Perito fala sobre como reavivar línguas extintas

Cerca de 200 idiomas foram descobertos graças às placas cuneiformes da antiga região da Assiria, segundo Veysel Donbaz.

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Perito fala sobre como reavivar línguas extintas

Veysel Donbaz dedicou mais de meio século da sua vida a descobrir a história, cultura e linguagem com mais de 5 mil anos, das antigas civilizações da Mesopotâmia.

Numa entrevista exclusiva à Agência Anadolu, o professor sublinhou a importância das antigas línguas e das placas de argila, onde foram escritas palavras em sumério, acádio e hitita; todos idiomas que se falaram na região que corresponde hoje à Turquia e ao Médio Oriente.

 

O que é uma língua extinta?

Veysel Donbaz: As línguas extintas são aquelas que deixaram de ser usadas e que apenas ficaram registadas em traduções antigas. Uma fonte escrita é obrigatória para definir uma língua como extinta.

Ninguém consegue falar essas línguas, e por isso são consideradas línguas extintas. Quem pode confirmar as traduções que estamos a falar dessas línguas? Não há ninguém desse período histórico. Mas podemos tentar traduzir, quando encontramos certas expressões semelhantes que se repetem.

Muitos países à volta da Turquia usam alfabetos diferentes do latino. Países como o Irão, Síria, Afeganistão, Paquistão, Rússia, Bulgária e Grécia. Todas as línguas europeias usam o alfabeto latino. Podemos dizer que se passou o mesmo com a escrita cuneiforme da história antiga.

 

Quais as raízes das antigas línguas da Mesopotâmia?

Durante a época antiga, o sumério e o acádio eram as línguas de uso comum entre as civilizações da Mesopotâmia.

O idioma acádio, que pertence à família das línguas semítucas, tem dois dialetos muito importantes: o assírio e o babilónio.

Acádia era uma espécie de estado. Sargão de Acádia, uniu várias cidades estado e criou o império Acádia em 24 a.C., mas não substituiu o sumério, mas traduziu os seus documentos para acádio.

 

Como são estudadas as antigas línguas da Turquia?

A Sociedade Histórica da Turquia foi criada em 1 931 sob as ordens de Mustafa Kemal Ataturk, o pai fundador e modernizador da atual Turquia. Desde então, foram criados 23 departamentos de idiomas durante o governo de Resit Galip, o ministro da educação que icluiu o hitita e os idiomas sumérios.

Na Turquia, existe um departamento de sumerologia na Faculdade de Línguas, História e Geografia da Universida de de Ancara. Na Turquia, apelidamos os peritos em idiomas hititas de “hititólogos”.

Não obstante, no estrangeiro, ambos os grupos são reconhecidos como “assiriólogos”. O campo da assiriologia inclui tanto as línguas sumérias como acádias. O assírio é um dialeto do idioma acádio. No estrangeiro, o idioma hitita é estudado em separado. Por este motivo, na Turquia seria melhor chamar a este estudo “sumeriologia”.

 

Quantas palavras do turco moderno são oriundas de línguas extintas?

Apesar de não parecer e de pouco acreditarem nisso, muitas palavras turcas que usamos atualmente, não vêm do árabe ou do persa, mas sim do acádio. O nome de 7 dos 12 meses do ano têm origem na Babilónia, só para dar um exemplo. Há mais de 100 palavras turcas com origem nas línguas assíria e babilónica, mas quase não existem palavras que permaneçam intactas em turco, exceto algumas que vieram das línguas sumérias.

Por exemplo, a palavra turca “ekalliyet” (minoria), tem origem nos dialetos da Assíria e da Babilónia, que usavam a palavra “egallum”.

Os nomes também têm significados. Quando alguém se torna pai, usa-se a palavra “iliddin”, que significa “Dado por Deus” (“allahverdi” em turco). Também a palavra “ilbani”, que vem de “ilum” (divindade), e que significa “fazer algo” ou também “Deus é o criador”. Na Turquia, usamos estas expressões com o mesmo significado.

Independentemente dos vestígios linguísticos dessa época, a forma como se medem as semanas e os meses, em 7 e 30 dias, é também o resultado das antigas civilizações da Mesopotâmia. No entanto, é impossível provar se os turcos são oriundos dos sumérios, ou se os sumérios eram turcos.



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