As estrelas cintilantes da história da Turquia

A vida de Suleyman Shah – que desempenhou um papel muito importante na conquista da Anatólia duma ponta à outra – foi marcada pelo seu ramo anatoliano da família seljuque, e pelos inúmeros feitos memoráveis e originais, que podiam ser o objeto de uma epopeia. Isto porque os aspetos reais da sua personalidade espiritual desvendam uma grande curiosidade.

Suleyman Shah foi um grande conquistador muçulmano da Anatólia, tendo chegado até Istambul. Foi ele, que pela primeira vez, fez de Iznik uma capital. Até à sua morte em 1 086, ele trabalhou para assegurar a união política da Anatólia. E foi o que finalmente conseguiu em 10 anos, entre 1 075 e 1 086, estabelecendo desta forma os fundamentos sólidos do estado seljúcida na Turquia.

Durante a imigração e as excursões dos turcomenos em direção à Anatólia – um fenómeno recorrente – Suleyman Shah, o filho de Kutalmis e neto de Arslan Yabgu dos seljúcidas, lançou-se na conquista da Anatólia. Esta ação deu origem a importantes resultados, e o país que conhecemos com o nome de “País de Rum”, acabaria por se tornar na Turquia.

A chegada à Anatólia dos membros da dinastia seljúcida e dos filhos de Kutulmis – libertados depois do desaparecimento de Alp Arslan – mudou o destino da Anatólia.

Suleyman Shah e o seu irmão Mansur, fundaram o seu próprio bairro em redor de Kutahya. Na altura, essa região estava na fronteira ocidental do território, junto à fronteira bizantina.

Suleyman Shah e o seu irmão entraram em desacordo relativamente à linha de sucessão ao trono do estado, que acabaria por ser criado na Anatólia. A situação foi até ao ponto de Mansur  se encontrar com Alexis Comnenos I – para pedir a ajuda de Bizâncio. Perante esta situação, Suleyman Shah pediu a ajuda de Melik Shah.

Desta luta saiu vencedor Suleyman Shah, que subiu ao trono do Sultanato Seljúcida da Anatólia. O sultão Melik Shah enviou uma mensagem de felicitações ao conquistador da Anatólia, Suleyman Shah. O califato abássida atribuiu então o título de “Sultão” a Suleyman Shah, e enviou-lhe uma publicação, um kaftan e uma bandeira. Aquando desta nomeação, Suleyman Shah já possuía o título de “Gazi”, que significa veterano de guerra.

Suleyman Shah tirou proveito da situação interna de Bizâncio, onde Alexis Comnenos I era o primeiro soberano da família Comnenos. Ele tinha pedido a ajuda de Suleyman Shah contra os ataques normandos nos Balcãs, e o seu pedido de ajuda foi aceite. Suleyman Shah, que assegurou um período de paz de 10 anos com Bizâncio com o acordo de Dracon, dirigiu-se então para o oriente e planeou pôr um ponto final na desordem.

O juíz de Antakya, o bey arménio Philaretos, era o mais forte. Tendo em conta que os turcos ainda não dominavam completamente a Anatólia no plano político, e que Bizâncio havia perdido a sua força, os arménios criaram pequenos baronatos independentes por intermédio dos senhores feudais. Apesar de Philaretos ter anunciado a sua fidelidade a Suleyman Shah depois de se ter convertido ao islão, ele nunca confiou nele e por isso montou cerco a Antakya, conquistando a cidade a pedido do seu filho e do seu povo. Esta conquista também agradou ao grande sultão Melik Shah.

Sharaf al-Dawla Muslim era o soberano de Alepo e Tutus I governava sobre a Síria. Ambos decidiram unir forças contra Suleyman Shah, depois deste ter conquistado Antakya.

Desta vez, Suleyman Shah avançou em direção a Alepo, tendo como objetivo passar a cidade para o seu controlo. Ele venceu o soberano da cidade de Alepo, Sharaf al-Dawla, conduzindo à sua morte. Mas apesar disto, não foi capaz de tomar a cidade de Alepo em 1 085. Mas nesse mesmo ano, Suleyman Shah conquistou Maras.

Tutus I – o soberano da Síria e filho do tio de Suleyman Shah – realizou uma ofensiva contra Suleyman Shah – o Conquistador da Anatólia, impulsionado por Artuk Bey que estava a seu lado. Suleyman Shah, que estava sob cerco em Alepo, opôs-se a Tutus I, que acabaria por levantar o cerco à cidade. Com a ajuda de Artuk Bey, o exército de Suleyman Shah acabou por se dispersar durante a batalha, que teve lugar perto de Ain Saylam. Segundo uma das versões do que se passou nesse dia, ele caiu mártir depois de ser atingido por inúmeras flechas durante a batalha. Outra versão diz que ele próprio se suicidou.

Ao passear pelo campo de batalha, Tutus I reconheceu os restos mortais de Suleyman Shah, e foi ele mesmo quem conduziu o serviço funerário, exprimindo a sua tristeza.

Depois de tomar conhecimento da morte de Suleyman Shah, o sultão do Grande Estado Seljúcida – Melik Shah – lançou ele mesmo uma ofensiva sobre Tutus I, que não queria entrar em guerra com o seu irmão. Tutus I decidiu então dirigir-se para Damasco. Melik Shah levou o filho de Suleyman Shah para Isfahan e nomeou novos governadores na Síria.

Depois da morte de Melik Shah, Kiliç Arslan I – o filho de Suleyman Shah que estava em Isfahan – chegou a Iznik. O povo acolheu-o com grande alegria. E foi assim, que em 1 092, ele se tornou no segundo sultão dos seljuques da Turquia.