Intervenção russa na Síria mina solução política
Intervenção russa na Síria é destinada a minar solução política para o conflito, diz chefe do Conselho Nacional Sírio à Agência Anadolu.
George Sabra, chefe do Conselho Nacional Sírio, que se opõe ao regime sírio do presidente Bashar al-Assad, diz que a intervenção russa no país devastado pela guerra visa minar uma solução política para o conflito que dura anos.
"A sessão 70 da Assembleia Geral da ONU, agora em andamento em Nova York, está sendo realizada sob a sombra da intervenção russa na Síria, incluindo o envio de tropas russas por terra", disse Sabra em declarações exclusivas à Agência Anadolu.
"Mas é também um contra-ataque político destinado a minar uma solução política para o conflito com base na declaração de Genebra 1, de Junho de 2012", acrescentou.
Na quarta-feira, aviões de guerra russos atacaram alvos dentro da Síria pela primeira vez. De acordo com um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, os ataques tinham como alvo posições detidas pelo grupo militante Daesh.
No entanto, de acordo com Sabra, esta semana, o ataque russo na Síria não estava destinado a degradar capacidades militares do Daesh, mas "sustentar o regime sírio e descarrilar a perspectiva de uma solução política que não inclui Assad".
Sabra continuou a exortar os participantes na sessão de Assembleia Geral da ONU em curso a tomar uma posição contra a intervenção militar russa na Síria por "construir uma solução política com base na declaração de Genebra 1 de 2012."
Eixo Rússia-Síria
Quanto às razões por trás da estreita aliança de Moscou com Damasco, Sabra disse que esta foi baseada em fatores nacionais, regionais e internacionais.
No nível nacional, Sabra disse que a Rússia possui laços históricos com o povo sírio.
"Mais de 35.000 sírios se formaram em universidades russas", observou ele. "E houve uma relação militar substancial entre os dois países durante o período de conflito com Israel."
"Há também a questão do petróleo sírio - tanto em território sírio e nas suas águas territoriais - que as empresas russas tem interesse", disse Sabra.
No nível regional, por sua vez, de acordo com Sabra, "O Irã agora controla grandes porções do território sírio, e a Rússia não quer deixar tudo para o Irã"
"A este respeito, a Rússia decidiu intervir com mais força a fim de ter a sua fatia do bolo sírio", disse ele.
Nova Guerra Fria
Finalmente, a nível internacional, Sabra acredita que o conflito na Síria também está em grande parte relacionado ao conflito em curso da Rússia com o Ocidente.
"A intervenção russa na Síria também deve ser vista à luz dos recentes acontecimentos na Ucrânia, o que levou à imposição de sanções ocidentais - e um boicote econômico - sobre a Rússia", explicou.
Sabra acrescentou: "Isto está relacionado com velhas ambições da era soviética, que o Presidente Putin parece querer reviver, de fazer seu país uma superpotência novamente; uma força a ser reconhecida em todos os assuntos da região. "