca na minha vida: “a última contagem decrescente”. Eram os anos em que começava a nossa juventude, e claro, a última contagem decrescente era o nome da canção que passava nas rádios, nas lojas de discos e nos carros. Apesar de ser uma canção em estilo Hard Rock, a letra era bastante impactante e fazia-nos pensar um pouco.

Esta canção do grupo musical sueco Europe, falava sobre morte, separação e sobre o nihilismo da vida mundial, ao contrário do “rock” rebelde. Convidava à tranquilidade profunda e à reflexão. Não apenas sobre a morte, a separação e a destruição da vida, mas também sobre o “nihilismo”.

Sendo uma pessoa que teve tanto uma educação secular como religiosa, esta canção tocou-me bastante. Teve uma séria influência na formação das minhas opiniões e perspetiva sobre a vida e os acontecimentos.

A educação transmitida nos livros sobre o misticismo do islão, uma rebelião romântica na letra desta canção, era contada em forma de grito. A última contagem decrescente. A última contagem na despedida às coisas que fazem parte da vida… Depois das eleições em Itália, esta canção, talvez 20 anos depois, voltou a surgir-me na cabeça. Faz tão bem o resumo do triste drama que se abateu sobre a UE juntamente com estas eleições.

A Europa, na verdade fez a sua última contagem decrescente quase aceitou a Autoridade Greco Cipriota na União. Porque a UE violou abertamente os princípios da união e as regras escritas. Segundo as regras da EU, as regiões problemáticas não podem ser integradas na UE. E a ilha de Chipre é uma região problemática desde a década de 1 960, devido aos massacres feitos pelos racistas gregos contra os turcos. O terrorista Nikos Samson e o arcebispo Makarios de Chipre, transformaram o país num banho de sangue, matando todos os dias dezenas de turcos sem discriminar a crianças, mulheres, idosos, doentes e civis. O estado da República da Turquia, tal como definido nos tratados internacionais, realizou uma operação militar para impedir o massacre na ilha de Chipre, com origem no racismo grego. Naquele dia, os soldados turcos não agiram apenas em nome dos turco-cipriotas, mas também a favor do greco-cipriotas em nome da paz e da união. Os soldados foram recebidos com grande entusiasmo e carinho.

Depois da Turquia ter parado o massacre iniciado pelos greco-cipriotas e de ter impedido a limpeza étnica, criou-se uma situação de facto na ilha. Os turco-cipriotas fundaram o estado da República Turca do Chipre do Norte, e declararam a sua independência no ano de 1 983.

Os países da Europa não reconheceram o estado turco em Chipre. Anos mais tarde, foi criada a União Europeia. E comportando-se de forma desadequada aos princípios da sua própria fundação, a União Europeia admitiu em 2 004 os territórios de Chipre que estão sob ocupação greco-cipriota. Ao tomarem esta decisão, hipotecaram as política da UE em relação à Turquia às decisões do regime de ocupação greco-cipriota no sul de Chipre.

No processo a que se chegou, a UE adotou uma estratégia de crescimento baseada nas crenças da Europa nos seus próprios valores, difundidos pelo mundo. Deu atenção a manter sempre as portas fechadas à Turquia, que tem uma estrutura social mais forte, flexível e multicultural, e uma economia mais forte do que a da maioria dos países comunitários.

O processo de adesão que foi apresentado à Turquia, tem condições que não foram impostas a mais nenhum país. Não se conformando com isto, e juntamente com os presidentes rotativos alterados, foram sempre alteradas as relações, as negociações de adesão e o resultado dos capítulos relacionados com a adesão da Turquia à UE.

Enquanto a UE ostenta a sua multiculturalidade, depois de fechar furiosamente as suas portas à Turquia, enfrentou um rápido declínio político. Nem se leu o nome da influência da união sobre a política mundial. Por exemplo, na crise da Ucrânia, o líder russo ainda não respondeu às declarações, pedido e ameaças, nem levou a UE a sério.

Claro, a resistência da UE face à multiculturalidade, deu origem ao fortalecimento das correntes políticas discriminatória e racistas na região. Surgiu uma onda de nacionalismo parecida com a dos anos 30.

Não se considerou como um problema meter na gaveta, quando se fala dos interesses até da democracia que encabeça os juízos de valor originais da Europa. Por exemplo, tal como não demonstrou nenhuma reação contra o general Sissi – que derrubou com um golpe militar o presidente eleito Muhammed Morsi e matou milhares de egípcios – e colocou tapetes vermelhos sob os pés deste general ditador com mãos sangrentas, nas capitais da Europa desde o Reino Unido até ao continente europeu. Foi-lhe oferecido um protocolo estatal de primeira classe.

Ficaram em silêncio perante a intentona golpista do 15 de julho, levada a cabo pela Organização Terrorista Gulenista – uma organização terrorista internacional – contra o governo e contra o presidente eleito por mais de metade da população da Turquia. Perante a vitória do povo turco contra a intentona golpista e os golpistas, os países comunitários e as suas instituições que têm que ficar calados devido à vergonha, opuseram-se a que fossem pedidas contas aos golpistas assassinos no âmbito do direito internacional, por parte da Turquia. A UE, que deveria estar ao lado dos milhares de civis turcos mortos ou feridos em consequência dos aviões, helicópteros, tanques e franco-atiradores, optou por ficar do lado dos generais terroristas golpistas e assassinos da FETO.

E todo o mundo, sobretudo os países islâmicos, viram esta contradição. A carapaça da UE foi descoberta. E a maioria do povo turco, que queria desde há meio século fazer parte da união, agora já não quer integrar-se na UE.

Não apenas os turcos, mas sobretudo os italianos, os espanhóis, os holandeses e os cidadãos dos países comunitários cujas economias são desenvolvidas, querem sair da EU.

Durou muito pouco tempo a aventura da UE. Mas a partir da Magna Carta, os valores globais da Europa como a democracia, a liberdade, os direitos universais e os direitos e liberdades do indivíduo, esgotaram-se durante este processo tão curto. E agora a Europa não tem nenhum valor para oferecer ao mundo. A União Europeia entrou num processo de destruição irreversível, e não apenas de derrota. O que dizia o grupo rock dos meus anos de estudante? The final countdown. Ou seja, a última contagem decrescente.



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