Gana, o país do qual a Europa contava histórias da “Costa do Ouro”

Em meados do século 20, tornou-se impossível continuar a explorar o país como antes. O Gana foi o primeiro país de raça negra a declarar a sua independência na África do Sul.

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Gana, o país do qual a Europa contava histórias da “Costa do Ouro”

O mundo explorou o Gana durante séculos, chamando-lhe a “Costa de Ouro”. A Turquia fez sorrir as crianças surdas-mudas num orfanato no Gana.

Já a seguir, apresentamos um trabalho preparado pelo responsável de imprensa do Crescente Vermelho Turco, Selahattin Bostan, sobre a curta história do Gana e sobre a aproximação da Turquia a este país.

A África, apesar de ser formada por diferentes países e grupos étnicos, tem uma memória comum. Ao contrário do que se passa noutros continentes, em África tanto a tristeza como a felicidade estendem-se muito rapidamente a todo o continente. Quando são tomadas em conta as opiniões ocidentais, fica pergunta: “Não serão todas as pessoas de raça negra, africanas?”. Nós, os “ocidentais” e os países mais desenvolvidos, consideramos muitas vezes desnecessário abordar a questão da discriminação entre africanos. Para nós, eles serão sempre iguais.

Eu recordo-me da nossa conversa no passado com o governador de Darfur, debaixo da sombra de uma das árvores raramente vistas na zona de Darfur, no Sudão. A conversa aconteceu durante a tarde, durante um dia quente. O grupo do qual eu fazia parte, perguntou ao governador de Darfur: “No seu país há tantos recursos no subsolo, há petróleo. Se estes recursos forem explorados, não terão os problemas que estão a viver agora”.

A resposta do governador refletiu a memória comum de África. O governador disse: “se estes recursos começarem a ser explorados, à nossa pobreza vai também juntar-se a guerra civil. Agora, somos só nós a ser pobres, mas se esses recursos forem explorados , seremos obrigados a lutar contra os nossos irmãos”.

Tudo o que disse o governador de Darfur acabou por acontecer. Com a chegada dos países desenvolvidos, os olhos fixaram-se nas minas de Darfur. E a seguir veio uma longa guerra e o Darfur acabou por se separar do Sudão.

O primeiro império criado em África por africanos teve a sua sede no Gana. A vida neste território seguiu em paz com as tradições do passado, e com a população a ser organizada em tribos. Esta situação viria a alterar-se depois do primeiro contato com os europeus. Os primeiros europeus a chegar às costas do Gana foram os portugueses, tendo mais tarde vindo outros estados colonialistas da Europa. Foram dadas armas aos habitantes locais em troca de ouro.

O Gana é um dos países com mais recursos de ouro em todo o mundo. Os ingleses chamaram ao Gana a “Costa do Ouro”. Foi por este nome que o país foi conhecido durante muito tempo no Ocidente. O Gana é um país coberto por selvas e com clima chuvoso, e tem terras adequadas à produção agrícola. As suas minas têm também vindo a ser exploradas desde há séculos.

Em meados do século XX, deixou no entanto de ser possível explorar o país como até então. O Gana foi o primeiro país de raça negra a declarar a sua independência na África do Sul. Mas nem assim os colonizadores deixaram o Gana em paz. Depois de declarar a sua independência nos anos 50, a quase cada 5 anos deu-se um golpe militar. A estabilidade no Gana só foi alcançada por volta do ano 2 000. Hoje em dia, vivem no país quase 25 milhões de habitantes. A economia tem-se vindo a desenvolver um pouco a cada ano que passa, mas o rendimento per capita é ainda muito baixo, ao nível de 1 500 dólares anuais. As necessidades básicas como a saúde e a educação, são mantidas com recurso à ajuda dada por instituições internacionais.

A mortalidade infantil no Gana é ainda muito alta. A malária é uma doença que continua a ceifar muitas vidas e há também doenças permanentes nas crianças. As instituições internacionais de ajuda, começam por criar as suas próprias instalações que mais parecem cidadelas financiadas por dinheiro que devia ser usado para ajudar. E a seguir é contratado o pessoal para garantir a segurança dessa cidadela. São também comprados os terrenos à volta do caminho até à cidadela, e só o dinheiro que sobra é que é efetivamente gasto para ajudar os africanos.

E é aqui que entra em ação o conceito de “ajuda do tipo turco”, que também faz parte do léxico de ajuda mundial. As instituições oficiais de ajuda da Turquia, bem como as organizações não governamentais turcas, não fazem os gastos luxuosos desnecessário que mencionámos há pouco. Nos países para onde se deslocam, as entidades turcas misturam-se com o povo e usam os mesmos carros usados pelo povo.

Na sequência do interesse fora de tempo da Turquia em relação a África, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, a sua esposa Emine Erdogan e um grupo de homens de negócios, fizeram negociações mútuas. A esposa do nosso presidente, Emine Erdogan, visitou um orfanato. Este orfanato ostentava as marcas do colonialismo ao longo dos séculos. Mas este orfanato tinha uma característica distinta: nesta instituição vivem 80 crianças surdas-mudas de idades compreendidas entre os 4 e os 12 anos. As crianças surdas-mudas, animadas por música, dançaram para os seus hóspedes e para Emine Erdogan. O que lhes abriu as portas da dança foi uma instituição de ajuda turca, a Agência Turca de Cooperação e Desenvolvimento Internacional (TIKA), que se deslocou até ao Gana e encontrou este orfanato.

Para estas 80 crianças, a TIKA trouxe aparelhos de telecomunicação para surdos que não eram muito caros. Algumas destas crianças, puderam assim começar a ouvir e a falar. Para a maioria dos outros, também passou a haver esta oportunidade. A TIKA fez com que todas as crianças tivessem acesso a controlos médicos e deu início à pesquisa dos aparelhos adequados a cada uma destas crianças. Emine Erdogan vincou a sua esperança sobre o futuro do Gana: “Tenho a convicção absoluta de que o Gana, se gerir adequadamente os seus recursos, e tendo em conta a sua população jovem e rico potencial, poderá renascer das cinzas”.

O Gana, tal como o nosso país, tem nos genes a cultura profunda de um império. Apesar de terem “caído” durante algum tempo devido à presença colonialista, os genes ganeses estão de novo a ganhar força. Basta que uma mão amiga os apoie. Esta mão amiga é a mão da Turquia, que também cuidará das crianças surdas. Da mesma forma que o faz em todo o mundo, também no Gana a Turquia está a semear as sementes da irmandade.

Este programa foi escrito por Selahattin Bostan, o encarregado de imprensa do Crescente Vermelho Turco, sobre os trabalhos de ajuda que a Turquia fez para que as crianças surdas possam de novo voltar a ouvir.



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