A Nova Visão da Turquia

Se a Turquia tiver a intenção de regressar à sua história, ela deve construir uma identidade nas suas cidades.

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A Nova Visão da Turquia

(Transcrição do programa de rádio)

Olá caros ouvintes da Rádio TRT Voz Turquia, sejam bem-vindos a mais uma edição do programa A Nova Visão da Turquia.

A relação entre o homem e o espaço, compreende um sentido muito profundo. Esta relação é ao mesmo tempo romântica e mística. É uma relação romântica porque o homem sonha sempre de forma nostalgica com o paraíso. Segundo a tradição, o primeiro pensamento urbano do homem tem origem nesta relação. O pensamento urbano começa pelo rito funerário que apareceu depois das lutas fraticidas na mitologia e nos textos sagrados. O edifício erguido depois do enterro do seu irmão, significa a primeira experiência do homem.

A relação histórica do edifício ou do espaço com as atitudes humanas, a nossa identidade e a nossa cultura, resultam também desta experiência. Nos nossos dias, todas as bacias culturais têm a sua própria identidade urbana. Mas a modernização e a uniformidade, afetam cada vez a identidade das cidades. As cidades modernas passaram a ser apenas espaços de alojamento, que se parecem uns aos outros em todo o mundo. A partir da ideia segundo a qual as cidades não representavam apenas “refúgios”, verificamos que a relação entre a cidade e a identidade está baseada em duas noções: o romantismo e a metafísica.

Se as cidades não tiverem a sua própria mitologia ou a sua história específica, elas não terão uma identidade distintiva. A este respeito, é necessária a construção de uma história para dar sentido às cidades. Doutra forma, as pessoas perdem a sua identidade.

Nos nossos dias, vemos claramente que as nossas cidades estão a perder a sua identidade. Se quisermos dar-lhes uma identidade, devemos acima de tudo estar conscientes da nossa própria história. Os heróis da nossa história podem fundar cidades adequadas a nós.

Se a Turquia tiver a intenção de regressar à sua história, ela deve construir uma identidade à volta das suas cidades. A palavra “kevn” significa “espaço” em árabe. Esta palavra significa também “existir”, “produzir”, “tornar-se” e “ser permanente”.

Cada pensamento, cada ideologia e cada religião, estudam e imaginam o espaço de formas diferentes. Estas imaginações determinam diretamente a relação entre o homem e o espaço, como um outro elemento dos nossos esforços e inquietudes. A destruição dos principais edifícios que formam a identidade das cidades, por parte do “Comité da Arquitetura Nacional” – uma situação que foi posta em prática durante os primeiros anos da República da Turquia – causou importantes estragos.

A noção da arquitetura moderna, sobre a qual tomamos como exemplo o início da era republicana, apenas olha para as cidades como locais de abrigo e alojamento. A Nova Turquia deve determinar uma nova visão, e sobretudo uma nova estratégia no domínio da urbanização. É preciso que a Turquia passe a ter uma identidade urbana. Não podemos esquecer que a cidade significa também uma forma social e política, que coloca em evidência a necessidade de uma organização moderna.

Quando nos instalamos num local - seja para fundar uma aldeia, seja para construir uma casa – a decisão precisa de ser bem pensada e ponderada. Isto porque por detrás destas decisões, é a própria existência humana que está em causa. O alojamento não é nem um objeto nem uma máquina, mas sim uma cópia da criação do universo. A modernidade no domínio da urbanização, equivale à construção da identidade que entretanto perdemos. Neste contexto, as cidades tinham uma identidade e figuram entre os parâmetros fundamentais da Nova Turquia. É imperativo regressar às nossas raízes históricas, para construir cidades com a sua identidade própria.

O nosso programa de hoje fica por aqui, esperamos que tenha gostado de estar na nossa companhia. A Nova Visão da Turquia volta na próxima semana, depedimo-nos com amizade até ao próximo programa. Até lá, fique bem.



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